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Gessinger em CG e JP

publicado: 12/04/2024 09h14, última modificação: 12/04/2024 09h14
Músico gaúcho desfila sucessos da carreira solo e dos Engenheiros

por Esmejoano Lincol*

Ainda vale a pena pensar no lançamento de um álbum completo hoje em dia, considerando como a música é consumida na atualidade, de forma difusa e quase que exclusivamente pela internet? Para Humberto Gessinger, que chega à Paraíba neste fim de semana para duas apresentações em nosso estado, a resposta é “sim”. O artista toca hoje em Campina Grande, a partir das 21h, no Clube Campestre (bairro do Catolé); e amanhã em João Pessoa, também às 21h, no Clube Cabo Branco (bairro de Miramar). Os tickets estão disponíveis no site Ingresso Nacional, a partir de R$ 100.

Humberto Gessinger se diz influenciado por geração nordestina dos anos 1970 | Foto: Divulgação

Os shows a que os paraibanos poderão assistir estão dentro da turnê Quatro Cantos de um Mundo Redondo, que traz músicas do álbum homônimo lançado no ano passado nas plataformas digitais e em formatos físicos: vinil, CD e cassete – esta última mídia renasceu na última década e voltou a ser fabricada no Brasil em 2018. “Ainda penso que é legal agrupar um conjunto de canções que se relacionem, seja por semelhança ou contraste, na hora de lançar material novo. Que forma isso vai tomar, se é em cassete ou streaming, ou o que venha por aí, para mim é secundário”, explica Humberto.

O setlist das apresentações conta ainda outros sucessos de sua carreira solo e em parceria com sua antiga banda, Os Engenheiros do Hawaii. “Eu também comemoro os 35 anos do Alívio Imediato e os 25 anos de gravação do disco Tchau Radar! (ambos lançados com os Engenheiros entre as décadas de 1980 e 1990). Esses três trabalhos têm momentos especiais no show. Mas também rolam outros clássicos. Eu toco baixo, viola caipira, teclados e harmônica. Felipe Rotta toca guitarra e violão, e Rafa Bisogno, bateria e percussão”, detalha o músico.

Humberto está há pouco mais de uma década trabalhando exclusivamente em carreira solo, projetando continuar se apresentando em trio, com adição de mais um ou dois músicos, no futuro. Segundo ele mesmo, estar se dedicando a projetos individuais mudou a maneira de encarar a arte e a sua produção musical.

“Aumentou minha flexibilidade, o que é muito bom. Mas desde cedo eu sabia o que queria e o que podia fazer com música: escrever canções e juntar pessoas num formato interessante para levar este trabalho pro mundo. Sigo compondo de forma completamente livre, sem pensar no que vai acontecer com as músicas. Só depois é que entra a parte analítica, que tenta dar um formato interessante a tudo que surgiu espontaneamente”, explica Humberto.

Com 60 anos recém- completados, o músico nascido em Porto Alegre absorveu muito da cena local e da produção de outras regiões no momento em que constituía suas referências e seu gosto musical. “Havia os ‘cantautores’ urbanos em Porto Alegre há algumas décadas, que infelizmente não tiveram o devido espaço. A música tradicionalista gaúcha tinha coisas interessantes do ponto de vista instrumental, mas a poética era um pouco engessada num passado mítico. A geração nordestina dos 1970 também me influenciou muito além dos clássicos da MPB e do rock progressivo”, rememora.

Quando avalia o momento em que vivemos, recém-saídos de uma pandemia que ceifou muitas vidas e que paralisou muitas das atividades públicas por quase dois anos, Humberto considera que regredimos do ponto de vista social; o músico utilizou seu trabalho para expressar esse sentimento. “Estamos em uma escalada insana de egoísmo. Acho que particularmente gerada pelo medo que pessoas menos esclarecidas e menos generosas sentem em tempos voláteis. A música ‘Toxina’ fala um pouco sobre isso, assim como ‘Um brinde’ (as duas canções integram seu disco mais recente). Elas falam sobre ultrapassar estas tempestades sem perder a sanidade”, pontua Humberto.

Para o ano que vem, o artista projeta uma mini-turnê para celebrar os 20 anos do Acústico MTV dos Engenheiros do Hawaii. E para os leitores d’A União, Humberto revela ter firmado uma parceria com um velho conhecido nosso. “Sou muito fã do Chico César. Tive a felicidade de fazer uma música com ele no fim do ano passado que espero gravar em breve.”, finaliza o músico.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de abril de 2024.