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Gibiteca Henfil é opção cultural para amantes dos quadrinhos na PB

publicado: 29/05/2016 00h05, última modificação: 28/05/2016 09h20
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Acervo da Gibiteca conta com milhares de revistas em quadrinhos nacionais e internacionais, somando um total de quatro mil exemplares - Foto: Marcos Russo

tags: Gibiteca Henfil , Fundação José Lins do Rego , Funesc , Espaço Cultural , quadrinhos


Lucas Silva Especial para A União

Você conhece todos os espaços do Espaço Cultural José Lins do Rego? Sempre teve curiosidade, mas nunca teve tempo em frequentar constantemente o local para saber mais sobre suas atividades? Se você ainda possui esses e outros questionamentos em mente, o jornal A União lhe convida a embarcar na série de reportagens “Espaços do Espaço Cultural” durante os finais de semana para lhe mostrar que existe muito a se ver nos 48 mil metros quadrados que o espaço oferece. 

Recentemente restaurado e com a capacidade para comportar 15 mil pessoas, a Fundação José Lins do Rego ou popularmente conhecida na capital como Espaço Cultural, conta com uma vasta e grandiosa grade de atividades artísticas, sendo elas mais de 10 e todas permanentes como, por exemplo, dois teatros, cinema, galeria de arte, biblioteca pública, Gibiteca Henfil, planetário, auditórios, salas de apoio, mezaninos para exposições, rodas de capoeira e ainda um museu, o Museu José Lins do Rego, que conta com objetos pessoais e biblioteca do autor.

Para a presidente da Funesc, Márcia Lucena, o Espaço Cultural ultrapassa barreiras entre os estados com seus projetos, oficinas e demais atividades por ser uma casa que convida, instrui, acolhe e promove a formação de pessoas.

“Se formos parar para pensar, só a nossa biblioteca, que é um instrumento permanente, ultrapassa dois milhões de arquivos, então isso é importante para a formação, integração e interação das pessoas. Além dela, existem também outras opções de formação como as oficinas e cursos que vêm para transformar as pessoas com as diversas expressões culturais que temos em nossa cidade e em nosso espaço”, descreveu a presidente da Funesc, Márcia Lucena, sobre a importância do local para a população paraibana.

Gibiteca Henfil

Desse modo, para dar início ao nosso tour e série comecemos pela “Gibiteca Henfil”. Dando, literalmente, seu primeiro choro de recém-nascido em 1990, a Gibiteca Henfil surgiu com o projeto de extensão da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), coordenado por Henrique Magalhães e permaneceu no Espaço Cultural até os anos 2000. 

Logo após, mudou-se para o Curso de Comunicação Social da UFPB, depois para o Mestrado em Comunicação, onde ficou restrita à pesquisa acadêmica. Depois de algum tempo, a sua volta ao Espaço, marcada pela sua reabertura no dia 14 de agosto de 2015, teve como marca fazer o inventário e a conservação do acervo, bem como torná-la mais uma vez acessível a todos os amantes dos quadrinhos. Hoje em dia, o projeto tem como coordenadora Thaïs Gualberto.

Atualmente, seu acervo conta com milhares de revistas em quadrinhos nacionais e internacionais e com centenas de fanzines, coleções completas da década de 1980 e outros mais antigos somando um total de quatro mil exemplares. Uma curiosidade do local é que, os interessados em doar quadrinhos em bom estado e expor suas obras autorais são bem vindos. Seu horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira das 8h às 12h, e no período da tarde das 14h às 18h. A entrada é gratuita.

Coordenadora do gibiteca, Thaïs Gualberto participa de evento junto ao ex-coordenador Henrique Magalhães“Por ser um espaço extremamente importante para a população paraibana, a gibiteca além de divulgar artistas desconhecidos, faz com que as pessoas conheçam mais sobre o universo dos HQ’s. Por outro lado ela incentiva a leitura dos quadrinhos nas crianças e adultos que vêm até o local. Na década de 90 as pessoas liam bastante, mas hoje em dia essa leitura diminuiu. Então, o nosso espaço ajuda justamente na divulgação e formação de muitas pessoas”, contou em detalhes sobre a importância do local, a coordenadora do projeto, Thaïs Gualberto.

Com o crescimento das histórias em quadrinhos, a Paraíba vem se destacando, ainda que timidamente, com algumas produções autorais e uma das formas de incentivar essa produção é através do “Espaço HQ” e demais eventos que a Gibiteca Henfil promove durante o ano.

O projeto Espaço HQ, que foi desenvolvido pela Funesc, realiza regularmente atividades voltadas a esse segmento de produção, como oficinas, laboratórios, discussões, palestras e vivência entre profissionais e amadores da área.

O objetivo é elucidar aspectos sobre a produção de histórias em quadrinhos, bem como disponibilizar um espaço de interação entre fãs de HQ, aproveitando o momento para movimentar a Gibiteca Henfil e possibilitar o acesso à parcela do público que não pode frequentá-la durante a semana.

“Nos últimos anos a produção vem crescendo, mas ela é ainda muito pouca se comparada com os outros Estados. Entretanto, é possível ver um crescimento em nosso Estado, em especial, e isso é bom porque demonstra maior interesse das pessoas envolvidas”, comentou a coordenadora da gibiteca Thaïs Gualberto.

Dando início a sua temporada 2016, no mês de março, o projeto se estende até dezembro, com uma nova edição a cada dois meses. A atividade deste mês tem como objetivo apresentar o trabalho de quadrinistas da região ao público, bem como discutir as discriminações de gênero a partir da arte, e mostrar as dificuldades que quadrinistas enfrentam ao fugir dos estereótipos.

A ideia é reunir interessados no tema para um momento de interação, além de convidá-los a frequentar as atividades de HQ da Funesc, que tem fornecido espaço para a divulgação e comercialização do trabalho autoral de quadrinistas locais.

A primeira ação do projeto ocorreu em outubro de 2014 com o Laboratório de Quadrinhos, ministrado por Thaïs Gualberto. Desde então, novas edições aconteceram regularmente, passando a fazer parte da agenda permanente da Funesc.

Outra novidade para essa temporada 2016 é a realização do evento “Quadrinhos intuados” para o mês de agosto. Na visão do antigo ex-coordenador da Gibiteca Henrique Magalhães, a riqueza da programação dos 'Quadrinhos intuados' mostra uma mudança substancial do Espaço Cultural em relação aos quadrinhos. Se na década de 1990 houve o apoio, ainda que precário, à instalação da Gibiteca Henfil, faltava à instituição maior da cultura no Estado um olhar mais producente em relação a essa arte.

“Outro ponto muito positivo nos 'Quadrinhos intuados' é o foco na produção independente, abrindo espaço para a difusão e a reflexão sobre os trabalhos mais inovadores que se tem produzido no País e menos comprometidos com o mercado. Este pode ser o primeiro passo para a criação de uma política permanente de estímulo à produção e edição de quadrinhos no Estado”, ressaltou o ex-coordenador do projeto Henrique Magalhães.

Portanto, é visível que entre tantos espaços que a Fundação Espaço Cultural oferece, a Gibiteca Henfil é uma opção de lazer para o público infantil e adulto que pretende mergulhar nos anos, desde a década de 80 até a contemporaneidade, por meio de histórias preto e branco e coloridas.