Notícias

Glaucia Lima representa a voz e a arte da mulher paraibana

publicado: 03/09/2017 00h05, última modificação: 02/09/2017 06h28
Gláucia 2.jpg

Gláucia Lima pertence a uma família musical, sua mãe adora cantar e os seus filhos fazem shows juntos com ela - Foto: Divulgação

tags: música , glaucia lima


Leonardo Andrade
Especial para A União

“Eu canto, não desagradando o povo está bom!,” disse sorrindo uma das cantoras mais consagradas da região, pé no chão e com uma humildade e desempenho surpreendente nos palcos ela arrepia a plateia, essa é Glaucia Lima, uma paraibana ‘arretada’ que usa da arte de encantar e impressionar através de uma voz forte e marcante, mas foi na Igreja Católica no ano de 1982 que tudo começou. “Eu já cantava muito em casa e ia às missas de vez e quando, por gostar bastante da parte musical e ver o povo cantando, quando me deparei já estava no altar ministrando na Igreja, eu sempre gostei de ouvir música brasileira, nas radiolas ouvia bastante Luiz Gonzaga e Chico Buarque e amava ver e ouvir minha avó soltando a voz e dançando coco, fui me apaixonando”. Destacou em entrevista para o jornal A União.

Formada em Serviço Social em 1986, Glaucia que trabalhou algumas vezes como assistente social, deixou sua profissão para cuidar mais dos filhos, que hoje fazem parte do seu show. Considerada uma das personalidades mais originais da música paraibana, e a única artista da America Latina a participar do Festival Du Sahel no deserto da África, a pessoense iniciou a sua trajetória nos palcos em 1997, já com composições de artistas paraibanos no projeto ‘Cantoras do Povo’, no Teatro Lima Penante, em João Pessoa.

A artista também revelou que quase desiste dos palcos por conta da tensão durante a produção. “Quando comecei a cantar eu nunca tive pretensão de nada, nem pensava em seguir carreira artística, como eu vim da Igreja que era bem mais tranquilo, outra vibe, tive uma impressão negativa dos palcos, fiz o primeiro show que me desgastei por ter que produzir tudo, achei tão tenso esse processo que pensei em desistir, mas os novos compositores que iriam surgindo e com os processos de arte e música da comunidade que foram crescendo e me incentivando a continuar, fui me acalmando e alimentando meu espírito e meu corpo com novas ideias”. Adiante, Gláucia Lima confidenciou. “Não tinha pretensão nenhuma nem de gravar CDs muito menos DVD, eu queria cantar e pronto, nunca quis ser estrela, a minha história na música é registrar”. Além de lançar dois CDs em 2005 no Centro Cultural de Mangabeira, valorizando as obras dos compositores e poetas paraibanos, Glaucia gravou em 2008 o seu primeiro DVD intitulado Zanzar, que foi lançado em 2013. Ainda no mesmo ano a compositora foi convidada a participar do grupo coletivo Berimbaobab onde fez uma turnê na África.

A paraibana também falou sobre a relação familiar e a negritude. “Minha família é muito misturada, eu sou negra e o povo africano tem um jeito peculiar, atraente, único e contagiante, de um lado a pobreza, mas que se esconde um pouco por traz da cultura maravilhosa que eles têm, seja na dança na música a arte é incrível, você sai de lá renovado, é emocionante”.
Em 2017, o projeto as Cambada veio trazendo as mulheres e suas energias dos ancestrais, e que Lima e outras cantoras paraibanas juntas fizeram um show de bastante sucesso, trabalhando com as atividades coletivas sempre valorizando os artistas da Paraíba, e trabalhando na área regional, além de usar sua voz como instrumento de mudança na vida das pessoas, ela visa que a arte é quem transforma o homem. “Gosto da arte que se dispõe a transformar o homem num ser livre e para isso acredito nos caminhos das ações coletivas. Esta é a minha bandeira”. Finalizou a intérprete.