'As Calungas' vão "derrubar" as paredes da Sala de Concertos Maestro José Siqueira, nesta sexta-feira (16), na Fundação Espaço Cultural Paraíba, em João Pessoa. A partir das 21h, o grupo mostrará sua força percussiva, dentro da programação do 'Projeto Cambada'. O ingresso custa R$ 10,00 (inteiro) e R$ 5,00 (meia-entrada). O batuque d’As Calungas terá participações especiais de Gláucia Lima, Nara Limeira, Maria Alice e Francinete Melo. “Bora ver se a estrutura da sala aguenta o som da gente. Vamos derrubar”, brincou Jinárla Pereira, integrante d’As Calungas. Ela contou que o repertório terá foco no coco, na ciranda e no maracatu. Ijexás também serão incluídos.
No palco, 12 percussionistas pretendem mostrar – conforme Jinárla – o poderio da mulher na cena musical paraibana. “É isso que a gente busca: fortalecer o cenário feminino e sua música autoral”, destacou ela. Desde 2012, 'As Calungas' realizam shows musicais e também oficinas abertas, além de projetos de estudo e produção científica. São duas linhas de pesquisa: universo feminino e percussão. “Mas ainda mais voltado para a parte musical”, enfatizou Jinárla.
A calunga Jinárla lamenta que ainda falte visibilidade na sociedade com relação às mulheres na música. “Precisamos apontar o protagonismo para as mulheres na percussão. Fizemos várias apresentações em março. E o Cambada encerra a turnê deste semestre”, finalizou. O grupo já animou diversos blocos em cidades da Paraíba, como o Bloco do Caju, Bloco das Anjinhas, Bloco Bicho de Pé (Cabedelo), o Bloco Pega na Biluca (Conde) e o Vai Tomar no Centro. Em cortejos e arrastos, as percussionistas mostram a força e a suavidade das calungas (bonecas de pano).
Participações especiais
Um show d’As Calungas já é bom motivo para sair de casa. Imagina só esse show com participações especiais de Gláucia Lima, Nara Limeira, Maria Alice e Francinete Melo. Excelentes motivos para tirar o pé do chão. Cada uma das convidadas vai cantar uma música com o grupo de batuque. Todas elas têm experiência anteriores com 'As Calungas' e ligação forte com os processos de empoderamento feminino. Não à toa Nara Limeira vai cantar uma música com temática feminista: ‘Respeito é bom’. Essa mesma canção foi interpretada por Nara durante o último Carnaval, juntamente com 'As Calungas'.
“Estou produzindo um clipe dessa música com a participação das Calungas”, contou Nara Limeira, que – em janeiro deste ano – participou da finalíssima do 'Festival de Música da Paraíba', conquistando o terceiro lugar. Integrante do Quarteto Avuô, Nara defendeu a música ‘Sopro da Loca’ (composição de Renato Oliveira). O quarteto é formado por Renato Oliveira, Renan Rezende, Nara Santos e Naldinho Braga.
A jovem cantora Maria Alice também terá participação no show de hoje. Ela cantará ‘Dança das Lanças’, de Cátia de França. Ela acredita na música como elemento do empoderamento das mulheres. “Estar no palco e à frente de um projeto já é o começo desse empoderamento. Estamos na luta através da arte também”. Já Gláucia Lima cantará ‘Leveza na alma’, uma música que ela já costuma cantar nos batuques. “Todo canto que eu vou pedem para cantar. É um maracatu. É a minha Amorério”, brincou Gláucia, em uma referência à canção mais pedida do cantor e compositor Adeildo Vieira.
Gláucia também encara o show como algo ‘além-música’. Para ela, a apresentação fortalece o protagonismo das mulheres. “É importante empoderar, isso em um caminho paralelo à matança desmedida das mulheres, que continuam sofrendo e são feridas diariamente”, lamentou ela.
Projeto
O Cambada foi lançado em janeiro de 2016, com a ideia inicial de se realizar uma temporada anualmente. Com o nome que faz referência ao coletivo de caranguejos, virou sucesso de público, e a frequência de shows passou a ser mensal. A proposta consiste em realizar uma série de shows onde artistas da terra ou radicados na Paraíba se apresentam com repertório construído com músicas de compositores paraibanos. Além da qualidade das atrações, outro atrativo do projeto é o preço popular, uma forma de estimular o público a consumir e apreciar os artistas locais.