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Grupo Graxa de Teatro inicia hoje temporada de ‘Travessia’

publicado: 12/04/2018 00h05, última modificação: 12/04/2018 08h22
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Peça que gira em torno de uma mulher perdida entre suas lembranças, conta com a colaboração de Joth Cavalcanti e Fabiano Diniz - Foto: Divulgação

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Guilherme Cabral

“Estamos com um pouco de ansiedade, pois será a primeira apresentação para o público em geral, mas a nossa expectativa é muito boa, porque a receptividade foi favorável nas apresentações que realizamos desde a estreia, em janeiro deste ano”. A confissão foi feita para o jornal A União pela atriz Kassandra Brandão, ao falar sobre o início da temporada do espetáculo intitulado Travessia, monólogo do Grupo Graxa de Teatro que ela - também autora do texto - encena nessa quinta-feira (12), a partir das 20h, no Teatro Lima Penante, localizado na cidade de João Pessoa. A peça ainda vai permanecer em cartaz nas próximas duas quintas-feiras, dias 19 e 26, no mesmo horário. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), com gratuidade para estudantes das redes Municipal e Estadual de Educação. A plateia é limitada em 60 lugares. 

Dirigido por Cely Farias, o espetáculo Travessia gira em torno de uma mulher perdida entre suas lembranças que revive, de forma poética, algumas situações que aconteceram em sua vida e tenta, de alguma maneira, fazer as pazes com o seu próprio passado, o qual é representado ora por objetos, ora por sons, ora por imagens. Com cada um desses elementos ela se relaciona diferentemente. No entanto, eles vão além da sua forma concreta, provocando um encadeamento de emoções e sentimentos, num processo cíclico de desconstrução e reconstrução, onde a personagem - bem como todas as mulheres que ela representa - se refaz, se reencontra e segue livre, sem amarras, sem culpas e sem dor.

“Quando tive a ideia de escrever esse texto, passei a sentir inquietações e comecei a buscar coisas minhas, da minha mãe e da minha avó, que são o fio condutor da trama. Travessia tem um discurso feminista, onde a personagem vai se desprendendo de coisas de sua vida, a exemplo de uma boneca, que, de alguma forma, a bloqueiam, que são simbólicos, que a tentam podar, para que, se desprendendo, possa seguir avançando na vida”, observou a atriz Kassandra Brandão, referindo-se ao monólogo, cuja dramaturgia tem a colaboração de Joht Cavalcanti, música composta por Matteo Chiacci e Felipe Lins e desenho de luz de Fabiano Diniz.

Com um viés performativo e intimista, a peça representa os primeiros passos de uma travessia que leva a protagonista a navegar pelos mares dos amores, mas também das dores, as quais atravessam as mais recônditas facetas da alma. Alinhado com a conjuntura contemporânea, onde a pauta sobre igualdade de gêneros está em alta, o espetáculo também busca fortalecer esse processo de empoderamento e libertação feminina, onde as condutas estabelecidas já não mais atendem à demanda por direitos e oportunidades iguais entre homens e mulheres e que, portanto, se faz necessário questionar as imposições há séculos impetradas por uma cultura patriarcal e machista. Nesse sentido, os elementos cênicos são mote para que a trama se desenvolva em constante interação com os objetos dispostos na circularidade do espaço, com os sons produzidos ao vivo que se sobrepõem em novas camadas de significados e até mesmo com o público, que não apenas se limita a ser espectador, mas partícipe da obra.

Fundado na cidade de João Pessoa em 2005, o Grupo Graxa de Teatro se destaca por realizar um trabalho cuja característica mais forte é a pesquisa, autoral, com foco na corporeidade do ator, na exploração do espaço e na experimentação de soluções criativas diante dos aspectos técnicos do espetáculo. Antes de ser apresentado ao público a partir de hoje, Travessia estreou no último mês de janeiro, no Teatro Santa Roza, na capital, dentro da programação do Circuito Cardume, realizado pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba. Antes, havia participado da Mostra Internacional de Artes Integradas (Marte), quando ainda estava em processo de montagem, no formato de cena curta. E, em março, foi encenado no Festival de Monólogos do Espaço Soul de Teatro, em Recife (PE), onde teve indicações de Melhor Atriz e Melhor Espetáculo. Naquele mesmo mês integrou a Mostra Matriz, que a Funesc promoveu na cidade de Belém (PB). E, no Dia Mundial do Teatro (27 de março), foi o espetáculo convidado pelo Núcleo de Teatro Universitário da Universidade Federal da Paraíba para celebrar a data no Teatro Lima Penante.