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Amanhã, banda independente paraibana exibirá o registro audiovisual que vai virar um álbum nas plataformas

Hazamat celebra 10 anos com apresentação virtual

publicado: 17/11/2021 08h42, última modificação: 17/11/2021 08h42
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Foto: Rafael Passos

tags: hazamat , musica da paraíba , paraíba , joão pessoa

por Joel Cavalcanti*

Há muito o que ser celebrado quando uma banda paraibana de rock independente completa uma década de criação produzindo e compondo, ainda que o marco já tenha sido ultrapassado e o momento da comemoração adiado em virtude da pandemia. É o que vai fazer o quarteto do Hazamat amanhã, às 21h, com o lançamento de um show especial gratuito no canal do YouTube da banda. Com músicas que representam a sua trajetória, o show Hazamat 10 Anos vai dar destaque para o rock mais pesado, sem abrir mão de pegadas pop e arranjos delicados. O registro vai virar em breve também um álbum nas plataformas digitais de música.

Depois de completar 11 anos em outubro, a ideia da gravação no estúdio Casa do Kaos, de João Pessoa, surgiu a partir de um projeto de dez shows ao vivo transmitidos pela internet, em formato acústico. Com o incentivo da Lei Aldir Blanc e a impossibilidade de se lançar na estrada, o grupo formado por Diogo Egypto (vocal, baixo e synths), Johnny Araújo (guitarra, vozes e synths), Pedro Guimarães (guitarra e vozes) e PF (bateria) realiza a apresentação para um público cativo dos amantes do rock.

Serão 13 faixas com as músicas autorais mais pedidas pelos fãs e que estão presentes nos dois álbuns gravados pelo Hazamat: o homônimo de 2011 e II, de 2015, além dos dois singles lançados em 2019: ‘Armação’ e ‘Lobos de Caim’. As letras costumam trazer conteúdos políticos e críticas sociais, frequentemente abordando personagens e situações do cotidiano. O setlist conta ainda com uma versão de ‘O último pau de arara’, canção interpretada por nomes como Gil, Bethânia e Fagner, que é de autoria do poeta paraibano José Palmeira Guimarães, pai do baterista do Hazamat.

“De certo modo, a ideia foi apresentar o show que faríamos em turnê agora num modelo ao vivo e plugados, representando a energia de tocar ‘na vera’, que talvez demonstre o modo como melhor nos vemos enquanto banda”, descreve o baterista PF. “Celebramos com esse especial nossa amizade, nossa coletividade, nosso afeto em tentar traduzir em letras e sons a possibilidade de continuarmos fazendo música juntos”, acrescenta.

O que se verá na apresentação comemorativa é uma sonoridade predominantemente intensa e pesada com muito hard rock, punk, pop e heavy metal, mas também abrindo espaço para referências da MPB, inclusive em suas vertentes mais regionais e nordestinas. “Desde o início, a gente nunca quis se prender a um determinado nicho do rock. As músicas da gente sempre têm guitarra distorcida, mesmo quando procuramos um espaço mais sutil e delicado, mas as músicas possuem um peso e vigor”, destaca Diogo Egypto, responsável pelo vocal e o baixo da banda. “Quem vê o show da gente ao vivo geralmente se lembra da banda por uma pegada mais forte e uma intensidade que temos na forma de compor e de tocar”.

Seguindo a mesma formação original de sua criação entre amigos do colégio, em 2010, Hazamat subiu pela primeira vez no palco com esse nome no Espaço Mundo, no Centro Histórico de João Pessoa. Os músicos já tocavam juntos antes com o nome Molestrike, entre 2004 e 2009, em outra proposta sonora e sem a figura de um vocalista principal. Desde então, o quarteto já atravessou diversos momentos e fases de apreciação do ritmo norte-americano, sem que o rock tenha se tornado dominante na cidade. “Manter uma banda unida por tanto tempo não é tarefa fácil. Ninguém vive só de música e todos os quatro têm outros trabalhos. Lançar esse show especial é um presente para nós mesmos por estar premiando essa teimosia de fazermos esse som por tanto tempo”, considera Egypto.

O grupo tem realizado em suas redes sociais uma retrospectiva lembrando os momentos mais importantes do Hazamat. Entre os pontos altos está uma apresentação no festival Grito Rock, em 2019, quando a banda foi escolhida pelo público como a atração mais aguardada do evento. “Isso foi surpreendente porque não costumamos ser uma banda que arrasta multidões para ver os shows. Nós tocamos em um palco pequenininho, com o público bem próximo, com uma casa ‘inferninho’, como se fala”, recorda o vocalista, que não vê a hora de voltar aos palcos em eventos como os especializados em rock que rodam as capitais nordestinas. “Festival é sempre massa porque a gente sempre toca para um público que vai para ver outra banda e termina vendo seu show e gostando também”, salienta Diogo Egypto.

A volta aos palcos já está sendo discutida pela banda, que segue compondo novas canções para um futuro álbum ou EP do Hazamat, a ser lançado em 2022. “Nós temos músicas novas que a gente vinha trabalhando ainda antes de a pandemia começar. A ideia para o ano que vem é retomar com essas composições para poder seguir lançando coisas novas. Celebrar o passado, mas também conseguir olhar para o futuro”, projeta o vocalista.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 17 de novembro de 2021