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Ilustradora Paraibana substitui Angeli no jornal Folha de São Paulo

publicado: 11/05/2016 00h05, última modificação: 11/05/2016 09h57
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A artista paraibana e a capa do livro “Olga, a sexóloga” publicado em novembro do ano passado - Foto: Divulgação

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Linaldo Guedes

Thaïs Gualberto já é um nome de primeira grandeza no mundo dos quadrinhos. Sua personagem Olga saiu em livro e ganhou as manchetes de jornais, mas não parou por ai. Desde ontem, as tirinhas de Olga ganharam as páginas diárias da Folha de S. Paulo. O talento de Thaïs Gualberto, que publicou tirinhas no jornal A União entre 2013 e 2014, substitui ninguém mais, ninguém menos que Angeli, um dos maiores desenhistas do País.

O convite para trabalhar na Folha de S. Paulo foi uma grande surpresa para Thaís Gualberto. Na verdade, o livro com as tiras da Olga, que publicou em novembro do ano passado, chegou à mão de uma das editoras do caderno e quando o Angeli informou que iria parar de fazer as tiras diárias, foi solicitado que apresentassem algumas opções. “Ela mostrou o meu trabalho, pra minha felicidade gostaram muito da Olga e depois me contataram por telefone”, explicou.

Por enquanto, apenas as tirinhas de Olga serão utilizadas no trabalho de Thaïs para a Folha de S. Paulo. “Os temas a serem abordados serão os mesmos que sempre procurei abordar. Por ser a personagem uma sexóloga, a temática principal das tiras deve ser o sexo, mas pretendo continuar falando de feminismo, política e qualquer outro tema que achar importante”, afirmou.

Para ela, publicar quadrinhos na Folha é uma grande responsabilidade, pelo alcance da publicação e pelos autores que lá já publicam, mas entrar na vaga que o Angeli deixou torna a coisa ainda mais séria. “O trabalho dele influenciou e influencia muitos quadrinistas da minha geração, tenho me esforçado esses dias pra dar o meu melhor e representar não só a Paraíba, mas também as mulheres do nosso País, que muitas vezes não tem acesso a espaços como esses”, acrescentou à reportagem de A União.

À Folha comentou sobre as comparações de sua personagem com a célebre RêBordosa, de Angeli: “Apesar das diferenças, são duas mulheres de sexualidade muito livre, que falam sobre drogas... Acho que a RêBordosa pode ter sido uma das inspirações de Olga.” Entre os temas utilizados estão ejaculação, uso da pílula, brochada e machismo.

No ano passado, Thaïs lançou o livro “Olga, a sexóloga”, pela Editora Patmos. O livro é um apanhado das tiras, em sua maioria de humor, que foram publicadas na internet desde 2009. Ela fala sobre sexo, sobre feminismo, sobre política e o que mais achar necessário falar. “É uma personagem com opiniões fortes e às vezes até um pouco agressiva, mas é porque é radical ao defender o que acha correto”, explica.

Thaís disse que tudo que consumiu na vida é referência pra ela.  “Mas talvez, sem que eu percebesse, uma das maiores influências na criação da Olga tenha sido o trabalho do Henfil, autor cuja obra eu descobri desce cedo entre os quadrinhos da minha mãe. Os traços econômicos e o humor direto são características do trabalho dele, que também estão presentes nela”, ressalta.

Quadrinista e editora, Thaïs Gualberto é formada em Arte e Mídia pela Universidade Federal de Campina Grande. Começou a se dedicar aos quadrinhos no fim de 2009, quando criou sua personagem “Olga, a sexóloga”. Em 2010 formou o Coletivo WC com outros quadrinistas paraibanos, com quem publicou em 2012 a primeira edição da revista Sanitário. No ano seguinte lançaram a segunda edição e encerraram as atividades do grupo. Também em 2012 entrou na formação do projeto da revista Inverna, uma publicação pensada para divulgar o que vem sendo produzido pelas quadrinistas brasileiras. Teve trabalhos selecionados para as edições de 2012 e 2015 da exposição “Batom, Lápis e TPM”, organizada pelo Salão de Humor de Piracicaba.

Publicou tirinhas no jornal A União entre 2013 e 2014 e teve sua primeira exposição solo realizada na Aliança Francesa de João Pessoa entre abril e maio de 2014. No fim do mesmo ano tornou-se coordenadora do setor de Quadrinhos da Fundação Espaço Cultural da Paraíba e participou de mesa-redonda no 1º Encontro Lady’sComics, um evento criado para discutir a representação feminina nos quadrinhos, realizado na cidade de Belo Horizonte. Em 2015 foi convidada para integrar a programação do Festival Internacional de Quadrinhos (FiQ), também na capital de Minas Gerais.

Como coordenadora do setor de  Quadrinhos criou o projeto “Espaço HQ”, que acontece mensalmente no Espaço Cultural José Lins do Rego, com oficinas e mesas-redondas. Além disso, coordenou o 1º Encontro Regional Sobre Histórias em Quadrinhos – Quadrinhos Intuados, com convidados de quase todo o Nordeste, oficinas, mesas-redondas, Feira de Quadrinhos Independentes e, na sua abertura, a reinauguração da Gibiteca Henfil. Também ministrou no Espaço Cultural o “Laboratório de quadrinhos para iniciantes”, uma oficina que introduz o básico da linguagem em quatro aulas. Outras experiências ministrando oficinas aconteceram em 2013 no projeto UMQDHQ do Sesc Ribeirão Preto, com “O processo de produção de quadrinhos para ‘não desenhistas’” e no Mussulo Resort, em 2015, onde ministrou oficinas para crianças no mês de julho.