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JP recebe espetáculo que aborda as leis de Newton sob a ótica da dança

publicado: 29/07/2017 00h05, última modificação: 29/07/2017 02h21
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Os bailarinos envoltos em tecidos de cor branca, contrastando com o palco negro, resultam em efeitos que exploram a teoria da força - Foto: Divulgação

tags: leis de newton , peça , teatro santa roza , lei , joão pessoa


Guilherme Cabral

O público tem a opção de assistir, neste sábado (29), a uma atração inédita e de cunho itinerante, na área das Artes Cênicas, em João Pessoa. E, o que é melhor ainda: a entrada é gratuita. Trata-se do espetáculo intitulado Lei, que o Grupo de Pesquisa do Projeto Girarte, de Minas Gerais, encena a partir das 19h, no Teatro Santa Roza, localizado no Centro da cidade. O enredo aborda as leis da Inércia, Força/Dinâmica, Ação e Reação, bem como a Lei da Gravidade, todas elaboradas pelo cientista inglês Isaac Newton (1643 - 1727). “Esperamos realizar, com eficácia, a democratização da cultura”, confessou para o jornal A União Marcus Diego, diretor da montagem, cujos ingressos estão disponíveis no próprio teatro e nas Lojas Furtacor, Santa Luzia Redes e Decorações e Le Nature.

“O espetáculo dialoga com a dança, o teatro e o audiovisual. As leis de Newton são abordadas, mas fazendo uma analogia com as leis criadas pelos seres humanos para solucionar conflitos da convivência em sociedade. Será que é necessário termos tantas leis? Se nos amássemos mais, creio que não precisaríamos de tantas leis. Quem for assistir viverá uma experiências estética, mas também será levado a uma reflexão”, comentou Marcus Diego, cuja primeira - também gratuita - das duas apresentações de Lei ocorreu na tarde dessa sexta  (28), no Teatro Santa Roza, para alunos das escolas públicas, estaduais e municipais, das cidades de João Pessoa e Conde.

A peça do grupo mineiro - que cumpre turnês pelo Brasil - transcorre da seguinte forma: num palco negro, os bailarinos dançam envoltos em tecidos brancos, explorando a teoria da Força/Dinâmica de Newton, enquanto são projetados fractais, além de uma bailarina, que dança coberta de areia. “A massa dela vai ficando mais forte que a areia. A bailarina tem o estímulo do movimento que é a vida. Algo que o próprio ser humano às vezes esquece. Com esse estímulo, ele pode mover céus e terras”, garantiu Marcus Diego, que também é o coordenador do projeto e um dos bailarinos da montagem, que tem o patrocínio da Energisa, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, apoio da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho, dentre outras instituições, além da parceria com vários órgãos, a exemplo da Prefeitura Municipal e Secretaria de Educação de Conde, Governo da Paraíba, Funesc e Rádio Tabajara.

Em outro momento do espetáculo, os integrantes do grupo Girarte - cuja sede é na cidade de Cataguases (MG) - ainda saltam sobre blocos de madeira num chão escuro, como se saltassem no vazio, experimentando a gravidade. Em outro momento, deslizam num tablado sobre rodinhas, brincando com a inércia ou, ainda, se provocam mutuamente e dão cambalhotas em ação e reação. E, entre as curiosidades, a trama conta com algumas fórmulas criadas por estudiosos da Universidade Federal de Viçosa projetadas no palco, exemplificando, de forma matemática, alguns dos movimentos cênicos.

Com essa superposição simbólica, o intuito do espetáculo é buscar construir uma maior “consciência planetária” e reflexões éticas. “Se alguém tropeçar e se desequilibrar, naturalmente vai cair. A Lei Gravitacional é taxativa. Enquanto isso, as leis sociais podem ter interpretações diversas”, observou o diretor da peça, que ainda inclui citações do Código Penal, cujo objetivo é ajudar o público no contraponto, levando-o a sair do teatro recheado de informação e poesia e, também, ter um pensamento crítico sobre o que vem a ser Lei. “Dentro disso, o espetáculo é indicado para as crianças, que vão se divertir e contemplar o visual e a dança, e para quem procura um espetáculo  mais cabeça, no sentido erudito. Enfim, o público vai encontrar um texto rico e cenas teatrais belas, com interação audiovisual, música e dança contemporânea no mesmo espetáculo”, garantiu Marcus Diego, cujo espetáculo foi apresentado recentemente, no Festival de Ouro Preto, um dos mais antigos e renomados do Brasil.

A montagem intitulada Lei surgiu após o grupo perceber como os alunos tinham dificuldade em entender a Física. A concepção da peça se deu de forma colaborativa, durante a qual vários profissionais e de diferentes linguagens artísticas se reuniram para construir a forma da apresentação. Nesse sentido, a criação do universo cênico teve a colaboração de dois reconhecidos nomes da dança e arte contemporânea: os coreógrafos Mário Nascimento (Blocos Inércia e Ação e Reação) e Alba Vieira (Blocos Força/Dinâmica e Lei Gravitacional). A música também foi composta por Makely Ka, músico, cantor, violinista compositor e poeta radicado em Minas Gerais, e O Grivo, formado pelos artistas plásticos Nelson Soares e Marcos Moreira, que trabalham as artes plásticas na criação do som, muitas vezes construindo o que seriam grandes instrumentos musicais em instalações artísticas.