William Costa
O poeta Johniere Alves Ribeiro lança hoje o livro “Fogueira de espelhos ou A alquimia do cais”, com seloda editora Penalux, de Guaratinguetá (SP). A sessão de autógrafos acontece às 18h, no auditório do Colégio Imaculada Conceição (Damas), na Praça da Bandeira, 23, em Campina Grande (PB). Em João Pessoa, a obra será lançada no dia 20 de dezembro, n’A Budega Arte Café.
“Fogueira de espelhos...”tem textos de apresentação do autor e do poeta Luciano Barbosa Justino (prefácios), do escritor Bruno Gaudêncio e do jornalista William Costa (posfácios). A obra está dividida em três movimentos, a saber: (1) Do espelho, da fogueira, do cais, de toda alquimia, (2) Poemas mínimos mínimos poemas e (3) Poemas para quem também finge a dor.
O conjunto tripartite de poemas de “Fogueira de espelhos...” representa uma produção poética iniciada por Johniere há cerca de doze anos. Segundo o autor, “trata-se de uma poética que está à procura de uma ‘poesia’ que, por sua vez, também está por se fazer ao longo dos tempos, e que pouco a pouco vai se construindo a muitas mãos”.
Assim é que Johniere vai montando sua escrita, como ele mesmo diz, “no terreno movediço do gênero lírico”. No livro,“recheado de versos que brincam com as palavras e suas múltiplas facetas”, o poeta estabelece um estilo “que transita entre a discursividade e a visualidade extraídas a partir do vocábulo, ofertando um movimento ao olhar do leitor que persegue os versos”.
Ao se referir aos versos-princípios de Carlos Drummond de Andrade, “Penetra surdamente no reino das palavras / Lá estão os poemas que esperam ser escritos”, Johniere pondera que adentra desarmado, neste império de símbolos. “Entro não para libertar as palavras, mas para que elas me libertem, para que elas me salvem de mim mesmo”, acrescenta.
Luciano Justino, no prefácio (O barroco solar de Johniere Alves) de “Fogueira de espelhos...”, afirma que “Johniere é um leitor, como se pode depreender com um primeiro olhar sobre seus poemas, da grande tradição literária modernista em suas muitas faces”. E, acrescenta, “dele se pode dizer sem riscos que há uma relação indissociável entre bom leitor e bom poeta”.
Para Luciano, “não se faz poesia sem que se tenha um compromisso forte com a leitura”, e não só de poesia, “mas da tradição da literatura, inclusive com o intuito de recusá-la”. Ele entende que “a poesia de Johniere se insere na espiral construtivista da poesia brasileira moderna e contemporânea”, sem abrir mão da palavra-dedutiva, como também “de certa filiação pós-simbolista”.
Bruno Gaudêncio afirma que Johniere é um dos autores que se destacam na cena literária contemporânea de Campina Grande. “Nos últimos anos – prossegue o escritor – ele vem elaborando silenciosamente as suas alquimias, construindo de forma artesanal seus versos demarcados por uma olhar sensível e ao mesmo tempo com uma extrema consciência de linguagem”.
O título da obra, na opinião de Bruno, remete diretamente aos elementos imagéticos da poesia de Johniere, quais sejam: a “’subjetividade do espelho’, do olhar individual e pulsante do poeta; a ‘alquimia do processo criativo’, no sentido de elaboração de uma poética preocupada com a feitura; e ‘fogueira e cais’, dois núcleos conceituais metafóricos que significam sua poesia”.
William Costa, por sua vez, comenta que, em “Fogueira de espelhos...”, Johniere“esboça o retrato de um eu-lírico que anda por aí fragmentado (e por isso mesmo, multifacetado) pelo tormento das grandes causas (perdidas), a exemplo do amor e do tempo (descompasso entre um passado que se idealiza, um presente que não se suporta e um futuro que não se materializa)”.
O jornalista acrescenta ainda que Johniere, neste seu segundo livro, “escreve espécies de cartas atípicas, para si mesmo, em uma tentativa de, ouvindo a própria voz interior, reconhecer-se como pó de estrelas e resíduo de humanidade, para melhor entender o ser e estar no mundo, e dar o testemunho possível de seu breve momento (na agônica métrica universal)”.
Sobre o autor
Johniere Alves Ribeiro tem Licenciatura Plena em Letras (Universidade Federal de Campina Grande - UFCG), é doutorando e mestre em Literatura e Interculturalidade (Universidade Estadual da Paraíba - UEPB) e professor de Literatura e Produção Textual. Ganhou o 1º Concurso de Poesia e Conto do Sesc (2000), na categoria Poesia. Em 2016, lançou “Páginas para versos” (Ideia).