Hilton Gouvêa
O dinamarquês Einar Svendsen foi o primeiro exibidor de filmes a expandir uma rede de cinema pela capital, Campina Grande e outras cidades do Estado. A ele se atribui a importação de filmes estrangeiros de boa qualidade. Morreu em 1968 e, segundo o jornalista e escritor Wills Leal, “deixou na Paraíba um legado de filmes importados que marcaram época”.
Wills ainda ressalta que o cinema ganhou espaço na capital a partir dos anos 10, a princípio nos centros residenciais, com exceção do Ponto de Cem Réis. Foram surgindo cinemas nos bairros de classe média, embora tivessem vidas curtas, como o Caramuru e o Bela Vista, em João Pessoa, e o Cine Brasil em Campina Grande, que de acordo com o pesquisador William Tejo, durou apenas um ano, embora tenha sido o primeiro da cidade. Ele funcionou onde, atualmente, se encontra o Colégio Alfredo Dantas.
Muito antes de Einar Svendsen aportar na cidade de Parahyba do Norte, Nicola Maria Parente apresentou-se aqui, em 1897, com um aparelho chamado “cinematógrafo”. O público pessoense e seus raros visitantes admiraram, então, pela primeira vez uma película da sétima arte. Isto aconteceu no mês de agosto, durante a Festa das Neves.
Nicola, que trouxe esta máquina de Paris, também anexou ao seu acervo, filmes mudos de pequena duração, entre eles “Chegada de um Trem à Estação de Lion” e “Crianças Jogando Bolas de Neve em Biarritz”. Mas a primeira sala de cinema montada em João Pessoa foi batizada por Cine Pathé, uma ideia de Manoel Garcia de Castro, na Rua Duque de Caxias.
Em 1911 os italianos Rattacazzo e Cozza instalaram o Cine Rio Branco, no Ponto de Cem Réis, onde funcionou o Cine Rex, segundo informa Mirabeau Dias da Silva, colecionador de filmes, revistas e automóveis antigos. Alguns anos mais tarde, por iniciativa de Alberto Leal, que adquiriu fitas de cinema falado, o público local assistiu “O Tenente Sedutor”, com Maurice Chevalier. Leal também instalou, no Teatro Santa Roza, o primeiro Vitafone Movietone.
A “Relação dos Cinemas Antigos de Rua do Brasil em Atividade nos Anos 60”, relata que o Cine Jaguaribe, que pertenceu a Svendsen e depois a Cia Exibidora de Filmes SA, de Luciano Wanderley, foi a primeira sala de cinema de bairro da cidade, fundada em 16 de dezembro de 1932. Até sua desativação, na década de 1960, tinha 467 lugares, funcionava diariamente e dispunha de um projetor de 35mm. Sua média anual de operação e frequência era de 413 sessões e 99 mil 852 espectadores.
‘O Cine Felipéia, inaugurado em 1935, funcionou na Rua da República. Pertencia à Cia exibidora de Filmes SA. Fechou na década de 1960, registrando uma média anual de 413 sessões, com 65 mil 307 espectadores e disponibilidade diária de 507 lugares. Especialidade: Filmes de bang-bang e aventura.
Ainda existiram os cinemas Glória, Astória, Brasil, Metrópole, Rex, Santa Catarina, Santo Antonio, São José, Plaza, São Pedro e São Luiz. Juntos, eles dispunham de 6.919 cadeiras por dia, sendo o Santo Antonio, em Jaguaribe, o que mais possuía, com 936 unidades Os filmes que mais atraíram público nas décadas de 1960/70 foram O Exorcista, Candelabro Italiano, Tubarão, Lagoa Azul, Os Dez Mandamentos e Bem-Hur, todos exibidos em cinemas do centro, como o REX, Municipal e Plaza.