O campinense José Edmilson Rodrigues, hoje advogado e funcionário público, deu seus primeiros passos na literatura ainda adolescente, tendo por influências o português Fernando Pessoa e o chileno Pablo Neruda. Essa produção nunca cessou desde então, mas parte dela permaneceu guardada por razões pessoais. Revisando e selecionando versos que compõem esse montante adormecido, Edmilson produziu o livro Ensaio de Tempo, que ganha uma tarde de autógrafos amanhã, às 17h30, no Bistrô 17, situado no Centro de João Pessoa. O autor será apresentado pelo colega Hildeberto Barbosa Filho. A entrada é franca.
A obra, lançada pela Patuá, reúne 35 poemas que datam das décadas de 1980 e 1990 — em comum, além da forma livre e o tom experimental, temas como a inquietude da vida e a passagem do tempo. Edmilson revela que os textos permaneceram “na gaveta” por falta de coragem para torná-los públicos. Durante esse tempo, ele se dedicou a outros projetos, em prosa e poesia. “O meu primeiro livro editado foi o ensaio Amor e a Poética das Possibilidades em Ronaldo Cunha Lima. Ainda publiquei junto [à Editora] A União alguns plaquetes [livros curtos] sobre personalidades, na série Nomes do Século”, recorda.
Dentre os poemas mais significativos, Edmilson destaca “Quando falamos de ontem”: “Como era ontem, agora beijo-lhe a fronte / com sutil desdém, porém toco-lhe a face / Era ontem com o mesmo sorriso / Que bom que estamos talvez...”.
Perguntado sobre como espera que o público receba sua compilação de textos, o autor assinala que a poesia é atemporal e que pode ser percebida pelo leitor positivamente, independentemente do tempo. “Na minha idade, eu tenho mais passado do que futuro. E passado é memória: é possível resgatá-la e deixarmos um legado”, conclui.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de março de 2025.