O legado de Luiz Gonzaga é tema de novo livro do jornalista Xico Nóbrega, potiguar radicado há décadas na Paraíba: O Reino do Baião – Personagens, Obras e o Nordeste, da Editora UEPB, reúne 28 artigos sobre a trajetória musical e pessoal do artista, que chegou a passar por momentos de baixa na carreira, para logo depois ser alçado ao status que tem atualmente. O lançamento é hoje, às 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP) — o popular Museu dos Três Pandeiros —, Centro de Campina Grande, com entrada franca.
O interesse em aprofundar-se na carreira de Luiz Gonzaga remonta à cobertura da morte do artista pernambucano, em agosto de 1989. Então repórter de A União, Xico foi destacado pela sucursal de Campina Grande para acompanhar o velório e o sepultamento na cidade de Exu, onde o compositor de “Asa branca” havia nascido, décadas antes. Desde então, o jornalista dedicou- -se a produzir, em veículos diversos, reportagens sobre a vida de Gonzaga, material que serviu de base para os textos que compõem, no presente, O Reino do Baião.
Compartilhando algumas das curiosidades presentes no livro, Xico assinala que dedicou alguns dos artigos às canções mais famosas e às curiosidades que cercam cada uma. A primeira delas, o baião “Paraíba”, gravado nos anos 1950, e que nasceu como um jingle político; composta em parceria com Humberto Teixeira, a faixa ainda faz menção indireta à Revolução de 1930. A segunda é “A triste partida”, de Patativa do Assaré: Luiz Gonzaga a ouviu pela primeira vez na voz de um cantador, numa de suas passagens pela Rainha da Borborema.
A obra analisa “itens” menos conhecidos do repertório de Gonzaga, mas, nem por isso, menos relevantes, a exemplo de “Xote dos cabeludos”, datado de 1964: na música, feita em colaboração com Zé Clementino, o “rei” tece chistes sobre a androginia. O livro também dedica espaço para tratar da ancestralidade do intérprete e compositor, filho de Januário, outro grande sanfoneiro. Quase um terço do livro é reservado, ainda, para tratar da relação do artista com o Nordeste, por meio de turnês e viagens emblemáticas na região.
O Reino do Baião foi patrocinado pelo selo Cultural Unime, de Campina Grande. Baseado nesse aprofundamento de três décadas, Xico Nóbrega escreveu outras obras sobre Luiz Gonzaga. Algumas delas, ainda estão no prelo, e passarão por revisão e ajustes antes de chegarem a público; ele cita: Luiz Gonzaga – Musicografia & Compositores, Um Abraço pra Ti, Pequenina – A Política e a Polêmica no Baião Paraíba e Luiz Gonzaga – 150 Obras Comentadas. Todavia, ainda não há previsão de lançamento para essas outras empreitadas.
Para Xico Nóbrega, ainda que o livro possa contribuir para a manutenção do legado do Rei do Baião e a sua difusão junto às novas gerações, estes, a obra e o seu autor, são imortais. “De ano a ano ele só cresce em importância, passando oralmente de geração em geração”, conclui.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 24 de Outubro de 2025.
