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LITERATURA

Língua celebrada e discutida na FCJA

publicado: 12/08/2024 08h57, última modificação: 12/08/2024 08h57
Conferência “Camões 500 Anos” abordou cidadania e feiras literárias; PB sediará Festival Internacional Literário
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Governador assina o termo de cooperação entre Paraíba e Portugal; com ele na mesa, José Manuel Diogo, Pedro Santos e Naná Garcez | Fotos: Leonardo Ariel
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por Daniel Abath*

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,/ Muda-se o ser, muda-se a confiança;/ Todo o mundo é composto de mudança,/ Tomando sempre novas qualidades”. Há 500 anos, Luíz Vaz de Camões construía, com seus poemas, verdadeiras estruturas identitárias a partir da língua portuguesa. A conferência “Camões 500 anos — Uma Nova Cidadania para a Língua”, realizada na manhã de ontem na Fundação Casa de José Américo, atesta justamente essa vontade renovada de mudança e ressignificação das estruturas identitárias, por meio das novas qualidades da língua e sua dinamicidade sócio-histórica, com palestras sobre Camões e o papel das feiras e festas literárias para a promoção do direito à literatura.

À abertura do evento, compuseram a mesa o secretário de Estado da Cultura, Pedro Santos, seguido por Janete Rodriguez (gerente do museu da Fundação Casa de José Américo), José Manuel Diogo (presidente e fundador da Associação Portugal Brasil 200 Anos - APBRA), Naná Garcez (diretora presidente da Empresa Paraibana de Comunicação - EPC), Marcus Alves (diretor da Fundação Cultural de João Pessoa - Funjope) e  Francisco Sales Gaudêncio (vice-presidente da Academia Paraibana de Letras), com a presença do governador João Azevêdo durante os trabalhos para a assinatura do termo de cooperação entre a Paraíba e Portugal. Na plateia, acadêmicos, escritores e jovens estudantes ávidos por conhecer um pouco mais acerca da língua portuguesa e seu ilustre artífice lusitano.

José Manuel Diogo vê a Paraíba como um local simbólico e estratégico, comparando a região ao “fim da Terra” da Europa medieval, onde o conhecido encontrava o desconhecido. Para o português, a tomada de consciência do povo a respeito do Brasil e sua diversidade étnico-cultural é nova. “A pandemia nos ensinou isso: a língua não é só mais um instrumento. Ela é um território. A gente pode viajar estando quieto, o que enriquece muito mais o tempo de mobilidade física”, destacou, refletindo sobre exemplos de cidades que se reinventaram graças a festivais literários.

Em sua fala “Camões na cabinet cyclopaedia”, a professora Janile Pequeno tratou também sobre as transferências culturais entre o norte e o sul globais, buscando entender como a nossa literatura teria chegado à enciclopédia inglesa, entre os anos de 1829 e 1846.  Já o professor Marcelo Vieira ressaltou que “uma língua sem a sua estrutura está fadada à morte”.

Festival Internacional Literário

Após a primeira mesa, o governador João Azevêdo assinou o termo de cooperação entre Paraíba e Portugal, em conjunto com Naná Garcez, Pedro Daniel e José Manuel Diogo, que também assinaram o documento. “Quando participamos da BTL em Lisboa eu estive com Diogo e tivemos a oportunidade de começar a plantar uma sementinha a respeito dessa possibilidade de se ter com a Paraíba um protocolo assinado em que a gente pudesse levar, inclusive, a nossa própria experiência que temos, de realização das feiras literárias”, declarou o governador. D

entre as ações previstas no plano de trabalho do acordo de cooperação técnica estão a realização de Festival Internacional Literário da Paraíba, Festival Cultural Popular em João Pessoa e criação de linha editorial conjunta para países de língua oficial portuguesa. A presidente da EPC, Naná Garcez, afirmou que a  realização da Conferência Literária é mais uma ação promovida pela instituição para fomentar o setor cultural, abrangendo diversos segmentos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 10 de agosto de 2024.