O professor paraibano Mário Vinícius Carneiro Medeiros não sabe dizer por que se tornou torcedor do Treze Futebol Clube. Ele “culpa” as paixões que controlam os aficionados pelo esporte e as emoções que viveu pelas arquibancadas Brasil afora, como a virada contra o Caxias, do Rio Grande do Sul, fora de casa, em 2018. Se a paixão é inexplicável, a pesquisa que ele acalenta há décadas é mais pragmática e detalhada. O mais novo projeto dessa empreitada pessoal é Éramos Apenas 13, sobre os fundadores do time. A obra ganha lançamento hoje, às 19h, no Museu de Arte Popular da Paraíba (o Museu dos Três Pandeiros), no Centro de Campina Grande. A entrada é franca.
Diferentemente de outros projetos do autor e historiador, como Deu 13 em 23, sobre campanha recente no campeonato paraibano, este outro livro foi publicado de forma independente e foca no grupo de desportistas que estava na gênese do clube, há um século. “O Treze foi fundado por treze pessoas, no dia 7 de setembro de 1925. Em uma reunião em casa do (ex-presidente) Antônio Bióca, compareceram Alberto Santos, Amélio Leite, José Casado, José de Castro, José Eloy, José Rodolpho, José Sodré, Luiz Gomes, Olívio Barreto, Osmundo Lima, Plácido Véras e Zacarias Ribeiro”, remonta.
Tão longevo como o time, Bióca, campinense, faleceu em 1996, aos 101 anos de vida. Antes disso, Mário entrevistou o líder daquele grupo de 13 pessoas, coletando, na ocasião, informações valiosas que seguem baseando seus estudos, no presente. O precursor do Treze também foi pioneiro na difusão do futebol na Rainha da Borborema. “Contudo, conforme o pesquisador Júlio César, daqui mesmo da nossa cidade, é possível que operários ingleses, quando da construção da estrada de ferro, tenham jogado alguma vez aqui próximo ao local das obras. Era algo comum entre eles”, informa.
Mário consultou também registros em cartório e matérias jornalísticas: “A dificuldade no acesso faz parte do trabalho e, pelo menos para mim, serve como estímulo”, destaca. Essa digressão fez com que o autor tivesse acesso a informações curiosas: “Talvez a que mais chamou a minha atenção foi sobre Olívio Barreto, jovem de 19 anos, que atuava como goleiro. Disputou 52 jogos, sofreu 28 gols e perdeu apenas três partidas”, relata.
Mário Vinícius Carneiro atesta que toda pesquisa sobre o passado é importante para que as gerações vindouras compreendam os mecanismos que compuseram determinados segmentos, como o futebol.
“Este modesto trabalho trata das ideias de jovens dos anos 20 do século passado e de uma Campina Grande que não existe mais. Embora pareça algo bobo, quando vejo um estádio lotado em dias de jogos do Treze, não deixo de pensar que tudo começou com treze amigos. Hoje, somos uma nação com milhares de torcedores”, finaliza.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 4 de novembro de 2025.
