Notícias

Longa paraibano em cartaz nos cinemas aborda racismo com cinco histórias de terror

publicado: 04/07/2018 09h10, última modificação: 04/07/2018 09h15
o-nó-do-diabo.jpg

Atriz Zezé Motta (C) integra o elenco de O Nó do Diabo - Foto: Divulgação

tags: o nó do diabo


Felipe Gesteira

Cinco histórias, cinco atos, todas tendo o racismo como fio condutor. Em O Nó do Diabo (128min, 2017), longa-metragem paraibano em cartaz no Cinépolis - Manaíra Shopping, a segregação por raça e classes presente na sociedade brasileira é mostrada em uma linha do tempo com grandes atuações, um enredo bem entrelaçado e, como pano de fundo, terror dos bons.

O filme é dirigido por Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé, Jhésus Tribuzi, com produção de Mariah Benaglia, Lucas Salgado e Fabiano Raposo. Rodado em sua maior parte no município de Pilar, a 55 km da capital João Pessoa, o longa traz grandes nomes paraibanos no elenco, como Fernando Teixeira e Everaldo Pontes.

Os cinco contos têm como ponto de partida um casarão, sempre defendido por seu dono, ou a mando dele. A cada geração, uma nova história de violência, perseguição e racismo. Os contos são apresentados em uma linha temporal regressiva, levando o espectador a um mergulho na história do Brasil, tão repleta de elementos de horror. Em todos, Fernando Teixeira interpreta o patriarca, que com orgulho, até nos momentos mais recentes da cronologia, se vangloria das torturas praticadas contra os negros que passaram por seus domínios.

Se as atuações são o ponto alto do filme, a construção dos personagens também é de encher os olhos, algo difícil de se alcançar em tiros curtos, como são os episódios. Dor, sofrimento, loucura, fé e misticismo são elementos visíveis e bem representados que compõem as particularidades de cada ser. No caso de Fernando Teixeira, patriarca da família Vieira, é possível perceber elementos que diferenciam os personagens ao longo das gerações, apesar das similaridades dentro de uma persona vil.

A fotografia agrada. O som, nos momentos de terror, faz valer a pena assistir ao filme no cinema. A sensação de perseguição com os ruídos distribuídos nas caixas da sala de exibição provoca uma excitante inquietação, de fazer o cinéfilo mais corajoso olhar sobre os ombros. O filme foi exibido ano passado como minissérie pela TV Brasil, mas que bom foi ter esperado para ver no cinema!

Apesar da excelente qualidade na exibição nas salas do Cinépolis, o ponto negativo fica por conta dos horários disponibilizados: 14h, 16h45 e 22h15. Praticamente impeditivos para quem trabalha em horário comercial e quer assistir ao filme durante a semana. Esperamos que corrijam essa injustiça com o ótimo O Nó do Diabo na segunda semana em cartaz.