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Luana Flores é selecionada para projeto na França

publicado: 05/03/2024 10h35, última modificação: 05/03/2024 10h35
A artista paraibana Luana Flores é um dos três brasileiros selecionados para programa de residência e fará parceria com o francês Thx4crying
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Luana Flores trabalha atualmente na criação de seu primeiro álbum, que deve ser lançado no segundo semestre | Foto: Natália Di Lorenzo/Divulgação

por André Dib*

A artista paraibana Luana Flores é a única mulher brasileira selecionada para o Programa de cocriação Brasil-França 2023/2024. Ela, o rapper amazonense Kurt Sutil e o beatmaker paulista MU540 foram selecionados entre 1.293 artistas inscritos. Em outubro, eles participarão da segunda edição deste programa de residência musical na França. O edital selecionou também três artistas franceses, tendo a inovação como um dos principais critérios de escolha. A partir dessa seleção foram formadas duplas que, durante a residência artística, irão criar uma música e participar de uma série de atividades.

Luana Flores e o artista francês Thx4crying irão criar e gravar um single com distribuição garantida, além de participar de mentorias e showcases nos eventos de música e negócios Mama, em Paris, e SIM, em São Paulo.

“Vamos trocar e ver o que a gente consegue construir a partir de duas perspectivas tão diferentes, mas, ao mesmo tempo, potentes em suas cenas”, diz Luana. “Acredito que este processo vai trazer bons movimentos e, quem sabe, dar início à carreira internacional, me apresentar em outros territórios e abranger novas possibilidades de mercado, para que cada vez mais possamos expandir o som que está sendo desenvolvido na Paraíba, no Nordeste brasileiro”.

Luana Flores já vem há alguns anos dando nova forma às culturas tradicionais e  ancestralidades afroindígenas. Tendo como base a música eletrônica, ela compõe, canta e coreografa performances coletivas, sendo seu mais recente projeto o EP/ curta-metragem Nordeste Futurista, de 2021. Atualmente, ela trabalha na criação de seu primeiro álbum. “Ele já está no processo, na agulha, e se tudo der certo, vai ser lançado no segundo semestre deste ano. Já estou começando a gravar alguns videoclipes desse novo disco através de leis de incentivo”.

Para Luana, ter sido selecionada tem também uma dimensão política importante dentro do que ela chama de “mulheridade”. “Estamos modificando algumas estruturas do fazer artístico e discursos. Nosso trabalho está muito atrelado a cosmovisões dos povos nordestinos, da nossa diversidade, que perpassam pelos ritmos da cultura popular e todos os signos imagéticos que a gente vai juntando para formar algo que nos represente, sobretudo dentro dessa camada da diversidade sexual”, diz a cantora.

"Estar num projeto como esse é trazer a possibilidade de não só descentralizar do eixo do Nordeste, mas também transportar essas cosmovisões dos povos nordestinos para outros territórios"
Luana Flores

A identificação geográfica é outra marca definidora de seu trabalho. “Estar num projeto como esse é trazer a possibilidade de não só descentralizar do eixo do Nordeste, mas também transportar essas cosmovisões dos povos nordestinos para outros territórios e, com isso, agregar novas camadas à construção do trabalho que a gente vem desenvolvendo aqui na Paraíba, sobretudo a partir do protagonismo feminino e de corpos dissidentes”.

Enquanto não começa a residência artística, Luana Flores também segue realizando shows no Brasil. Nos próximos dias ela se apresenta em duas cidades do Paraná: em Foz do Iguaçu, dia 9, no Festival Mulheres do Fim do Mundo, e em Londrina, dia 16. no Festival Brava. Depois ela vai para o Teatro Severino Cabral, em Campina Grande (no dia 23) e logo depois para o teatro do BNDES, no Rio de Janeiro (dia 28).

 

O programa de co-criação Brasil-França 2023/2024 é uma iniciativa da SIM São Paulo, da plataforma Groover, Institut Français, Embaixada Francesa no Brasil, BMA Brasil Música e Artes e o Mama Music & Convention.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 05 de março de 2024.