Rodolfo Amorim - Especial para A União
“Não é um livro de dor e tristeza, mas da realização de um sonho, com certeza ele está muito feliz onde estiver” disse Gerlane Carvalho, mãe que escreveu, juntamente com seu filho, Fellipe Carvalho, o livro “O Quarto Azul”. Os relatos foram escritos durante o período em que ele fazia um tratamento contra o câncer raro, o Tumor de Askin. O lançamento acontece hoje, na Fundação Casa de José Américo, em Cabo Branco, às 19h. Para atender a outro pedido do filho, todo o dinheiro arrecadado com a venda dos exemplares será revertido para a Associação Donos do Amanhã, uma instituição filantrópica que ampara crianças com câncer e seus familiares.
Fellipe Carvalho foi diagnosticado com câncer aos 16 anos e morreu aos 23 anos de idade, e desde o início da descoberta, pensou em descrever o que estava vivendo, como era o seu processo de tratamento e o seu cotidiano, assim como os momentos de fé que vivia no quarto do Hospital Napoleão Laureano, em João pessoa. Ele quis que a mãe também participasse do livro. Numa parte, ele compartilha toda sua trajetória, e na outra, a mãe relata o sentimento e a vivência da família durante os sete anos em que estiveram nessa luta. Além disso, ele costumava pensar, lembrou a mãe, nas pessoas que não têm acesso a tratamentos, e tinha como objetivo principal ajudar o próximo.
O título do livro “O Quarto Azul” se deu após um momento de oração em que Fellipe teve com um amigo, e através disso, passou por uma experiência com Deus e com Nossa Senhora, onde contou à mãe que teve um pensamento forte de que estaria num quarto todo azul. “Este momento é também um dos mais fortes do livro, onde a experiência da fé é de extrema importância para superar as barreiras e sustentar o corpo e a alma”, contou, emocionada, a mãe.
Gerlane descreve dois sentimentos opostos nesse momento, um de tristeza, por não ter mais o filho presente fisicamente, e por esse desejo de estar sendo realizado após o falecimento de Fellipe. O outro sentimento é de alegria, pois sabe que está realizando o sonho dele e perpetuando sua bela história e filosofia de vida. A mãe também contou que está bastante entusiasmada para ajudar a Associação. “Estou ansiosa para poder ajudar a Donos do Amanhã e realizar mais esse desejo dele”, expressou.
“Ele não achava que nada estava perdido, procurou sempre aproveitar cada momento da melhor forma” lembrou a mãe, enquanto falava dos momentos em que o acompanhava no hospital, na companhia do pai, o professor de educação física, Eduardo Oliveira.
O evento que vai lançar o livro pretende ser breve e simples, além de amigos e familiares, estarão alguns médicos que participaram, efetivamente, da vida de Fellipe. Mas o lançamento é aberto ao público. Gerlane e a família têm preparado tudo com muito carinho, sempre com a lembrança de entusiasmo que ele deixou. “Mesmo tanto tempo após a morte dele, exatamente seis anos, sinto que estava devendo isso ao meu filho, e quando nós lembramos dele, pensamos nos momentos de força, pois era ele quem nos dava força para continuar lutando”, concluiu emocionada, mas feliz.