Marcus Alves é conhecido por sua atuação à frente da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope). O que pouca gente sabe é que ele mantém, desde a adolescência, o hábito de escrever poesias. Ainda que a trajetória literária seja mais bissexta e esparsa, ele nunca deixou de dar vazão a este segmento, na idade adulta. O paraibano lança hoje a sua nova coletânea – O Livro das Janelas, que perfaz um estudo mediado pela subjetividade. O evento, gratuito, acontece a partir das 18h30, na sede da Editora Ideia, na Torre, na capital.
O Livro das Janelas (Ideia) foi concebido ao longo da última década, paralelamente ao seu ofício como presidente da Funjope. Nascido na cidade de Itabaiana, ele opta, nesta obra, por detalhar seu horizonte de observação – e inspiração – mais cotidiano, em João Pessoa.
“Um jornalista até me perguntou porque Jaguaribe, que é o bairro onde eu fui criado, aparece com frequência nos meus poemas. Aparece por conta disso, dessas percepções que eu fui colecionando ao longo do tempo sobre os arredores, sobre o Centro Histórico, sobre Mangabeira, sobre as praias. E, enfim, sobre as pessoas”, aponta.
Reticente quanto a falar sobre quais poemas são mais significativos para si, devido ao carinho com que fala deles, Marcus cita, com resistência, os que tratam da orla de João Pessoa, incluindo um sobre a falésia do Cabo Branco. “Tem outro chamado ‘Ícaro urbano’, em que eu cito essa urbanidade da gente, com o olhar dos anjos, sabe? Mas o que norteia o livro é esse conceito de janela. Coloquei o poeta e os personagens como lá fora, por esse lugar. A janela como um portal que abre possibilidades, que abre esperança, abre nosso olhar”, define.
Apesar de escrever desde os 15 anos, Marcus publicou seu primeiro livro apenas após concluir o doutorado na Universidade de Brasília (UnB), em meados dos anos 2000. Iniciou a carreira docente na capital federal, regressando, depois, para João Pessoa, onde voltou-se para a gestão pública.
“Só depois é que eu comecei a publicar – alguns livros de poesias, uma novela, um conjunto de contos... E agora mais esse livro de poesias. Os temas que eu exploro nos textos têm muito a ver com a questão da contemporaneidade, urbana, os traumas e os dramas do ser humano na vida atual, que é altamente veloz”, assinala.
Marcus Alves resume: preferiria ser conhecido pelo tratamento carinhoso com que constrói seu imaginário da cidade, das janelas da Funjope ou de sua casa. “Eu olho a cidade de João Pessoa com muita delicadeza. E isso aparece nos meus poemas, né? Mas também faço isso com um olhar, digamos, mais dinâmico, sabe? Meus poemas são mais curtos, frutos de olhar de quem não para. Como a vida exige da gente essa velocidade...”, conclui.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de novembro de 2025.
