Kubitschek Pinheiro - Especial para A União
Maria Luiza Jobim e Lucas de Paiva acabam de lançar o EP “Opala” que em dezembro sairá em formato de LP. Lançado em formato digital, o primeiro disco de estúdio da dupla está disponível para compra na loja virtual iTunes, e desde já é uma das promessas da música eletrônica, que vem dos quatro cantos do planeta.
O registro foi concebido no estúdio carioca Rock it!, de Dado Villa-Lobos (Legião Urbana) e Estevão Casé (cantor, produtor e instrumentista), e conta com 11 canções, das quais nove inéditas e duas releituras de faixas do primeiro EP de trabalho da dupla, produzido em 2013.
“Finalmente chegamos pra valer e vamos movimentar os ouvidos de vocês”, avisa Maria Luiza, pelo telefone, a filha do saudoso maestro Tom Jobim. “Olha faz três anos que estamos trabalhando juntos, o nosso primeiro trabalho chegou bem acanhado e agora com um repertório novo. Fizemos tudo juntos, composições, arranjos e melodias”, disse Lucas.
O universo particular de Opala (que tem a ver com a pedra de mesmo nome que não tem cor muito definida e a artista considera que encaixa muito bem com a proposta desse trabalho) vem para ficar. “Além de dançante, vem da safra de artistas cariocas inclinados ao resgate nostálgico de marcas expressivas da década de 1980”, diz Lucas. “Nosso som dança pelo tempo”, confirma ela.
Abrem o disco com “Sagittarius A”, um convite para um lounge, uma festa que começa a empolgar aos poucos, numa proposta sonora que reflete a transa individual dos artistas Maria Luiza e Lucas, e logo se aproxima do ouvinte. Sensacional. Das onze canções, dez são em inglês com exceção de “Maracajaiaçu”, de Bruno Di Lullo e Domenico Lancelotti, que foi desenvolvida pela dupla especialmente para esse álbum.
Em Opala, eles produziram novas roupagens para as faixas ‘Come Home’ e ‘Absence to Excess’, bem rearranjada. “Particularmente, eu gosto muito dessas duas canções, porque elas são bem fortes e tem o auxílio de Marcela Vale, e eu gosto muito do trabalho dela. Grande parte de Opala fizemos na minha casa e na casa de Luiza: íamos tocando o trabalho com muito zelo até percebermos que estávamos avançando bem, e aí concluímos o restante no estúdio”.
Lucas lembra que gravaram os timbres das vozes, os synths e programaram as baterias em casa. Quando foram para o estúdio, 80% do registro já estava pronto. No Rock it!, a dupla, que assina a produção musical do álbum, contou com o trabalho de Estevão Casé, que assina a produção técnica de “Opala”.
Antes dessa parceria, Maria Luiza Jobim foi vocalista da banda carioca “Baleia”, um misto de trupe cigana com jazz.
Ela chegou a cantar bossa nova ao lado do sobrinho Daniel, (filho de seu tio Paulo Jobim), numa interpretação de ‘Wave’, de seu pai, que fez parte da trilha da novela ‘Páginas da vida’. Quando tinha 11 anos, cantou no álbum ‘Dias de paz’, do mineiro Beto Guedes, em ‘Contos da lua vaga’.
“Tenho uma boa relação com minha família, meu sobrinho Daniel, apesar dele ser mais velho que eu, sou tia dele e com meu irmão Paulinho. A gente é muito família, como dizia meu pai.
Já Lucas, que é filho de diplomata e também nasceu no Rio de Janeiro, morou na Inglaterra, Malásia, Japão e Austrália.
“E tenho uma banda, a “Séculos apaixonados”, é outra vibe. Tocamos músicas românticas, com sintetizadores, bateria eletrônica. É muito bom tocar esse outro tipo de som. Eu costumo dizer que o nosso trabalho em Opala tem muitas camadas, de várias épocas, é como música de laptop. Cada coisa no seu lugar, mas conseguimos fazer sons que já chegam a muitos ouvidos”, avisou.
Clipe
Já encerrando a conversa, Maria Luiza traz a novidade: Em novembro, vão gravar um clipe da canção “Sagittarius A”, que fala do tempo da via láctea, da energia que vem dessa galáxia. “É essa a novidade, e sei que vai agradar”.
Ela não é mais aquela menina do ‘cabelo amarelo e óio cor de chuchu’, cantada em verso pelo pai, o compositor Tom Jobim. Maria Luiza tinha sete anos de idade quando gravou com o pai “O “Samba de Maria Luiza”, faixa do disco “Antônio Brasileiro” (1994). E nesse mesmo disco ela solta a voz em Forever green, cantada em inglês.
“Sim, escuto muito os discos de meu pai, essa canção também (O samba de Maria Luiza) e fico rindo. E tenho saudade dele. Já minha mãe trabalha muito, ela que organiza tudo na vida da gente, além de fotógrafa tem outras atividades, eu diria que ela é o meu pai.