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Maria Valéria Rezende ganha mais um Jabuti de Literatura

publicado: 01/11/2017 21h05, última modificação: 01/11/2017 21h42
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Escritora santista, radicada na Paraíba ficou com o terceiro lugar na categoria romance, com a obra ‘Outros Cantos’ - Foto: Marcos Russo

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Linaldo Guedes

A terça-feira (31) trouxe a notícia de mais um prêmio para a escritora Maria Valéria Rezende. A escritora santista radicada na Paraíba, que recentemente recebeu o Título de Cidadã Paraibana, ganhou mais um Prêmio Jabuti de Literatura. Desta feita, ficou com o terceiro lugar na categoria romance, com a obra 'Outros Cantos', livro que já havia recebido o Prêmio Casa de las Americas, de Cuba. O primeiro lugar na categoria romance foi o livro 'Machado', de Silviano Santiago.

Maria Valéria Rezende ressalta que 'Outros Cantos' não se trata de autoficção ou de memórias, “embora eu tenha emprestado à protagonista, como cenário, características de um povoado no qual de fato vivi, percursos que de fato fiz, e muito do que vi, ouvi, toquei e tive de aprender ao longo da minha vida. A biografia e a personalidade da protagonista dessa história não são as minhas. Mas são nossas”.

'Outros Cantos' foi o quarto romance da escritora Maria Valéria Rezende e que, como os demais da autora, narra idas e vindas pelo mundo. O livro foi lançado em 2016, mas, segundo ela, cerca de sete ou oito anos antes, alguém que organizava uma coletânea de relatos, cujo tema deveria referir-se a distâncias ou viagens, pediu-lhe um texto de cerca de 20 páginas. “Para a andarilha que sempre fui, a proposta era atraente. Busquei matéria-prima na minha memória, inventei mais um bocado, escrevi e enviei, já com esse título, 'Outros Cantos'. O organizador, no entanto, decidiu não publicá-lo. Hoje agradeço a não inclusão nessa coletânea, onde ele teria permanecido como um conto e talvez já esquecido”, lembra.

Depois desse episódio, ela guardou o texto em seu “baú de recicláveis”. Passados três ou quatro anos, remexendo nos guardados, encontrou-o e releu com olhos de leitora quase isenta, esquecida dos detalhes de conteúdo e forma. “Tratava-se do relato de uma mulher, já idosa, que atravessa o Sertão, de ônibus, durante uma noite, e não dorme, observando outros passageiros e o que consegue ver pelas janelas, evocando lembranças de sua primeira inserção no mundo sertanejo, 40 anos antes.Vai ao passado por meio da memória/imaginação e volta ao presente, alternadamente. Aquilo ficou ressoando na minha cabeça, chamando outras imagens, e percebi que podia ser o “primeiro capítulo” de um romance, cuja temática, estrutura e voz narradora já estavam dadas. Comecei a desenvolvê-lo. Como minha rotina é uma sucessão de imprevistos, e meu cotidiano nada tem a ver com o isolar-se longa e “disciplinadamente” num escritório, sou lenta no trabalho braçal de passar o que está na cabeça para o papel, faço isso “quando dá”, em meio a inúmeras tarefas e solicitações da vida doméstica, de meu círculo próximo ou da necessidade de pagar as contas, com traduções, por exemplo”, explicou em depoimento ao Suplemento Pernambuco.