Kubitschek Pinheiro - Especial para A União
O sétimo álbum de estúdio de Mart’nália, “+ Misturado”, com selo da Biscoito Fino, é um show de bola. Ela é craque e, a cada disco, seja de samba ou agora quando retorna ao pop - sempre presente em sua carreira. São oito canções inéditas e sete regravações. O time que assina os arranjos e produções musicais é formado por Arthur Maia, Claudio Jorge, Dadi, Ivan Machado e Zé Ricardo.
Em entrevista, ela disse que nunca saiu do pop, desde seu primeiro disco “Menino do Rio”, produzido por Maria Bethânia. “Pois é cara. Na verdade nunca saí do pop, ou melhor, desde meu primeiro LP eu gravo MPB. O único que fiz só de samba é o Mart’nália em Samba, meu penúltimo CD/DVD, dirigido por meu pai, mas em todos os outros eu canto e gosto da música popular brasileira” registra.
A artista abre o CD cantando “Ninguém conhece Ninguém”, de seu pai Martinho da Vila, um belo samba, de 1976. Eles cantam juntos. “É sempre bom ter a bênção dele, de todos e em todos os lados. Meu pai, minha paixão – como dizia na abertura de um show antigo meu”, revela.
Na segunda faixa, “Tomara”, ela mostra seu talento assinando com o cantor e compositor Mombaça, que já se apresentou ao seu lado várias vezes. A letra fala de uma garota que sai descalça, calça curta e nunca usa um tomara no seu triângulo das bermudas. Essa garota seria a Mart´nália? “Não sou eu não. Essa garota representa várias que circulam pelo Rio de Janeiro, perambulando e bebendo todas…”, disse, rindo.
Outro dueto, dessa vez inédito, é ela cantando com Geraldo Azevedo, que fez a canção “Se você disser adeus”, composta com Capinan e deu de presente a Mart´nália. Ela conta; “Pedi uma música para o Geraldinho há muitos anos e ele comentou com o Capinan sobre isso. Por acaso eu estava fazendo um show no Canecão e eles foram assistir. Depois disso, os dois fizeram a música. Geraldinho só me mostrou há dois anos quando cantamos juntos em Angola, e já foi logo escolhida para primeira faixa do CD. Me apaixonei pela canção”.
Esticando os duetos de “+ Misturado”, Mart’nália arrebenta cantando em francês com o artista do Congo, Lokua Kanza. A canção “Si tu pars”. “Eu adorava essa música do Lokua e como faltava uma canção assim, em francês e creole, que adoro, resolvi gravá-la. A gravadora entrou em contato que veio colocar a voz no estúdio da Biscoito Fino, aqui no Rio. Ficou uma delícia. Eu agradeço”.
Nesse álbum, ela assina outras parcerias como: “Vem cá, Vem cá” (com Zé Katimba e André da Mata) e “Libertar” com Zélia Duncan, Arthur Maia e Ronaldo Barcelos, para quem ela rasga elogios. “Vem cá, vem cá é uma parceria com o Zé Katimba, meu tiozão, adoro ele, que me mandou a música e me pediu para mexer em algumas coisas que faltavam. Mexi e gravei! Tomara é uma parceria com Mombaça, com quem eu sempre acabo fazendo um hitzinho… e Libertar com esses amigos parceiros que nunca param de produzir o que é bom”.
Do disco Quanta, de Gilberto, de 1997, ela foi buscar “Estrela” e faz uma releitura singela da canção. “Pedi para o Gil pra eu gravar essa música e ele disse sim. Depois mandei para ele ouvir e Gil adorou. Ficou feliz! E eu mais ainda!”.
Do seu padrinho, Caetano Veloso, Mart’nália gravou duas canções: “Tempo de estio”, com novo arranjo e a ousadia peculiar da artista ao fazer intervenções quando canta o trecho: ´Rio quero suas meninas...´, ela fala: “quero duas”. A outra é “Linha do equador”, que Caetano assina com Djavan. “É bacana fazer intervenções, né? Adorei também gravar essa música, que acho a minha cara. Curti muito e as pessoas estão adorando. Djavan é minha paixão. Ele me deu um supercolo no meu disco que ele dirigiu e acho tudo dele muito bom! Meu carinho por ele é imenso!”
Mart´nália fecha o disco cantando Lupicínio Rodrigues, duas canções fortes: “Ela disse-me assim” e “Loucura", dedicadas a Maria Bethânia. “É porque queria gravar duas músicas antigas assim, feito medley, e todas a Maria Bethania já tinha gravado. Eu tenho um carinho muito especial por ela. Ela também dirigiu meu CD Menino do Rio e me deu um supercolo, além de me ensinar a cantar um pouquinho mais...”, fecha.