Notícias

Em João Pessoa, será aberta hoje uma exposição que apresenta a trajetória e ações do equipamento cultural

Memória: Museu da FCJA conta sua história

publicado: 19/05/2022 08h59, última modificação: 19/05/2022 08h59
10.09.19_escola na FCJA © roberto guedes (6).JPG

Foto: Roberto Guedes

por Joel Cavalcanti*

Um dos principais museus da Paraíba abre suas portas hoje com uma novidade: uma exposição que conta sua própria história e divulga as atividades que mantém junto à comunidade local e aos visitantes de todo o país. Na capital, a partir das 9h, a Fundação Casa de José Américo se integra às atividades do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e recebe escolas, empresas e sociedade civil para apresentar através de fotos e banners as principais ações que realiza continuamente ao público, e que vão além de sua vocação natural de investigação do passado e salvaguarda do legado de seu patrono.

A programação faz parte da Semana Nacional dos Museus e tem por objetivo criar, imaginar e compartilhar ações voltadas para o diálogo com o público e o território, fortalecendo o reconhecimento e a visibilidade dos museus. “Essas ações envolvem a área do conhecimento, cidadania, educação, doação, amabilidade, esperança e lazer. A gente sintetizou nossas ações nessas sete palavras e, na exposição, destacamos como esses conceitos se traduzem na Casa de José Américo”, explica Janete Lins Rodriguez, gerente do Museu Casa de José Américo.

Têm destaque na exposição as atividades como, por exemplo, o projeto ‘A escola vai à Fundação’, a doação de livros infantis para crianças portadoras de câncer, a promoção de atividades esportivas e de banho de mar a pessoas com deficiência, além da tradicional Feira dos Aromas, que ocorrem aos sábados. As celebrações se estendem até o próximo sábado (dia 21), quando será apresentado um teatro de fantoches que adapta parte da história do patrono e de sua infância para as crianças.

Essa é também uma oportunidade para que o público em geral conheça a casa que se tornou fundação em 1982, dois anos depois da morte de seu famoso morador. O local realiza uma viagem através das perspectivas históricas, culturais e literárias que demonstram a força intelectual e a influência política do homem que foi governador da Paraíba e autor de A Bagaceira, um dos marcos da literatura regionalista. Mas a relação de José Américo com a casa teve início 25 anos antes, quando o escritor decidiu abandonar a vida pública e realizar uma espécie de autoconfinamento. E quase tudo se mantém preservado e com a estrutura similar à época em que a ela foi construída.

De hábitos simples e caseiros, José Américo gostava de receber visitantes ilustres das mais variadas vertentes, desde o presidente da época da ditadura civil-militar Castelo Branco e o escritor e comunista baiano Jorge Amado, que costuma afirmar que sem A Bagaceira jamais teria escrito o romance Cacau. Além deles, passaram pela residência localizada na orla da Praia de Cabo Branco nomes como Jânio Quadros, Assis Chateaubriand e José Lins do Rego.

Nas visitas guiadas de forma gratuita, o público é apresentado a objetos pessoais, utensílios de vestuário e medalhas do imortal da Academia Brasileira de Letras. Além disso, é possível conhecer ainda a biblioteca do escritor, que funcionava também como um gabinete de trabalho e que tinha o acesso bastante restrito.

Apenas convidados especiais eram autorizados a entrar no ambiente onde José Américo costumava passar a maior parte do tempo na companhia de um acervo com cerca de 4 mil livros. “O Museu revela a vivência de José Américo. Quando você respira esse ar você se empodera daquilo que José Américo pensou ao se instalar na Casa. Todo o riquíssimo entorno da Fundação é inspirador e fica entre o mar e a montanha. Essa paisagem inspirou ele a escrever poemas e textos maravilhosos. Na singeleza dessa casa, é difícil para eu dizer qual o melhor local”, confessa Janete Lins Rodriguez.

A Fundação abriga ainda um auditório onde acontecem exposições, palestras, sessões audiovisuais e lançamentos de livros. Em um prédio anexo à casa estão resguardados os arquivos que preservam desde manuscritos do escritor até documentos de suas atividades públicas como governador, ministro da Viação e Obras Públicas e do Tribunal de Contas da União, e como fundador da Universidade Federal da Paraíba, tendo sido o primeiro reitor da instituição de ensino. Na propriedade é possível visitar o mausoléu de José Américo, obra do arquiteto iraniano Baham Khorramchahi.

Esse é apenas um dos 58 museus registrados pelo Ibram na Paraíba, e que estão distribuídos em 22 cidades do estado. Segundo Janete Lins, o número de visitantes saltou de cerca dos 500 registrados há alguns anos para uma quantidade que ultrapassa os 2 mil nos últimos 12 meses. Os números associados às ações do FCJA servem inclusive para contrariar uma ideia disseminada de forma imprecisa na população de que na Paraíba não se tem ofertas de museus. “Hoje, temos o Museu da Casa do Artista Popular reformado, a criação do Museu da Cidade de João Pessoa, bem como a instalação do Museu da Polícia Militar – que vai ser entregue ao público em breve. O governo também é responsável pelo Memorial Abelardo da Hora, além de todo apoio que vem sendo dado aos museus com o programa ‘Primeira Chance’, no qual os alunos fazem cursos para se tornarem monitores desses espaços. Ainda temos o mais importante, que será o Museu da História da Paraíba, a ser instalado no Palácio da Redenção e vai socializar toda essa riqueza com o povo paraibano, que é o seu verdadeiro dono”, finaliza a gerente Janete Lins Rodriguez.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 19 de maio de 2022