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Memórias nipônicas

publicado: 16/10/2025 08h33, última modificação: 16/10/2025 08h33
Animação brasileira “Eu e Meu Avô Nihonjin” estreia hoje em João Pessoa
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Neto tenta saber, pelo avô, das histórias sobre a sua família japonesa | Imagens: Divulgação/H2O

por Esmejoano Lincol*

A relação entre um menino e um ancião de uma mesma família pauta, no presente, a história de Eu e Meu Avô Nihonjin, longa-metragem de animação que estreia hoje nos cinemas de João Pessoa. Mas o que essa premissa traz, nas entrelinhas, é a trajetória secular dos imigrantes nipônicos no país, cujas experiências foram extraídas de livro escrito por Oscar Nakasato e que serviu de base para o projeto. Essa estreia, a propósito, celebra os 130 anos do tratado de amizade entre o Brasil e o Japão. O filme conta com uma sessão diária no Cinépolis do Mangabeira Shopping (às 15h30); três no Cinépolis do Manaíra Shopping (às 13h30, 15h30 e 17h30); e duas no Centerplex do MAG Shopping (às 13h30 e 15h30). 

Diferenças culturais e geracionais são temas do filme | Imagem: Divulgação/Warner Bros

Dirigido por Célia Catunda, o longa acompanha Noburu (dublado por Pietro Takeda): ele decide investigar suas origens buscando como fonte uma testemunha ocular da vinda de seus antepassados para uma nova terra: seu avô, Hideo (Ken Kaneko). O menino, porém, esbarra num empecilho, a princípio, incontornável: seu avô recusa- -se a falar do assunto. Ao passo que Noburu aprofunda suas raízes para asseverar sua identidade brasileira descobrindo, neste meio tempo, a existência de um tio, Hideo permanece fincado às memórias de seu antigo país. 

O filme utiliza como fonte o romance Nihonjin, lançado originalmente em 2011 e que ganhou nova edição neste ano, pela editora Fósforo; com ele, Nakasato venceu o Jabuti. A cargo da direção, Catunda afirma que foi conquistada pela profundidade narrativa da obra original.

“As diferenças culturais e geracionais tornam essa conexão mais bonita e significativa. Foi exatamente essa sensibilidade que me motivou a contar essa história por meio da animação, forma lúdica e sensível de unir esses dois mundos, um encontro que emociona”, destaca.

Comentando as diferenças entre o livro e o longa, Catunda informa que foi necessário suprimir passagens mais violentas e temas sensíveis de modo a tornar o projeto mais palatável para todos os públicos. No filme, o personagem Noburu cresce em importância.

“Com curiosidade e coração aberto, ele enfrenta a amargura do avô, conseguindo descobrir a verdade e trazendo paz interior para ele. Essa história demonstra a importância das crianças nos processos migratórios: elas são o elo entre diferentes culturas”, sustenta.

A propósito dessa interação entre diferentes gerações, Catunda assinala que as lições mais importantes de Eu e Meu Avô Nihonjin junto ao público de todas as idades — incluindo as crianças — repousam nos laços familiares e em sua relevância.

“Afinal, o filme trata de temas como herança, memória, pertencimento e o poder das histórias que passamos adiante. Também é uma narrativa que mostra como o neto interpreta as memórias seletivas do seu avô, revelando, assim, as diferentes formas de perceber o passado”, aponta. 

Ao lado de Kiko Mistrorigo,  Célia Catunda comanda o estúdio Pinguim, responsável por animações de sucesso na TV brasileira, como Peixonauta, O Show de Luna e As Aventuras de Teca, dedicados à primeira infância e que são frutos, segundo a diretora, de um processo intuitivo.

“As famílias nos dizem que conseguimos trazer algo positivo para a vida das crianças e, consequentemente, inspirar os adultos a redescobrirem sua curiosidade diante do mundo que os cerca, retomando o encantamento pelos pequenos detalhes da vida”, finaliza.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de Outubro de 2025.