Hilton Gouvêa
Os anais da revolução industrial nos campos da eletrônica, transmissão elétrica sem fio, evolução do rádio e de motores automobilísticos registraram ontem o 74º aniversário de morte do inventor croata Nikola Tesla, o homem que brigou com Thomas Edson por descobrir que os geradores do inventor da lâmpada elétrica funcionavam errados e de forma dispersiva. Ele morreu pobre e esquecido em Nova Iorque, a 7 de janeiro de 1943.
A comunidade científica não o reconhecia, talvez por conta de seu comportamento excêntrico de afirmar que o celibato o ajudava a raciocinar melhor, e por atribuir sua genialidade à mensagens recebidas de extraterrestres. Antes de morrer foi acometido de uma doença que o fazia se queixar de clarões de luzes em seus olhos, responsáveis por alucinações.
“Ninguém acreditava nele por causa dessas afirmações, embora fosse um gênio imitado e nunca igualado”, informa o engenheiro civil Eriberto Coelho, proprietário do Sebo Cultural, em João Pessoa, pesquisador das invenções de Tesla. “Quando a indústria automobilística engatinhava, Tesla inventou um automóvel elétrico que atingiu 150 Km por hora”.
Eriberto também disse que após morrer em Nova Iorque, o croata teve o corpo resgatado pelo FBI, juntamente com seus escritos. Entre eles o raio da morte ou laser, que atualmente a Marinha Americana usa para destruir alvos à distância e silenciosamente. “Em 1930 ele assombrou a elite científica mundial ao criar um equipamento que acendeu 100 lâmpadas sem fio”, afirmou.
De inteligência rara, Tesla possuía memória fotográfica e decorava livros inteiros. Frequentou a Universidade Carolina, em Praga, mas não colou grau. Bacharelou-se em eletrotécnica pela Universidade de Graz, na Croácia. E para a surpresa de todos, tomou de Marconi, em 1943, a patente da invenção do rádio, porque o Supremo Tribunal dos EUA o reconheceu como legítimo inventor deste aparelho.
Nada mau para quem contribuiu para o estabelecimento da robótica, do controle remoto, do radar, da ciência computacional e para a expansão da balística, da física nuclear e da física teórica. Ao inventar melhorias tecnológicas para expandir a energia elétrica, ficou conhecido como “o homem que espalhou a luz sobre a terra”. Seus inventos provocavam uma surpresa atrás da outra.
Em 1894, tornou-se largamente conhecido e respeitado, por vencer “A Guerra das Correntes”. Acabara de construir um aparelho que permitia transmitir a eletricidade à grandes distâncias, sem o uso de fios. Em 1960, a conferência Genérales Poids Et Mesuré, de Paris, batizou de Campo Tesla o que a ciência tradicional passou a chamar de Campo Magnético B. Em 1881, tornou-se eletricista chefe da Cia Telefônica da Hungria.
Foi o seu prêmio por criar um engenho que repetia ou amplificava as falas telefônicas. Este seria o primeiro alto-falante do mundo. Convidado por Thomás Edson a trabalhar em projetos de eletricidade, Tesla demitiu-se imediatamente quando o americano negou-se a pagar-lhe US$ 50 mil, preço que cobrou pelo remonte de diversos geradores de corrente contínua.
50 mil dólares gera a briga dos titãs
Tesla brigou com Edson por causa de US$ 50 mil. O croata observou que os geradores de energia do americano eram ineficientes, e propôs melhorá-los em mais de 30%. Edson respondeu: “faça isto e eu lhe darei US$ 50 mil”. Consta que Tesla dedicou-se com afinco ao trabalho mas, ao cobrar o dinheiro, Edson desconversou e disse que Tesla não entendia o espírito do humor americano. Tesla retrucou: “meu humor é croata e não mistura brincadeira com coisa séria”. Em seguida, demitiu-se e deixou Edson desnorteado.
Isto aconteceu em 1885, quando as lâmpadas elétricas inventadas por Edson já se espalhavam por residências de ricaços. Tesla, menino pobre, era filho e neto de padres ortodoxos. Com o tempo, criou a lâmpada fluorescente, o controle remoto para rádio e a comunicação sem fio. Nesta fase de vida, os investidores estrangeiros gostavam do seu trabalho e não tinham dificuldades para falar com ele, pois era fluente em alemão, inglês, húngaro, latim e italiano.
Quando sua genialidade era questionada, respondia: “procure por aí se antes de mim alguém inventou coisa igual. Se você achar algo parecido, pode chamar-me de copista”.
Dizem que, mesmo solteirão, vivia cercado de mulheres e que até se relacionava com algumas, mas nunca casou. Excêntrico ao ponto de ser chamado de louco, não negava a ninguém que ouvia vozes em idiomas estranhos e que seres etéreos passavam-lhe informações que resultavam na criação de aparelhos e equipamentos complicados.
Planejou suicidar-se aos 30 anos. Desistiu porque o milionário A.K.Brown ofereceu-lhe um laboratório para pesquisar um grande sonho, a corrente alternada. Em 1895, ele usou este sistema na iluminação das cataratas do Niágara e conseguiu, com um dínamo, transmitir energia elétrica para Búfallo, a 33 Km de distância. Desde então, a energia elétrica popularizou-se, deixando de ser exclusiva dos ricos. Apesar de tudo, Tesla permaneceu no anonimato por muitos anos.