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Mostra ‘Da Margem, de Cá’ é atração do 'Projeto Panapaná'

publicado: 08/11/2017 19h05, última modificação: 08/11/2017 20h19
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Uma das mulheres fotografados por Alessandra Soares, para exposição que enfatiza as expressões e situações escolhidas pelas fotografadas - Foto: Alessandra Soares

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Guilherme Cabral

Uma das atrações que o público pode conferir, dentro da programação da segunda edição do 'Projeto Panapaná – Novembro das Artes Visuais', que a Fundação Espaço Cultural José Lins do Rego (Funesc) realiza até o próximo sábado (11), no próprio Espaço Cultural, localizado na cidade de João Pessoa, é a exposição intitulada 'Da Margem, de Cá', da fotógrafa Alessandra Soares. O acesso é gratuito para essa individual, aberta nesta quarta-feira (8), que reúne no total 17 imagens em cores e em preto e branco de mulheres que foram desafiadas a se revelarem diante de uma câmera fotográfica e está instalada no Espaço Expositivo Alice Vinagre, no Mezanino 2, cujo acesso é pela Rampa 1.

“O projeto é importante porque permite o intercâmbio entre artistas locais e de outros estados, divulga a produção dos artistas da região e fomenta as artes visuais”, disse para o jornal A União a fotógrafa Alessandra Soares, referindo-se ao 'Panapaná', evento do qual participa pela primeira vez. Ela informou que as imagens que integram a exposição - todas produzidas com câmera digital - foram realizadas na Europa, em 2016, quando viajou para o Velho Continente com esse único e exclusivo intuito de registrar as mulheres.

Nascida na capital do Rio Grande do Norte, Natal, mas criada na cidade de João Pessoa, Alessandra Soares - cuja formação acadêmica é em Arquitetura, área na qual é professora na Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e no Instituto de Educação Superior da Paraíba (Iesp) - esclareceu que, durante sua estadia na Europa, depois de mantidos os primeiros contatos com as mulheres, estabeleceu-se uma convivência que lhe permitiu, posteriormente, convidar aquelas que poderiam se enquadrar na execução do seu projeto. As que aceitaram obtiveram, de maneira espontânea, plena liberdade para escolherem detalhes como, em que data, onde e com que trajes iriam se deixar fotografar. “Eu penso que elas têm uma cumplicidade nesse trabalho, pois eu estava de um lado da câmera e elas do outro, decidindo como gostariam de ser fotografadas”, disse ela, que começou a atuar como fotógrafa em 2013, ao justificar a razão da escolha do título da exposição.

Autor do texto de apresentação da mostra de Alessandra Soares, o fotógrafo Paulo Rossi comentou para o jornal A União que a individual reúne vários ensaios dentro de um único ensaio, cujo tema geral é 'Da Margem, de Cá'. “O ensaio maior, em cores, que representa mais da metade das imagens selecionadas para a exposição, mostra uma mulher vestida numa roupa como se fosse uma bailarina posando em vários aposentos de uma grande e bela casa. É muito bonito”, disse ele.

No seu texto de apresentação da mostra, por exemplo, Paulo Rossi afirma que “'Da Margem, de Cá' é um ensaio composto por retratos de mulheres que foram desafiadas por Alessandra Soares a se revelar - como e no local que quisessem - diante de uma câmera fotográfica”. No entanto, ele faz questão de ressaltar que “revelar-se por meio de seu corpo para o outro - neste caso, para uma fotógrafa - não é coisa simples, implica em mostrar para o outro partes daquilo que você pensa ou deseja ser. Exige despojamento e coragem especialmente em tempos em que o corpo tem sido duramente castigado e encarcerado pelo pudor e pelo moralismo”.

Paulo Rossi ainda consegue observar que existem dois discursos num mesmo ensaio. “De um lado, cada mulher fotografada apresenta uma narrativa de si por meio de seu corpo, corpo entendido como sua primeira morada, seu local original e eterno (enquanto dure). De outro, Alessandra mobiliza esteticamente a plástica do lugar, da luz e das expressões corporais na tentativa de livrar - ao menos fotograficamente - o corpo e o feminino de toda “verdade” pudenta. A escolha do feminino não é aleatória, como a própria Alessandra escreveu: “Eu estava percorrendo universos na tentativa de me encontrar em outras mulheres”. Ela fala da margem de cá sobre a margem de lá, mas também entende que ambas margens pertencem ao mesmo lado”, registra ele.

A segunda edição do 'Projeto Panapaná – Novembro das Artes Visuais' ainda vai oferecer ao público outra exposição. Trata-se da individual intitulada 'Entre Falas', que Adriana Aranha abrirá nesta sexta-feira (10), a partir das 20h, na Galeria Archidy Picado, instalada no Espaço Cultural José Lins do Rego. A programação do evento ainda inclui, na mesma data, palestra sobre o tema 'Construções do Brasil no vaivém da rede de dormir' que o curador do Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói (RJ), Raphael Fonseca, proferirá a partir das 18h, no auditório da Escola de Música Anthenor Navarro (Eman). E, no próximo sábado (11), encerrando o evento, ele também vai realizar, no período das 9h às 12h e das 14h às 17h, a 'Leitura de Portfólio', no Auditório 5, Mezanino 2, cujo acesso é pela Rampa 1, no Espaço Cultural.

Lançado em 2016, o 'Projeto Panapaná' é um evento desenvolvido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba, por meio da Coordenação de Artes Visuais e da Galeria Archidy Picado, o objetivo é de promover o diálogo com os artistas locais e a comunidade, através da realização de várias atividades. O intuito é o de estabelecer uma agenda de ações que permita à Funesc consolidar sua participação no fomento das artes visuais no contexto da arte contemporânea.