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Exposição que acontecerá neste mês, na capital, promove e aprofunda o desenvolvimento das poéticas visuais

Mostra coletiva no Hotel Globo reúne artistas visuais da PB e PE

publicado: 06/01/2022 08h46, última modificação: 06/01/2022 09h04
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por Guilherme Cabral*

“Confluências” é o título da primeira exposição que a Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) realiza em 2022. A coletiva será aberta de forma presencial no próximo dia 14, a partir das 16h, no Hotel Globo, localizado no Centro Histórico da capital, e vai reunir fotografias, gravuras e instalações contemporâneas e pinturas conceituais de seis artistas do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

O público poderá visitar gratuitamente a mostra com obras de Andréa Sobreira, Elizabeth de Carvalho, Marina Soares, Kaísa Andrade, Louise Gusmão e Luciene Torres, que se estenderá até 14 de fevereiro, em todos os dias da semana, sempre a partir das 8h até as 17h30, mas vai ser preciso o uso de máscara e manter o distanciamento social, segundo Willian Macêdo, chefe da unidade do Hotel Globo e artista visual.

O objetivo da mostra é promover o desenvolvimento das poéticas visuais, além de ser parte do processo de aprofundamento arte e, também, compor uma pesquisa de mestrado das artistas que vão participar da coletiva. “Nós queremos começar a valorizar a experiência estética das novas gerações. Por isso, é extremamente valoroso para nós fazermos essa exposição”, ressaltou o diretor executivo da Funjope, Marcus Alves, para quem o evento, que será realizado através de uma parceria com o PPGAV das duas universidades federais, possibilita ao Hotel Globo ser um espaço de experimentação e de visibilidade para novos artistas.

Baiana, natural da cidade de Salvador, mas que faz mestrado em artes visuais pela UFPB, Louise Gusmão vai participar, pela primeira vez, de uma exposição na Paraíba. Em “Confluências”, ela mostrará ao público sete obras na área da arte têxtil. “Serão instalações bidimensionais e tridimensionais, além de bordado usando a fotografia, no estilo livre, contemporâneo, pois utilizo o bordado como subjetividade da poética, que são peças produzidas por mim a partir de 2016 até o ano passado, quando aproveitei o período de reclusão, por causa da pandemia da covid- 19, para criar algumas dessas obras”, informou ela.

Louise Gusmão, que fez graduação em artes visuais na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, disse que a sugestão para a realização da exposição partiu da orientadora das seis artistas, Flora Assunção, que é professora do Programa Associado de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFPB-UFPE. “Nós escolhemos o título da mostra numa referência aos fluxos de um rio, porque nossos fluxos de produção confluem pelo mesmo processo livre de criação”, disse ela.

“Espero que o nosso trabalho seja bem recebido e que o público goste. Participarei com muito prazer da exposição no Hotel Globo, do qual gosto muito e, por ser ponto de visitação turística na cidade de João Pessoa e monumento histórico, deverá atrair muitos visitantes e, com isso, divulgar o nosso trabalho. Por isso que é muito importante essa parceria das universidades com a Prefeitura de João Pessoa porque, em âmbito nacional, é muito grande a carência de espaços para a realização de mostras de artes visuais, já que o artista produz sua arte para ser vista pela população, o que é primordial e essencial ao artista. A nossa intenção é utilizar o resultado dessa coletiva na nossa dissertação de mestrado, que eu e Kaísa Andrade e Luciene Torres deveremos concluir em 2023, enquanto as outras três artistas, ou seja, Andréa Sobreira, Elizabeth de Carvalho e Marina Soares, deverão concluir em 2022”, comentou Louise Gusmão.

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'26' de Kaísa Andrade

Outra artista que participará da mostra é a pernambucana Kaísa Andrade, que reside em sua cidade natal, Recife, e também vai estar pela primeira vez numa exposição na Paraíba. “Estou muito feliz e honrada, mas ansiosa para esse evento. O próprio ato em si de preparar a montagem da coletiva já é a materialização das ideias que resultaram na produção das obras e que também faz parte do processo criativo”, analisou a artista.

“Durante a exposição, vou participar com seis fotografias, a maioria autorretrato, das quais três são transparentes e estarão penduradas no teto e vão ficar dispostas na frente de outras três imagens, mas permitindo que todas sejam vistas pelo visitante. São fotografias que sofreram interferência digital minha”, informou Kaísa Andrade.

Outra obra da artista é uma peça sonora intitulada “Chegadas e saídas”, que surgiu de convocatória que Kaísa fez no ano passado, quando solicitou do público o envio de relatos em áudio dos sonhos mais recorrentes que costumavam ter. “Fiz uma compilação desses áudios e meu irmão, que é músico e produtor, colocou instrumentos e essa peça poderá ser ouvida por quem vai estar visitando o Hotel Globo”, apontou ela, que ainda vai levar a partitura “Acontecimento contato para a tristeza”. “De início, partitura lembra música, mas o formato é o de folheto, com tiragem de 100 exemplares, contendo instruções que provocam ações nas pessoas. Quando a tiragem acabar eu farei a reposição, durante o período da exposição. Outro trabalho será uma instalação que chamo de “Desenhando limites”, em que vou bordar, na ocasião da abertura da mostra, um tecido transparente com cerca de dois metros e que vai permanecer no local para que os visitantes vejam”.

Kaísa Andrade elogiou a iniciativa. “É importante, porque a produção artística precisa sair dos meios acadêmicos e ir para as ruas, a locais onde a população tome conhecimento. Além disso, a exposição vai contribuir para ocupar um espaço histórico da cidade, o Hotel Globo, que também tem importância cultural”, finalizou ela.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 06 de janeiro de 2022