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Mostra de Leandro Costa aberta na Usina Cultural

publicado: 29/05/2018 00h05, última modificação: 29/05/2018 03h52
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Leandro disse que as obras da individual resultam do desdobramento do seu processo de trabalho, aliado ao ato da reflexão - Foto: Divulgação

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A exposição intitulada "A utopia é mais obsoleta em sentido inverso", do artista visual e pesquisador Leandro Pereira da Costa, vai permanecer aberta ao público na Galeria de Arte da Usina Cultural Energisa, localizada na cidade de João Pessoa, até o próximo dia 9 de junho. A individual - cujas obras propõem a espacialização fotográfica, por meio de intervenções que levam à descaracterização do conceito de índice fotográfico - pode ser visitada gratuitamente sempre de terça-feira a domingo, das 14h às 20h. Trata-se de um projeto selecionado no edital de ocupação da própria instituição referente ao período 2017 - 2018.

“Em A utopia é mais obsoleta em sentido inverso apresento trabalhos que resultam de desdobramentos do meu processo de trabalho e reflexão dos últimos anos, onde coloco-me a explorar a relação da fotografia com suas possibilidades quanto a um instrumento capaz de preservar a extensão do tempo focado na experimentação e no processo de criação”, disse Leandro Pereira da Costa, cuja proposta, assim, conforme fez questão de observar, “é uma reflexão estética e conceitual em torno da concepção de espaço e tempo e sua relação com a arte atual”. Nesse sentido, prosseguiu ele, “o espaço não é imparcial e neutro, nem tampouco o tempo; ambos produzem rupturas e diferenciação, que reivindicam a diferença. Vivemos tempos difíceis no Brasil e no mundo: a diáspora, a concentração de renda, o abandono de políticas públicas, a violência dos grandes centros, o cerceamento de direitos civis, o controle das mídias, o desmonte das instituições e os equívocos de retorno a um projeto político contra os avanços sociais”.

O artista visual também esclareceu a razão de ter optado pelo uso da palavra “utopia” no título da mostra. “É a categoria política que trabalhou o espaço homogeneizante e colonizador durante o projeto modernista, solicitando alterações e passagens com base em projeções e idealizações, revelando ausências, seja de minorias ou de singularidades. Em sentido inverso, realiza-se uma crítica direta e implacável à sociedade que se diz fundada na união e compreensão”, disse Leandro Pereira da Costa.

“O trabalho diz respeito ao ambiente construído, ao espaço arquitetônico como um local das inter-relações, à consideração desses domínios através da fotografia, dos enquadramentos suscitados pelo grid, da escultura e da materialidade. Ao usar essas fotografias como construções de pensamentos, estou interessado na reconceituação do espaço e nas dinâmicas sociais que sobressaem dele, incluindo a forma como o espaço intercede nas nossas relações subjetivas e como enquadramos nossos pontos de vistas plurais”, observou, ainda, o artista visual e pesquisador.

Sobre o artista

Artista visual e pesquisador, Leandro Pereira da Costa vive e trabalha entre as cidades de João Pessoa (PB) e Recife (PE). Mestre em Artes Visuais pelas universidades federais da Paraíba e Pernambuco, ele começou a aprofundar sua formação crítica e estética em 2005, nos cursos da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (RJ), onde iniciou estudos com o pintor João Magalhães, a fotógrafa Denise Cathilina, o crítico de arte Reynaldo Roels Jr (1952 - 2009) e o educador escocês Charles Watson, dentre outros artistas e professores com quem conviveu até 2009. Nos últimos anos vem desenvolvendo pesquisa focada na relação arte/arquitetura e nas reminiscências do projeto modernista. Seus trabalhos revisam esse período da história da arte, relacionando aspectos do espaço e do tempo, em uma dialética constante entre escrita e linguagem, estética e política, mídias e meios.