Guilherme Cabral
A partir desta quinta-feira (14) começa, na cidade de João Pessoa, a “Mostra José Siqueira”, um evento de cunho inédito cuja abertura será às 16h, na Sala de Concertos Radegundis Feitosa, no Campus I da própria instituição, e é realizado pela Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Paraíba (OSUFPB), em parceria com Programa de Pós-graduação em Música, no intuito de homenagear - em forma de exaltação - um dos mais importantes compositores brasileiros, o paraibano José de Lima Siqueira (1907 - 1985). A extensa programação, que vai reunir professores pesquisadores atuantes em outros três estados brasileiros (RN, PE, RJ), prossegue até amanhã, quando iniciará às 17h, e inclui atividades artísticas e acadêmicas, todas com entrada gratuita para o público.
“A Mostra objetiva resgatar a memória de um dos mais importantes compositores brasileiros que é o paraibano José Siqueira, que morreu há 30 anos. Reconhecido tanto em âmbito nacional como internacionalmente, ele foi esquecido e agora queremos prestar essa homenagem”, disse para o jornal A União a professora Dra. Luciana Noda, uma das integrantes da comissão organizadora do evento, que tem apoio financeiro da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Ela ressaltou que alguns dos participantes conheceram e conviveram com o saudoso José Siqueira e outros vão interpretar obras do paraibano.
A programação da Mostra será aberta hoje, a partir das 14h, com mesa redonda sobre o tema “Memória viva: José Siqueira na perspectiva de quem o conheceu”, com o violoncelista Márcio Malard, amigo de José Siqueira e músico aposentado da Orquestra Sinfônica Brasileira, e o compositor Ricardo Tacuchian, ex-aluno de Siqueira. Em seguida, o próprio Malard ministrará, às 17h15, Masterclass aberto de violoncelo e, às 18h30, a profª. Dra. Miriam Grosman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vai discorrer sobre o tema “Comunicações - José Siqueira: a música para piano”, enquanto a profª. Aynara Silva Montenegro (UFPB) abordará “José Siqueira e a música de câmara para sopros”. E, às 20h, será apresentado recital com Aynara Silva Montenegro (clarineta); Felícia Coelho (flauta); os pianistas José Henrique Martins e Josélia Vieira; Sandoval Moreno (trombone); Luiz Kleber Queiroz (barítono), além das também pianistas Rachel Casado e Miriam Grosman.
Já amanhã, data de encerramento da Mostra, a programação será retomada às 17h, com a atividade “Comunicações - A obra vocal de José Siqueira: expressão artística da canção à ópera”, com o professor Dr. Vianey Santos (UFPB) e o prof. Luiz Kleber Queiroz, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). E, na sequência, “O idiomatismo do violoncelo na escrita de José Siqueira: um estudo comparativo”, com o prof. Dr. Fabio Presgrave, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). À noite, às 18h30, haverá a conferência intitulada “Panorama da obra orquestral de José Siqueira a partir da organização de seu catálogo de obras”, com o prof. Dr. André Cardoso, da UFRJ e da Academia Brasileira de Música. E, às 20h, sob a batuta do seu maestro titular, Thiago Santos, a OSUFPB realiza concerto com as participações de Aynara Silva Montenegro (clarineta), Fabio Presgrave (violoncelo) e Fernando Thebaldi (viola).
Sobre o homenageado
Considerado um dos principais representantes do nacionalismo musical brasileiro, por ter uma obra que abrange ópera, oratório, sinfonias, música de câmara e solo para instrumentos e para voz, o compositor, maestro e acadêmico paraibano José Siqueira nasceu no Município de Conceição do Piancó em 1907. Na juventude, ele atuou em bandas de várias cidades do interior do Estado. Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1933, graduou-se em composição e regência no Instituto Nacional de Música (atual Escola de Música da UFRJ), onde viria a se tornar professor catedrático.
José Siqueira foi um dos grandes protagonistas da cena musical, pois atuou na fundação de vários grupos, a exemplo da Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica Nacional. E uma curiosidade: hoje, décadas após sua morte, que ocorreu no Rio de Janeiro, boa parte das partituras que produziu continua manuscrita, das quais muitas nunca mais foram ouvidas. E é justamente nesse aspecto que reside o objetivo da comissão organizadora da “Mostra José Siqueira” de resgatar a memória e a importância da obra legada pelo músico paraibano.