Guilherme Cabral
Desenhos, pinturas, objetos, gravuras, instalação, etc. - totalizando 69 obras, produzidas entre os anos de 1965 e 2017 - integram a mostra do artista multimídia paraibano Chico Pereira que permanece aberta, e vai se estender até 30 de novembro, no Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil (CCBNB), no Município de Sousa, localizado na região do Alto Sertão do Estado. A individual - que, a propósito, está sendo apresentada pela primeira vez fora da capital, João Pessoa - celebra, em formato de retrospectiva, as cinco décadas de atividades deste que é um dos nomes mais expressivos na área das artes visuais da Paraíba. O público pode visitar a instituição para apreciar as obras sempre de terça-feira a domingo, das 14h às 20h.
“É, para mim, muito significativo realizar essa exposição, porque marca toda uma vida e história não só no campo das Artes Visuais, mas, acima de tudo, por vir sendo eu testemunha, ao longo desses 50 anos, do que aconteceu na Paraíba e no Brasil, durante esse período. Isso me permitiu montar um enorme acervo de fotos, filmes, slides e outros objetos. Essa mostra é o coroamento de tudo isso que aconteceu na minha trajetória”, confessou para o jornal A União Chico Pereira, lembrando que as cinco décadas de atividades como artista visual foram completadas em 2005, mas que, desde então, essa data vem sendo celebrada - e ainda vai continuar - com outros eventos. A propósito, esta individual no CCBNB - que foi selecionada no Edital Cultural 2016 - 2018 (Lei Rouanet) do Banco do Nordeste do Brasil e é realizada pelo Ministério da Cultura, por meio da leio de incentivo a cultura - é a segunda que ele promove para marcar esse momento de sua carreira.
Intitulada de Chico Pereira – Retrospectiva 50 Anos, a exposição foi aberta em Sousa, no último sábado (30), e as obras que a integram foram escolhidas pelo curador da mostra, o também, artista visual paraibano Dyógene Chaves. “É uma seleção pretensiosa, pois Chico produziu muito, ao longo de 50 anos. Então, a dificuldade foi mais a de selecionar o que fosse mais representativo para caber num espaço do CCBNB que é pequeno. Se fosse incluir todas as obras para essa individual, elas iriam ocupar um mezanino todinho do Espaço Cultural José Lins do Rêgo, em João Pessoa”, disse ele para A União.
Nesse sentido, a proposta da exposição é exibir para o público a rica produção do artista Chico Pereira, criada em diversos meios e linguagens, a exemplo da pintura, vídeo, gravura, objeto, desenho, fotografia e arte mural. Além das 69 obras, o curador Dyógenes Chaves informou que a mostra no CCBNB ainda inclui sete vitrines, as quais contêm a parte iconográfica, constituída por documentos, folders, etc.
“Pouca gente sabe, por exemplo, que a trajetória do artista Chico Pereira se confunde com a própria história da arte da Paraíba. Basta dizer que sua vida (e sua arte) está diretamente associada a todas as ações de vanguarda no campo das artes visuais no Estado. Das incursões na arte multimídia – em que foi forjado um artista completo – até a atuação de técnico idealista e visionário na articulação do curso de Educação Artística e do Núcleo de Arte Contemporânea (NAC), da UFPB, assim como na instalação do Museu de Arte Assis Chateaubriand e da Associação Le Hors-Lá (intercâmbio internacional entre a França e o Brasil), Chico Pereira tem sido, ao mesmo tempo, mentor e ator coadjuvante de nossa história artístico-cultural – e política, claro – mais recente. A “vida e obra” de Chico Pereira é algo para ser estudado, desvendado e reconhecido pelo público. E visitar essa mostra retrospectiva já é um bom começo”, ressaltou Dyógenes Chaves.