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Mostra sobre ativista tem sessão no Bangüê

publicado: 29/08/2024 09h29, última modificação: 29/08/2024 09h29
Dois curtas e um média restaurados lembram Margarida Maria Alves
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A ativista, em cena do média-metragem “Margarida, Sempre Viva!” | Imagem: Reprodução

por Esmejoano Lincol*

A mostra Margarida Sempre Viva — Três Filmes Sobre a Luta Camponesa projeta amanhã, a partir das 19h, no Cine Bangüê do Espaço Cultural, em João Pessoa, documentários sobre a ativista paraibana Margarida Maria Alves. São eles: Encerramento da Semana Sindical do Brejo paraibano 1 de Maio de 1983 Sapé (PB) e Primeira Semana Sindical no Brejo da Paraíba, curtas-metragens de José Ramos Barbosa da Silva; e Margarida, Sempre Viva!, média-metragem de Cláudio Barroso.

As exibições são promovidas em parceria com a ONG Cinelimite e a Iniciativa de Digitalização de Filmes Brasileiros (IDFB) — estas responsáveis pelo processo recente de correção do material. A sessão, com entrada franca, contará com um debate, do qual participará José Ramos Barbosa. A mediação fica a cargo de Gian Orsini, o diretor do Bangüê.

Os três documentários também estão em exibição em mostra on-line da página do Cinelimite na internet desde o último dia 8 e permanecem disponíveis até 12 de setembro. William Plotnick, pesquisador e coordenador da ONG e do IDFB, foi responsável por digitalizar os filmes, utilizando tecnologia 2K — a película é escaneada e o arquivo resultante é salvo em alta resolução. Nestes casos, não foi possível haver uma restauração profunda do material.

 Encerramento da Semana Sindical e Primeira Semana Sindical trazem o registro da líder camponesa ainda viva, durante dois eventos importantes para os trabalhadores do Brejo. “Esses dois filmes de José chegaram até mim por intermédio do professor João de Lima, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Eu estava em João Pessoa e saímos todos juntos para almoçar e conversar sobre os curtas”, rememora o restaurador.

Margarida, Sempre Viva!, retrata Alagoa Grande nos dias posteriores ao assassinato de Margarida, alvejada na janela de sua casa em 12 de agosto de 1983. “O média-metragem veio por intermédio do cineasta Ivan Cordeiro, amigo de Cláudio Barroso. Ele trouxe o material de Recife, onde os dois residem, para João Pessoa”, recorda William.

O fato de os filmes terem sido rodados em película super-8, de aspecto frágil e com grande possibilidade de deterioração, foi o maior desafio enfrentado pelo pesquisador quando do processo de digitalização do material. “Tivemos acesso às cópias positivas de cada filme, que são as únicas existentes. Elas foram guardadas nas casas dos diretores e sofreram o impacto do tempo e do calor do Brasil. Melhoramos a qualidade do som e da cor e tentamos corrigir alguns problemas de estabilização da imagem”, ele detalha.

Americano radicado no Brasil há dois anos, William têm trabalhado na restauração de outros filmes paraibanos, ação que o faz saber mais sobre a história do estado. Ele destaca passagem extraída em discurso filmado por José Ramos Barbosa: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”.

O pesquisador também considera que o filme Margarida, Sempre Viva! tem relevância semelhante a Cabra Marcado para Morrer, documentário de Eduardo Coutinho lançado em 1984 que aborda o ativista João Pedro Teixeira, assassinado em circunstâncias similares às da alagoa-grandense. “Eu não conhecia Margarida e o meu objetivo é dar mais atenção à sua importância histórica, algo que aconteceu comigo, particurlarmente”, finaliza.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de agosto de 2024.