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Artes visuais

Mostras promovem visibilidade negra

publicado: 08/02/2023 12h32, última modificação: 08/02/2023 12h35
Na capital, Hotel Globo apresenta exposições sobre a representatividade negra e a valorização dos artistas independentes
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Alguns exemplos de pinturas do artista Guilherme Semmedo para a individual ‘Diversidade Negra’
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Alguns exemplos de pinturas do artista Guilherme Semmedo para a individual ‘Diversidade Negra’
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Alguns exemplos de pinturas do artista Guilherme Semmedo para a individual ‘Diversidade Negra’
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Peças de ‘Fragile’, de Cris Peres, mostram extensões simbólicas das ruínas coloniais que remetem ao silenciamento dos corpos negros
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Peças de ‘Fragile’, de Cris Peres, mostram extensões simbólicas das ruínas coloniais que remetem ao silenciamento dos corpos negros
Diversidade Negra - Foto Daniel Silva 1.jpeg
Diversidade Negra - Foto Daniel Silva 2.jpeg
Diversidade Negra - Foto Daniel Silva 3.jpeg
Fragile - Foto Daniel Silva 2.jpeg
Fragile - Foto Daniel Silva 3.jpeg

Temas atuais e pertinentes como a visibilidade tanto da valorização e representatividade da cultura afro-brasileira quanto do trabalho dos artistas independentes podem ser conferidos em duas exposições que já se encontram abertas pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), através do Hotel Globo, localizado no Centro Histórico da capital paraibana: as mostras Fragile e Diversidade Negra estão abertas à visitação do público gratuitamente até o dia 6 de março.

Selecionada pelo edital de ocupação do Hotel Globo, com a meta de incentivar e valorizar os artistas independentes, uma das contempladas é a individual Fragile, assinada por Cris Peres. Já o artista Guilherme Semmedo foi convidado para compor o espaço com as suas peças que fazem uma conexão entre a cultura brasileira e os países da África, com curadoria pelo diretor do Espaço Cultural Hotel Globo, Willian Macedo.

Discutir a ruptura e demolição simbólica de narrativas que participam do alicerce de silenciamento dos corpos negros femininos no curso da história. Esse é o mote de Fragile, com obras apresentadas por meio de fotoperformances e uma escultura central de madeira e tijolos cerâmicos, além de esculturas em gesso e o videoperformance A cor por trás da máscara.

“São extensões simbólicas das ruínas coloniais que remetem ao silenciamento dos corpos negros”, resumiu Willian Macedo. “O açúcar impregnado, também, tendo em vista o local onde a performance foi realizada, em uma antiga usina sucroalcooleira e a localização do próprio Hotel Globo, às margens do Rio Sanhauá onde, no início da colonização da Paraíba, funcionou o grande trânsito econômico do açúcar no Porto do Capim”, explica o diretor.

Cris Peres apontou que produziu a performance Fragile em 2021, durante uma residência artística em Pernambuco. “Eu tinha um desejo muito grande em trazer o resultado para minha cidade, João Pessoa. Esse desejo se realiza agora, em 2023, com o múltiplo Fragile e alguns desdobramentos em objetos ressignificados e esculturas provenientes da discussão sobre apagamento de corpos femininos negros”, contou a artista.

“Lançamos, no ano passado, editais para ocupação no Hotel Globo, Casa da Pólvora e Casarão 34. Agora estamos começando a mostrar os artistas que ganharam esses editais. Cris Peres foi uma das premiadas para o edital de ocupação para o Hotel Globo”, afirmou Marcus Alves, diretor executivo da Funjope. “Muito feliz porque é uma exposição que traz uma temática importante, que é a questão da representatividade das identidades negras, ao mesmo tempo em que mostra a potência criativa de artistas da nossa João Pessoa”, destacou o gestor.

Matrizes africanas
A representatividade e difusão histórica da cultura africana são abordadas na individual de Guilherme Semmedo, que busca valorizar e mostrar referências de matrizes africanas através de desenhos, pinturas, esculturas e músicas, que dialogam com a memória, identidade e cultura afro-brasileira, que ganha destaque por sua diversidade na riqueza estética.

“A exposição Diversidade Negra é uma forma de mostrar um trabalho de pintura e arte que Guilherme Semmedo fez em toda a sua vida, mostrando trabalhos realizados entre 1997 e 2022”, disse o curador da exposição. “Ambos os artistas, cada um com sua singularidade, fazem um trabalho maravilhoso sobre a presença do negro na sociedade e a invisibilidade do corpo negro, principalmente o corpo negro feminino em toda a história de colonização e alguns questionamentos sobre o tema abortado”, concluiu Willian Macedo.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 8 de fevereiro de 2023.