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Muriçocas do Miramar comemora 30 anos de alegria

publicado: 03/02/2016 03h00, última modificação: 02/02/2016 20h26
MURIÇOCAS DO MIRAMAR - ( Foto Edson Matos )   (3).jpg

Primeiro estandarte do bloco estará na avenida - Foto: Edson Matos

tags: muriçocas do miramar , folia de rua , carnaval 2016 , joão pessoa


Mais de 400 mil. Essa é a estimativa da quantidade de foliões que a diretoria espera atrair no desfile que o Muriçocas do Miramar - o primeiro bloco de arrasto pré-carnavalesco do Brasil e, também, Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba - realiza em João Pessoa hoje, tradicionalmente considerada a Quarta-Feira de Fogo e que marca, neste ano, as três décadas de existência da agremiação. A concentração - durante a qual estarão se apresentando o músico Totonho e os grupos Seu Pereira e o Coletivo 401 - começará às 20h, na Praça das Muriçocas, localizada no bairro de Miramar, de onde vai sair às 22h, rumo ao Busto do Almirante Tamandaré, na orla, com pelo menos oito trios elétricos, cumprindo um trajeto de aproximadamente cinco quilômetros tendo como a grande atração a banda Os Gonzagas. No intuito de celebrar a marca dos 30 anos, os fundadores do bloco - Antônio Gualberto e sua ex-esposa, Vitória Lima - serão homenageados e o estandarte, criado pela filha do casal, Thaïs Gualberto, e que só será conhecido na ocasião, é inspirado na histórica data.

“Os 30 anos significam a consolidação de um esforço e empenho de todos aqueles que contribuíram para criar essa maravilha que é a folia de rua. O Muriçocas do Miramar mudou a face cultural da cidade não apenas nos aspectos artístico e cultural, mas também no econômico e financeiro, pois atrai turistas e aquece a economia de João Pessoa”, disse para o jornal A União o presidente do bloco, Antônio Gualberto. A propósito, ele ressaltou, ainda, que, além das três décadas de existência da agremiação, 2016 também começa a marcar o processo de transição do Muriçocas da primeira geração para a segunda, a exemplo do anúncio de Zé Neto, que pertence à base do bloco e que será o novo puxador, em substituição a Fuba, que estará se desligando gradativamente da função. A mudança também vai ocorrer na área administrativa, com a admissão de Marília Maia e Malu Serpa.

Outra fundadora do bloco, a escritora - e, também, colaboradora do jornal A União como articulista - Vitória Lima considerou significativa a data de 30 anos do Muriçocas do Miramar. “Representa muita alegria, muita emoção e muitas conquistas, pois consegui o título de Cidadão Pessoense e dois filhos que fizeram o estandarte. É um marco histórico para nós e para a cidade”, disse ela, que nasceu em Recife, mas foi criada em Campina Grande e reside em João Pessoa.

Origem

A ideia da criação do bloco Muriçocas surgiu em uma festa de aniversário de Thiago Gualberto realizada em 1986, no bairro de Miramar, na capital. Na ocasião, um grupo de amigos convidados - formado por artistas, professores e jornalistas - brincava e, ao final da festa, que incluiu sorteios e na qual todas as crianças estavam fantasiadas de pirata, por causa da animação, as pessoas decidiram sair pelas ruas do bairro fazendo barulho, batendo em latas e panelas.

Na época, a cidade de João Pessoa ficava vazia por não existir brincadeiras de Carnaval, o que levava habitantes irem festejar o Rei Momo em Olinda, Recife e Salvador. Os fundadores, então, resolveram homenagear as muriçocas do bairro onde moravam denominando o bloco de Muriçocas do Miramar. O bloco desfilou pelas ruas da capital pela primeira vez em 1987. Na oportunidade, eram cerca de 50 foliões cantando o ‘Hino das Muriçocas’ - cujo autor é o compositor Fuba, que também criou o termo “Quarta-Feira de Fogo”, em razão do evento acontecer uma semana antes da Quarta-Feira de Cinzas - seguidos por um carro de som e por uma carroça puxada por burro conduzindo a criançada.

O primeiro estandarte do bloco foi pintado pelo artista plástico José Altino, morador do bairro do Miramar. E, a partir de então, todas essas peças vêm sendo confeccionadas por artistas da própria terra, exceção do estandarte de 1988, que foi pintado pelo artista baiano Hans Petta, que estava conhecendo a cidade e pediu para ser o autor da peça. Nomes reconhecidos em âmbito internacional também já criaram estandartes para o Muriçocas, a exemplo de Flávio Tavares, Alice Vinagre, Sérgio Lucena e Marlene Almeida. A propósito, todas as peças permanecem expostas na sede da agremiação e ajudam a contar parte da história do bloco, que, há mais de cinco anos, é considerado, por iniciativa oficializada pelo Governo do Estado para preservar e valorizar a cultura, Patrimônio Cultural e Imaterial da Paraíba.