por Guilherme Cabral*
O Museu de História da Paraíba deverá ser inaugurado em 2023, no Palácio da Redenção, localizado na cidade de João Pessoa. O coordenador responsável pela implantação desse equipamento, o artista plástico, escritor, desenhista e professor Chico Pereira, informou ainda não haver uma definição da data em que será aberto para a visitação do público. “O Palácio da Redenção está passando por uma restauração completa, com adequação dos ambientes e instalação dos elementos museológicos. É um trabalho árduo, que deve obedecer todas as normas internacionais da museologia, porque se trata de um prédio tombado e nada pode ser alterado, mas, nesses últimos anos, sofreu deteriorações que estão sendo restauradas pela Superintendência de Obras do Plano de Desenvolvimento do Estado (Suplan)”, justificou ele.
Chico Pereira ainda informou que também há o prédio anexo, que é novo, onde funciona a Casa Militar, mas que foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). “Alguns órgãos que estão no Palácio da Redenção, como a Casa Civil e o Cerimonial, vão sair no começo do ano e só vai permanecer a Guarda Militar, que é a guardiã do prédio e porque, também, mesmo transformado em museu, o Palácio da Redenção vai continuar sendo a sede histórica do Poder Executivo, inclusive com o gabinete do governador, João Azevêdo, para a recepção de autoridades e realização de eventos especiais”, explicou ele.
“É preciso entender que o Palácio da Redenção, por si, é um museu, não só pela sua arquitetura, como também pelos objetos que lá se encontram desde o século 19”, continuou o coordenador. “Como tudo lá está tombado, esse patrimônio será integrado ao museu, como vem acontecendo com outros palácios governamentais, em vários estados do Brasil, a exemplo de Pernambuco, Bahia, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará, que estão, paulatinamente, se transformando em museus, por causa de sua arquitetura e história, e alguns já estão transformados. O Palácio da Redenção continua sendo a sede oficial histórica e Museu de História da Paraíba, porque a Paraíba era o único estado que não tinha o seu museu histórico. Essa foi a razão do governador João Azevêdo ter decidido transformar o Palácio da Redenção em museu histórico”, comentou Chico Pereira.
O coordenador da implantação do Museu de História da Paraíba - Palácio da Redenção também fez a seguinte observação: “É importante lembrar que os despachos governamentais vêm se realizando na Granja Santana desde a gestão do então governador João Agripino, que foi no período de 1966 a 1971. A Granja Santana vem se aparelhando para atender às demandas administrativas do Governo do Estado”.
O plano museológico foi previamente traçado e está sendo seguido para atender a sua finalidade, que é mostrar para o público a evolução histórica do estado, desde a conquista do Rio Paraíba até os dias atuais, através de mídias analógicas e digitais, de acordo com Pereira. “Pela primeira vez, o povo vai poder penetrar e circular num espaço histórico, que antes estava restrito aos políticos e aos poderes econômico e social. Agora, os visitantes terão acesso aos ambientes restritos, inclusive o gabinete do governador, sem nenhuma cerimônia. Com isso, o Palácio da Redenção rompe a mística histórica de separação do poder e do povo e vai permitir que entre na intimidade do poder e possa apreciar os ambientes que, durante mais de dois séculos, esteve só restrito ao poder estadual. Ou seja, o museu vai ter uma missão de instrução política e democrática de que o poder emana do povo, e não do mandatário, para o povo. A partir daí, o governador passa a ser compreendido como um servidor do povo”, afirmou Chico Pereira.
Conteúdo museológico
Referindo-se aos conteúdos museológicos do Museu de História da Paraíba - Palácio da Redenção, Chico Pereira disse que estão prontos e aprovados. O equipamento vai usar desde as técnicas tradicionais até as mais modernas da museologia.
“O Museu terá ambientes, ou seja, compartimentos dedicados à história colonial da Paraíba, incluindo a história do próprio prédio; o primeiro e segundo Reinados; o período provincial; a primeira República; a Revolução de 1930; a Paraíba moderna, incluindo seus aspectos socioeconômicos e culturais”.
Segundo o coordenador, o equipamento terá ambientes para administração e pesquisas de educação, oficinas de restauração e conservação e reserva técnica. “Todos os visitantes e autoridades terão a oportunidade de conhecer a história da Paraíba”, resumiu ele.
“O governador João Azevêdo foi o que mais se interessou pela história quando implantou o Museu da Cidade de João Pessoa, revitalizou o Museu de Arte Popular, implantou o Museu da Polícia Militar e o Memorial Abelardo da Hora, que funciona no Espaço Cultural, sem esquecer da revitalização do Museu da Casa de José Américo de Almeida”, relembrou Chico Pereira.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de dezembro de 2022.