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Música na universidade

publicado: 16/10/2024 09h07, última modificação: 16/10/2024 09h07
A quarta edição do Festival MêiMundo, organizado por alunos da UFPB, tem atrações em dois palcos no estacionamento do Centro de Comunicação, Turismo e Arte
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Filosofino, Polyana Resende e Beautrois são alguns dos artistas convidados nesta edição do festival | Foto: Thercles Silva/Divulgação | Reprodução/Instagram

por Daniel Abath*

Desde 2018, um festival cultural movimenta a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) com muito conhecimento, debates e apresentações de artistas da nossa terra. E o mais interessante é que tudo começou a partir da proposta de uma turma para um trabalho de uma disciplina do curso de Relações Públicas da instituição, o que logo viria a se tornar uma prática permanente. Com o tema “Paraíba que mexe com a gente” e homenageando Totonho, a quarta edição do Festival MêiMundo acontece amanhã, a partir das 17h, no estacionamento do bloco C do Centro de Comunicação, Turismo e Arte (CCTA) da UFPB, na capital. A abertura dos shows fica por conta de Val Donato (com apresentação de Rebecca Narriê), com as atrações Banda Cajarana, Polyana Resende, Honraria MêiMundo, Filosofino e Beautrois, além de apresentações do Maracatu Quilombo Nagô, Palhaço Solare e Teu Hermano e Luara Inaiê. O evento é aberto ao público e tem a parceria da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC).

O festival vem sendo realizado sempre no estacionamento do bloco acadêmico — um prédio conhecido como Abacatão, ao lado do Departamento de Música (Demus) —, no Campus I da universidade. O festival também disponibiliza um espaço dedicado a feiras gastronômicas e de artesanato, a Feirinha Mêi Din PB.

O evento ainda propõe uma Semana Cultural, que já vem ocorrendo desde segunda-feira (14) no CCTA, com oficinas sobre produção em áudio, produção cultural, fotografia de rua e discotecagem, também abertas ao público e com direito a certificado. Uma roda de conversa entre agentes e coletivos de cultura e o Comitê de Cultura na Paraíba fecha a programação da Semana, hoje, das 17h às 19h, no Cine Aruanda, com apresentação de encerramento de Danilo Wagner e banda.

No meio do campus

De acordo com o professor André Luiz, do curso de Relações Públicas, o festival surgiu por meio da disciplina Planejamento e Organização de Eventos, em que se discute o evento como uma estratégia de relações públicas. “A ementa do curso pede que na culminância seja mobilizado um evento e de fato coloque em prática tudo o que foi discutido durante o semestre”, explica André. De posse das orientações do professor, os alunos escolhem uma temática e um formato, fazendo acontecer. 

A dinâmica já vinha ocorrendo há algum tempo, voltada apenas para o formato acadêmico, com a realização de oficinas. Eis que, em 2018, uma turma da disciplina resolveu incluir o universo musical como um dos elementos do evento, o que acabou por transformá-lo em um festival de música.

O grupo de estudantes daquele ano era pequeno (apenas 10 pessoas), mas isso não foi obstáculo para, notando a escassez de eventos dessa natureza no local, organizarem um planejamento estratégico que viabilizasse a execução do MêiMundo. De lá para cá, todas as turmas posteriores quiseram manter vivo o festival, dando continuidade ao projeto.

“Eu coloco eles numa posição de donos do evento mesmo. Eu digo pra eles que realizá-lo seria fácil pra mim, mas o objetivo da disciplina é aprender a realizar um evento. Coloco eles numa posição de tomada de decisão. Agora, tudo passa pelo meu crivo, pelo meu aval, mas eu os coloco nessa pressão mesmo, pra que eles sintam de fato o que o mercado pode pedir”, diz.

O professor atesta a evolução na complexidade de como vêm acontecendo as edições do festival, além das oportunidades que surgiram naturalmente. O evento visa o fortalecimento da cultura regional, por meio de rodas de conversa sobre cultura, fomento cultural e temas afins, tais como a fotografia voltada para cobertura de eventos. A segunda edição, ocorrida em dezembro de 2022, contou com o tema “Parahyba do Norte: o brilho dos seus encantos culturais”, em celebração à cultura e à cidadania. Já em novembro do ano passado, a terceira edição trouxe o mote “Onde a arte pulsa!”, homenageando a cantora e cirandeira paraibana Vó Mera.

Diversão e arte

As duas ambiências onde acontecem os shows ficam localizadas no mesmo local, ou seja, no estacionamento do CCTA. O Palco Besser está posicionado mais ao fundo, perto do centro acadêmico, onde se apresentarão Banda Cajarana, Polyana Resende, Honraria MêiMundo, Filosofino e Beautrois. Já o Espaço Agreste fica no polo oposto, próximo ao Demus e funcionará nos intervalos de troca de atrações no Besser, com performances e apresentações de Maracatu Quilombo Nagô, Palhaço Solare e Teu Hermano e Luara Inaiê.

André revela que Totonho receberá uma homenagem simbólica das mãos de uma das fundadoras do MêiMundo, a organizadora de eventos culturais Cátia Regina. “Cátia fazia parte da primeira turma, lá de 2018, então ela tem todo esse arcabouço de construção”.

A cantora e compositora Val Donato conta que o convite para a abertura dos shows foi fruto da parceria entre o festival e a Parahyba FM. “A gente dando aquela força na divulgação e redes sociais e chegando junto do festival para ampliar o alcance da nossa marca junto ao público, que tem a ver com a rádio”, afirma a cantora, que dará o pontapé inicial na programação, mas não se apresentará no palco.

Polyana Resende conta que esta é a primeira vez que participa do festival, mas que já está pronta para fazer o público sambar. “Tenho a expectativa que será muito legal. Vai ser um show com uma hora de duração e vamos apresentar músicas autorais e clássicos do samba”, declara a sambista, agradecida pelo convite e desejando vida longa ao projeto.

A ideia de focar na cultura paraibana e em sua diversidade de artistas locais — não apenas da música, mas também do artesanato — com o fomento da economia criativa — nunca é demais para Val. “Sinto falta de mais festivais universitários, coisa que já foi muito comum de acontecer”, destaca.

Para André Luiz, o Festival MêiMundo é sensível, sobretudo, ao local de manifestação da cultura paraibana. “A gente costuma dizer que é como se a cultura tivesse na nossa parte dizendo assim: ‘Olha, dá um espaço pra gente!’. Principalmente ali no CCTA, que é onde estão as manifestações artísticas de dança, pintura, música, cinema, audiovisual como um todo. Então é uma forma da gente valorizar o espaço e valorizar o nosso local, a nossa Paraíba, as nossas diversas formas de contemplar o saber artístico”, conclui.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 16 de outubro de 2024.