O fim de semana levanta a batuta para a música erudita na capital e em Campina Grande. Dentro da programação da 16ª edição do Festival Internacional de Música de Campina Grande (Fimus), o Coro de Câmara de Campina Grande apresenta, hoje, às 20h, no Teatro Municipal Severino Cabral, no Centro de Campina, o projeto Vozes Ancestrais — a Música Coral Afro-Indígena Brasileira, com regência de Vladimir Silva. A entrada é gratuita mediante convites disponibilizados na plataforma Sympla.
Em João Pessoa, também hoje, às 20h, na Sala Radegundis do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA), do Campus I da UFPB, a Orquestra Sinfônica da UFPB, regida por André Muniz, apresenta o concerto Cordas que Libertam - A Música Encanta, a Memória Ensina, com entrada franca por meio de fichas disponibilizadas por ordem de chegada, a partir das 19h. A apresentação tratará sobre a chaga do fascismo na história, atentando para a memória das vítimas das Guerras Mundiais, focando em obras de Dmitri Shostakovich (1906-1975) e Johann Strauss (1825-1899).
Cântico ancestral
Um coro de 42 vozes prepara-se para apresentar o espetáculo Vozes Ancestrais, projeto contemplado com a Bolsa Pixinguinha de Música 2023, em iniciativa da Funarte. Entre mil propostas submetidas ao edital, a do Coro de Câmara de Campina ficou entre as três primeiras colocadas.
A apresentação trará compositores brasileiros que dialogam com tradições musicais de comunidades quilombolas e povos originários. “São obras baseadas em melodias coletadas em comunidades quilombolas e indígenas”, explica o maestro Vladimir Silva.
Segundo ele, o concerto está organizado em três blocos distintos. “O primeiro é dedicado à música sagrada afro-brasileira, com temas da Umbanda. O segundo traz um set de música indígena e a última parte mistura elementos afro e indígena, com coco, maracatu, toada de boi e música popular brasileira”, detalha.
O repertório será executado a capela e com acompanhamento instrumental, mesclando a música coral tradicional em passeio por compositores paraibanos, como Eli-Eri Moura, além de cantores e cantoras da música popular brasileira da atualidade, como Iza. “Encerramos cantando ‘Fé’, que foi também regravada por Caetano e Bethânia”.
Para esta edição, o coral contará com a participação de instrumentistas convidados, entre eles o pianista Jessé Oliveira, o percussionista Viktor Makeba, além de conjunto de flautas, violoncelo e violão. Em programa sem aplausos, uma narrativa conduzida pelo ator Alex Brasil fará conexão entre as músicas e textos sobre racismo e questões estruturais abordadas pelo coro.
O projeto já percorreu diferentes regiões do país, em cidades como São Luís (MA), Belém (PA) e Manaus (AM), em visitas a manifestações culturais locais e comunidades tradicionais. “Não era apenas sobre música, era uma imersão de cultura, porque o projeto tem essa perspectiva de uma cidadania que se consolida por meio da arte e da cultura”, diz Vladimir. “Esperamos, é claro, ampliar ainda mais o espetáculo e mostrar em outras cidades, como João Pessoa e o interior, que precisa ter acesso a esse patrimônio também”.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 12 de setembro de 2025.