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Cultura Popular

Na busca de valorizar os forrozeiros

publicado: 28/06/2023 09h20, última modificação: 28/06/2023 09h20
Criada em fevereiro, a Associação dos Forrozeiros da Paraíba já contabiliza aproximadamente 100 integrantes
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Sanfoneiro Ecarlos Carneiro é o presidente da ASFPB - Foto: Acervo Pessoal
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Na foto, o vice-presidente, intérprete, compositor e poeta Alexandre Pé de Serra - Foto: Acervo Pessoal
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por Joel Cavalcanti*

A Câmara dos Deputados aprovou na última semana o regime de urgência ao trâmite do projeto de lei que determina o repasse de 80% dos recursos das festas juninas para artistas ligados ao forró e à cultura regional. Batizado de Lei Luiz Gonzaga, e informalmente chamado de PL do Forró, o projeto tem apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL) e ganhou força depois do desabafo que o paraibano Flávio José realizou no palco do São João de Campina Grande contra a redução do seu tempo de apresentação em detrimento da atração que viria a seguir, do sertanejo Gusttavo Lima.

Para representar os forrozeiros que têm tido seu espaço reduzido até nas tradicionais festas juninas, foi criada em fevereiro a Associação dos Forrozeiros da Paraíba (ASFPB). “O grito de Flavio José repercutiu no país inteiro e ficou feio para o São João de Campina Grande. Os turistas vêm para a Paraíba não é para ver axé ou sertanejo, eles querem ouvir forró e o que é de nossa tradição, que estamos abandonando isso pouco a pouco”, afirma o presidente da entidade, o economista e sanfoneiro Ecarlos Carneiro.

Apesar do pouco tempo de criação, a ASFPB já reúne, segundo o presidente, entre 30 a 40 trios de forró e artistas individuais, totalizando um número aproximado de 100 integrantes. A associação promete intensificar o trabalho de posicionamento político sobre esse tema e outros assuntos de interesse da classe. “Estamos em busca de valorização da categoria dos forrozeiros, que têm perdido muito espaço que hoje se encontra em dificuldades. Ao se tratar de artistas de menor expressão, eles não conseguem sequer se apresentar nas festas, e quando se apresentam os cachês não pagam nem os custos do artista ou grupo musical”, denuncia Carneiro.

A maior parte dos membros está concentrada na capital, além de Campina Grande e Pilões; o plano é chegar em municípios como Bananeiras, Patos, Cajazeiras e Monteiro

A associação segue um modelo de representação que existe em Brasília e na maioria dos estados do Nordeste, mas que na Paraíba ainda não existia uma entidade de forrozeiros que pudesse interferir no diálogo com a sociedade e a classe política. Por enquanto, a maior parte dos integrantes está concentrada em João Pessoa e em menor número em outras cidades como Campina Grande e Pilões. Os planos agora são de expansão de representantes para as regiões que produzem as maiores festas juninas do estado, a exemplo de Bananeiras, Patos, Cajazeiras, Monteiro, Santa Luzia, entre outras.

Além de produzir um programa de rádio com programação exclusiva de forrozeiros com trabalhos autorais, a Associação dos Forrozeiros da Paraíba busca ampliar seus trabalhos com a aquisição de um espaço para apresentação dos associados e servir como fonte de renda para a manutenção de suas atividades. “É nesse ambiente de total descaso com a verdadeira cultura que a associação surge, na tentativa de melhorar alguns aspectos que regem a relação dos forrozeiros com o poder público e a sociedade de maneira geral”, reforça Ecarlos Carneiro.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 28 de junho de 2023.