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Na Paraíba, intelectuais lamentam morte de Cony

publicado: 08/01/2018 18h05, última modificação: 08/01/2018 18h11
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Além de crônicas e romances, Carlos Heitor Cony também atuou em revistas e na TV - Foto: Divulgação/Ana Paula Oliveira

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Leonardo Andrade

“Ele deixa um grande legado, sobretudo para quem acompanhava de perto suas crônicas e seus artigos”, ressaltou o presidente da Associação Paraibana de Imprensa (API), João Pinto, referindo-se ao trabalho do multifacetado Carlos Heitor Cony, que morreu na noite da última sexta-feira (5), no Hospital Samaritano no Rio de Janeiro, após falência de múltiplos órgãos. A informação foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), na qual era membro há quase 17 anos. Cony era escritor, jornalista e cronista, além de romancista. O corpo será cremado na tarde desta terça-feira (9) no Memorial do Carmo, na capital carioca.

O presidente da Academia Paraibana de Letras (APL), Damião Ramos Cavalcanti, conheceu Cony entre os anos de 1963 e 1964 por meio de seus livros, no qual já eram lidos pelas pessoas que militavam na ação católica. Nesse tempo, ele já era considerado um dos ícones dos escritores para a juventude. Damião o conheceu pessoalmente quando esteve em Brasília, onde o cronista demonstrava ser uma pessoa lúcida e competente. “Da última vez que ele veio à Paraíba, tinha o desejo de escrever a biografia de José Lins do Rego, que infelizmente não se concretizou, guardo dele uma memória de pessoa construtiva na imprensa brasileira e um bom escritor, espero que a morte não venha apagar em mim essas recordações”, finalizou em entrevista ao jornal A União.

Segundo o presidente da API, João Pinto, essa foi uma grande perda para o jornalismo brasileiro, pois, além de ser jornalista e escritor, Cony foi colunista de diversos jornais. “Ele deixa uma lacuna muito grande e um legado extraordinário. Nós teremos que renovar este quadro de bons escritores para que futuramente tenhamos excelentes cronistas como ele”, destacou João, ressaltando que Carlos Heitor irá fazer muita falta.

Foi a partir do ano de 1991 que Cony teve um de seus problemas graves de saúde, após sofrer uma anestesia de nove horas de duração. Em 2001 aparece um novo problema, o escritor tinha sido diagnosticado com câncer linfático, que após as quimioterapias foi gradativamente perdendo suas forças. No ano de 2003 o jornalista leva um tombo na Feira FrankFurt, na qual lhe rendeu um coágulo no cérebro, piorando seu estado.

Foi por meio dessas situações que se tornou pública a sua devoção por santos, embora agnóstico (uma pessoa que não nega nem afirma a existência de Deus), segundo o Jornal Folha de São Paulo. Após depoimentos, o escritor manifestou apego a santos como Maria e mantinha em casa imagem de Santo Antônio, além de uma aproximação com a ideia da existência de Deus.

Carlos Heitor Cony

Filho do jornalista Ernesto Cony e de Julieta Morais Cony, Carlos nasceu em 14 de março de 1926 no Rio de Janeiro. Fez Humanidades e o curso de Filosofia no Seminário Arquidiocesano de São José no Rio Comprido. Em 1952, torna-se redator da Rádio Jornal do Brasil e de 1958 a 1960 ainda jovem colaborou no Suplemento Dominical do Brasil (SDJB), com contos, seminários e traduções. Com a revolução de 1964 é preso diversas vezes e passa um período na Europa e em Cuba.

Colaborou por mais de 30 anos na Revista Manchete e dirigiu Fatos&Fotos e Ele e Ela. A partir do ano de 1985 até 1990 foi diretor de teledramaturgia da Rede Manchete, produzindo e escrevendo sinopses das novelas como A Marquesa de Santos e Kananga do Japão. Em 1993 substituiu Otto Lara Resende na Crônica diária do Jornal Folha de São Paulo no qual foi membro do conselho editorial. Algumas crônicas: ‘Garotos das Meias Vermelhas’, ‘Os Estatutos do Homem’, ‘Noites de Junho, Noites de Ourora’, ‘Pranto para o Homem que Não Sabia Chorar’.