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No sereno das canções

publicado: 04/09/2025 08h44, última modificação: 04/09/2025 08h44
Mayra Montenegro e Pedro Paz transformam suas apresentações de “Para Alma Serenar” em disco, que estreia, hoje, nas plataformas digitais e tem lançamento em show na Vila do Porto

Dupla lança disco após muitas apresentações das canções | Imagem: Divulgação

por Esmejoano Lincol*

Da amizade de duas décadas entre os músicos paraibanos Mayra Montenegro e Pedro Paz, nasceu o espetáculo autoral Para Alma Serenar, que mescla canções, poemas e pequenas intervenções teatrais, apresentado há alguns anos na capital. A dupla “encapsula” parte das faixas ouvidas nessas apresentações em disco homônimo, que chega hoje às plataformas de música. Os artistas celebram esse lançamento com um show hoje, a partir das 21h, na Vila do Porto (Varadouro, João Pessoa). Os ingressos estão disponíveis no site Shotgun: R$ 40 (inteira), R$ 30 + 1 kg de alimento não perecível (social) e R$ 20 (meia e promocional). Quem abre a noite é o cantor Erick de Almeida.

“Tem funcionado bem. Não parece que sou eu que faço, parece que só estou descobrindo algo ali que já existia. Nas últimas letras, Mayra tem me enviado áudios cantando trechos, como pontos de partida, e me pede um determinado estilo musical, para que eu faça parecido”, detalha ele. 

Dupla lança disco após muitas apresentações das canções | Imagem: Divulgação

A seguir, os amigos comentam Para Alma Serenar, faixa a faixa.

Triste manhã”

“O galo ‘corococou’ / Não foi por mim / Mas me acordou”. Os versos melancólicos ganham a voz da dupla, que apontam para o fato de que o dia nasce independentemente da nossa vontade ou das nossas angústias diárias. “A tristeza me traz muito mais inspiração, porque me faz olhar para dentro e tentar expressar o que sinto. Penso que pode ser um conforto para os que ouvem, perceber que não estamos sozinhos nesse desafio diário que é viver”, diz Mayra.

O passarinho rosa”

“E depois voou / Em direção ao sul / Depois se perdeu / No azul”. Com ares de cantiga infantil, é a única faixa do disco escrita apenas por Pedro; os vocais dos intérpretes foram mixados separadamente, de forma que um fosse “resposta” do outro. “Fui inspirado depois que vi um show de Eleonora Falcone cantando uma música de Pedro Osmar, que falava de passarinho. Quando cheguei do show, vi minha filha brincando na sala. Daí, fiz letra e música, tudo junto”, recorda Pedro.

Ventura”

“Saias e fitas, leve voar / Vida de vento, rosa no olhar / Menina da saia rodada / Que sonhos quer me contar?”. A canção é marcada pela junção de vozes no refrão, que se alternam — solo, no começo e no fim da faixa. É formada por rimas e aliterações, que, na visão de Mayra, contribuem para enriquecer a composição. “Adoro explorar as imagens das palavras e brincar com sonoridades e sentidos. Penso que nessa faixa conto os sonhos e as ilusões da menina que fui e ainda trago comigo”, afirma ela.

 “Canto para menina“

“Um dia, na beira do mar / Meu sonho a onda engoliu / E nele foi minha menina pro fundo do mar / Meu sonho, na onda sumiu”. Música que representa, segundo Pedro, a interseção entre as influências regionais do duo e a vivência acadêmica de música de câmara. “Fiz arranjo de cordas para o Pulsa, segundo disco do Baluarte, banda que fiz parte por muitos anos. Gostei tanto da experiência que quis repetir esse tipo de instrumentação no Para Alma Serenar”, informa ele.

 “Rima da saudade

“E a música que eu fiz / Já rimou amor e dor / A vida zombou de mim / Só saudade sei compor”. A dupla direciona a canção para o forró a partir da sanfona de Pedro; conta com os vocais de Tainá Macêdo, Ana Rosa, Jéssica Cardoso, Iago Peregrino, Erick de Almeida e Thiago Bezerra. “Na verdade, nem escrevi pensando em algum gênero. Eu quis imitar meu avô materno, que era poeta e gostava de escrever quadrinhas. Pedro foi quem ouviu esse ‘xote de saudade’”, justifica a intérprete.

 “Amor louco

“De que é feito esse coração / Lágrimas de sangue, suor frio?”. Abrindo com um solo de Marcelinho Macêdo na guitarra, essa faixa emula parte da aura passional presente no show, graças às intervenções dramáticas de Mayra, ainda que, neste caso, quem assuma a titularidade dos vocais seja Pedro. Ainda assim, ele revela que a amiga é sua referência quando se trata de ampliar o leque de sua performance nos palcos. “É uma grande mestra nesse aspecto e eu aprendo muitíssimo”, atesta o músico.

Você não sabe da rosa”

“Você não cheira a canção / Você não olha as estrelas / Faz pouco do violão”. Samba que mistura a percussão de Tainá Macêdo, Alan Silva, Naldinho Repick e Iago Peregrino, com o arranjo de cordas, a cargo de Ana Rosa e Marina Galvíncio. “A minha rosa foi inspirada na rosa de O Pequeno Príncipe. Penso que estamos vivendo tempos de amores líquidos, frágeis. Proponho mergulhar profundamente na beleza da imperfeição de outro ser humano e abraçar relações mais significativas”, explica Mayra.

Para alma serenar”

“É preciso o sal do mar / Para a alma serenar / E do sol o seu calor / Pela vida ter amor”. A música que dá nome ao projeto responde o que é preciso para ter o espírito tranquilo, ainda que Mayra Montenegro e Pedro Paz estejam ansiosos pela próxima empreitada. “O disco nasceu de metade das músicas do espetáculo. A outra metade — spoiler! — fará parte de outro álbum nosso, que se chamará Açude. Gravar esse segundo disco já tem deixado minha alma inquieta!”, finaliza ele, rindo.

Através, deste link, acesse o site para compra de ingressos 

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 4 de setembro de 2025.