Começou despretensiosamente, como uma festa de despedida para a amiga e atriz Mayana Neiva, que estava de mudança para São Paulo. Logo, o evento pontual transformou-se num projeto que acompanha de forma carinhosa e poética a vida da paraibana Suzy Lopes. Depois de passar pelo Rio de Janeiro, onde a atriz mora atualmente, e pelo Natal da Usina, em João Pessoa, no mês dezembro passado, o Sarau de Suzy ganha hoje, às 19h, uma nova edição, com convidados: desta vez será na Casa Furtacor, também na capital, situada no bairro do Castelo Branco. A entrada é franca, mas, em razão da limitação do espaço, será necessária a reserva de lugares por meio do site Sympla.
Participam hoje os artistas Cláudio Albuquerque, Jorge Félix, Juzé, Kelner Macêdo, Mira Maya e Paulo Vieira, marido da atriz. A inspiração para o sarau partiu do CEP 20.000, projeto similar dos poetas brasileiros Chacal e Guilherme Zarvos e que ocupa espaços de cultura do estado do Rio de Janeiro há duas décadas.
“Ele não foi criado com a ideia de durar tanto tempo, eu fui lá fazer uma brincadeira poética. Mas aí a noite foi tão massa que Rodrigo e Patrícia, donos do Empório Café, na orla de João Pessoa, quiseram repetir no ano seguinte. Quando vi... 18 anos se passaram”, declara.
A dinâmica é modificada a cada edição, a depender dos convidados e do conteúdo apresentado — “a regra é não ter regra” assevera Suzy. Desta vez, ela bagunçará ainda mais o coreto com uma novidade: pela primeira vez, trará a público, de forma mais extensiva, textos autorais, como parte de um dos planos que tem para 2025 — o lançamento de um livro.
“Ainda sou muito insegura com minha escrita e não mostro muito. Vou começar a exibir um pouco do que desenvolvo para ver se terei coragem mesmo de lançar uma obra. Será que vem ai?”, projeta.
Sarau apaixonado
Dentre as poesias que pretende compartilhar no evento desta quarta--feira está “Xerim xeroso”, conjunto de versos matutos que é um dos prediletos da artista. Ainda fazem parte desse repertório criações de Clarice Lispector, Gustavo Limeira, Luiz Gonzaga e Pedro Índio.
Outros autores estão no radar das apresentações, como a também atriz e poeta capixaba Elisa Lucinda. “Também trago sempre Lúcio Lins e a sua ‘Maria das águas’. O sarau quase sempre é um reflexo de como ando, do que está se passando no meu íntimo, ou tem haver com o espaço que acontecerá. E o de amanhã [hoje] tem muita paixão”, define.
Além de espontaneidade e da poesia, o sarau costuma ter música —Suzy elenca as recorrentes participações de Myra Maya, Renata Arruda, Nathalia Bellar, dizendo que elas são as “musas” do evento, desde quando era realizado no Empório Café, na capital.
“No último Natal da Usina, fizemos algo muito potente nesse sentido. Primeiro porque eu já abri o sarau cantando, coisa que nunca tinha feito. Tivemos ainda as presenças incríveis de Elon, Lucy Alves, Maria, Liss Albuquerque e Jurandy do Sax”, recorda.
Outros amigos, que
também transitam entre
o teatro e outras manifestações artísticas, também comparecem à empreitada. Suzy rememora que, nesses 18 anos, Nyka Barros, Flávio Lira e Jorge Félix foram três dos “sócios” do projeto, que sempre tinham uma performance para mostrar.
“O sarau é isso: um caldeirão de arte; e seu tempero é a poesia falada e cantada. Mas também tem a dança e a expressão artística que cada um quiser oferecer. Continuaremos a fazer quando voltar para o Rio e, em breve, em São Paulo”, informa.
Motivos para agradecer
Suzy não pode adiantar muito, mas outro de seus principais projetos para 2025 é a participação na novela Guerreiros do Sol, que o Globoplay adiciona ao seu catálogo em abril. Ela dará vida a Celsa, personagem que terá sua vida marcada ao cruzar o caminho de Josué (Thomás Aquino), líder do bando de cangaceiros.
“Pela primeira vez na Globo eu faço um drama. Desde que entrei na casa, meus trabalhos foram cômicos. Celsa é uma personagem forte, com um arco bonito na dramaturgia. Já assisti ao primeiro capítulo e fiquei muito feliz com o que vi. Digamos que está tudo no ‘padrão Globo’”, revela, brincando.
Ela também finalizou as gravações de dois curtas-metragens. Um deles, ainda sem título final, foi dirigido por Gustavo Campos e conta com o ator Tonico Pereira à frente do elenco: “filmado em plano-sequência, apenas conosco em cena”, detalha.
O segundo é Presépio, de Felipe Bibiano. Ela ainda volta a atuar em um longa-metragem, O Agente Secreto, do realizador pernambucano Kleber Mendonça Filho. Nesse, ela contracena com Wagner Moura, o protagonista do filme. “E parece que estarei, em 2025, de volta no palco sagrado do teatro. Tenho saudade!”, diz.
A paraibana concluiu 2024 em grande estilo: além do final da novela No Rancho Fundo, ela foi homenageada pelo Fest Aruanda. Reconhecendo o quão especial foi o ano passado, Suzy pressente que terá um 2025 ainda mais feliz.
“Desejo ganhar do universo muita saúde e equilíbrio espiritual. E bons projetos para continuar vivendo do que mais me faz feliz que é a minha arte. Sou uma pessoa que só tem motivos pra agradecer”, arrematou.
Acesse o site para reservar os ingressos
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 08 de janeiro de 2025.