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Noite terá muito “Toca, Raul!”

publicado: 04/12/2025 08h53, última modificação: 04/12/2025 08h53
Fest Aruanda abre hoje sua programação na praia, com show e discotecagem em tributo a Raul Seixas
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Vivi Seixas, filha de Raulzito, promete espetáculo imersivo | Foto: Reprodução/Facebook DJ Vivi Seixas

por Daniel Abath*

Em 28 de junho de 2025, Raul Seixas (1945-1989) completaria 80 anos. Rendendo homenagens àquele que é por muitos considerado o pai do rock nacional, a 20ª edição do Fest Aruanda do Audiovisual Internacional da Paraíba abre o palco no Busto de Tamandaré, a partir das 18h, para uma programação dedicada ao eterno maluco beleza. A telona na areia exibirá o documentário Raul - O Início, o Fim e o Meio (de Walter Carvalho, 2009), seguido, às 20h30, do Tributo Raul Seixas 80 Anos – show inédito com Val Donato, Nathalia Bellar, Arthur Pessoa, Totonho, Elon, Sandra Belê, Luana Flores, Fuba, Mira Maya e Juzé. Fechando a noite, às 21h30, as DJs Vivi Seixas (filha de Raul) e Paula Chalup fazem o Rock das Aranhas Live Show. O evento é aberto ao público.

“A energia é cinematográfica, emocionante e intensa. É rock com impacto sensorial”, garante Vivi, entusiasta da música eletrônica há mais de 20 anos. “O público pode esperar um espetáculo imersivo onde o grande protagonista é o meu pai. Trabalhamos as faixas originais com um cuidado enorme. Remasterizamos, limpamos, mixamos e abrimos frequências para trazer brilho, punch e atualidade às gravações, sem transformá-las em outro estilo. É Raul em alta definição, como se tivesse sido gravado ontem”.

O domínio da experiência é dele, Raulzito, mas na performance ao vivo a filha do rei, ladeada por Paula Chalup, conta ainda com a participação especial da guitarrista Thati – para a noite, Seixas escolheu trabalhar o set com as canções clássicas de Raul, que tanto embalam gerações até hoje. VJ Spetto é quem assina a narrativa visual que dá o brilho cinematográfico ao show.

A ideia de reler o repertório de Raul no contemporâneo parte de um desejo da filha em apresentar a potência do pai. “Não queríamos modernizar a obra mudando seu estilo. Queríamos revelar novas camadas de emoção e profundidade que já estavam ali. Nosso objetivo não era transformar, era potencializar”, afirma Vivi. Mesmo partindo do universo da música eletrônica, ela diz viver o universo e o código estético do pai desde o nascimento, tendo crescido em meio a uma atmosfera de irreverência, liberdade, provocação e criatividade, sem quaisquer amarras.

Ela pontua que deixa entrever sua identidade musical na forma com que conduz o espetáculo – escuta técnica, curadoria sonora e narrativa de palco. “Esse contato constante faz a obra dele crescer dentro de mim de outras formas, não só como filha, mas como artista. A cada show eu descubro novas camadas, novas leituras, novas emoções”, atesta.

Vivi Seixas começou sua carreira em 2003, fortemente influenciada pelos estilos do funky e da house music produzida em Chicago (EUA). Produtora musical com formação na Pyramid Media & Music Production School (Califórnia), lançou Geração da Luz, seu primeiro álbum, em 2013 – com 11 faixas que reverenciam o cancioneiro do pai –, além de Smoke and Sweat (2018) e remixagens de Rita Lee, Hanoi Hanoi e Mamonas Assassinas. Recentemente, emplacou o EP “Fica” pela californiana Vessel Recordings, com remixes de Hector Moralez e do duo Nonfiction, e vem tocando a festa Tulipa no D-Edge de São Paulo, voltada para a cultura do vinil e o protagonismo feminino dentro dessa linguagem.

“No Nordeste, eu sempre encontro uma energia muito genuína. O público é quente, intenso, presente, vive o momento de uma forma que transforma qualquer apresentação. Existe uma entrega emocional que faz tudo ganhar outra dimensão. Por isso, tocar no Nordeste sempre deixa uma marca na gente. É uma troca muito verdadeira”.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 4 de dezembro de 2025.