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O fim está próximo

publicado: 30/10/2025 08h40, última modificação: 30/10/2025 08h40
Com Selton Mello e Marjorie Estiano, Enterre Seus Mortos estreia hoje nos cinemas com um horror apocalíptico
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Marjorie Estiano e Selton Melo formam um casal que trabalha retirando animais mortos de estradas | Foto: Divulgação/O2 Play

por Esmejoano Lincol*

Quando a fluminense Ana Paula Maia lançou seu livro Enterre Seus Mortos, em 2018, o cenário audiovisual brasileiro era diferente. Na época, não tínhamos um Oscar, e o Globoplay não desenvolvia conteúdos originais. Oito anos depois, tudo mudou: foi justamente por meio de um produto dessa plataforma — o longa-metragem Ainda Estou Aqui — que ganhamos nossa primeira estatueta de Melhor Filme Internacional, em 2025. O novo projeto do player, que estreia hoje em João Pessoa, é a versão cinematográfica de Enterre Seus Mortos — adaptação dirigida por Marco Dutra com os atores Selton Mello e Marjorie Estiano liderando o elenco. As sessões, concentradas no Cinépolis do Manaíra Shopping, são às 13h, 15h45, 18h30 e 21h15.

Na fictícia cidade de Abalurdes, Edgar Wilson (Mello) tem um ofício peculiar: ele recolhe animais mortos das rodovias locais, ao lado do colega Tomás (Danilo Grangheia), padre excomungado pela igreja. A chefe de ambos e namorada de Edgar, Nete (Marjorie Estiano), complementa o trabalho registrando todas as ocorrências, mantendo o fluxo das estradas. 

Imagem: Divulgação/O2 Play

Mas há um silencioso desespero no ar: sinais iminentes do apocalipse colocam o município em estado de alerta ao passo que seus habitantes são cooptados por religiosos. As coisas ficam ainda mais estranhas quando Edgar encontra cadáveres de seres humanos e tenta dar um fim digno aos corpos — uma missão que se revela mais difícil do que parece.

Enterre Seus Mortos é uma coprodução do Globoplay com a RT Features, produtora de Rodrigo Teixeira, conhecida pelo desenvolvimento de adaptações literárias para o cinema. O diretor e roteirista Marco Dutra é um realizador experiente no gênero: em trabalhos solo ou com a parceira Juliana Rojas, explora elementos culturais conhecidos.

Lendas urbanas como a do lobisomem ou do boneco supostamente amaldiçoado do Fofão alicerçam longas--metragens como Trabalhar Cansa (2011), Quando Eu Era Vivo (2014) e As Boas Maneiras (2017). O horror social também está presente nesses títulos, assim como em O Silêncio do Céu (2016). O último crédito de direção para Dutra no cinema foi para Todos os Mortos, de 2020.

Comentando a matriz literária quando de sua premiere, no Festival Internacional do Rio de 2024, Ana Paula Maia afirmou ter se antecipado à pandemia e ao seu clima apocalíptico. “E acho que não só eu. De alguma forma estava no ar”, disse a escritora, em entrevista ao portal Adoro Cinema.

Comparando o livro com a adaptação de Dutra, ela disse estar confortável com as mudanças encampadas pelo diretor, sobretudo no perfil do protagonista, Edgar. Na obra literária, o personagem é fã de longas de ação e assume uma postura mais ativa. “O filme é do Marco. E o Edgar do filme é uma releitura”, sustentou Ana Paula, na coletiva de imprensa do Festival do Rio.

Entre os coadjuvantes de Enterre Seus Mortos, além de Betty Faria (no papel de Helena), está Gilda Nomacce, musa do cinema independente de São Paulo. Em setembro, a artista viralizou nas redes sociais graças a uma participação em um telejornal da TV Mirante, do Maranhão.

Disposta a divulgar o filme, Gilda “entrou no clima” do longa. Ela encerrou o programa com um estridente grito de horror, logo cortado pela apresentadora. Apesar da “censura” e das reações de parte do público, ela levou o episódio na esportiva. “Muita gente está amando o que aconteceu e muita gente achando despropositado. E acho que é isso a fama: estar sujeito a todas as visões” disse ao g1.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 30 de outubro de 2025.