A Usina Cultural Energisa recebe, a partir da próxima sexta-feira (28), a exposição Cores Digitais, Formas & Resiliência, do artista multimídia paraibano, radicado nos Estados Unidos, Petrônio Bendito. Ao todo, serão expostas 55 obras, incluindo gravuras, fotografia, instalação, vídeo e site specific, produzidas entre os anos de 2008 e 2024, com curadoria de Dyógenes Chaves. A vernissagem ocorrerá na sexta, das 19h às 22h, e a exposição estará aberta à visitação até 27 de julho.
A produção de Petrônio Bendito traz em si a marca da catástrofe. Atento à pauta contemporânea dos desastres naturais e de um iminente colapso ambiental reservado à raça humana, Petrônio nos oferece uma seleção de obras que demonstram, igualmente, a capacidade de resiliência da humanidade diante dessas tragédias. Eventos como o furacão Katrina nos Estados Unidos (em 2005) e o tsunami do Japão (em 2011), além de terremotos e outros desastres, acabam por se diluírem nessas cores digitais com o cataclismo midiático da superabundância das imagens.
A esse respeito, Dyógenes Chaves explica que a exposição não se limita a realizar meras releituras de imagens trágicas ou apenas debater sobre questões ligadas ao meio ambiente. “Por outro lado, vivemos a era da imagem. E, para todo lado, virtualmente ou não, nos deparamos com imagens bombardeadas, minuto a minuto, em nossas telas minúsculas de smartphones e tablets. Assim também ocorre com as notícias massivamente ilustradas em tempo real sobre esses desastres”, destaca o curador.
Como professor e pesquisador na área das Artes Digitais, Petrônio trabalha em suas obras com criações em inteligência artificial. A professora aposentada da Universidade Federal da Paraíba, Terezinha Fialho, considera como inovadora a proposta do artista: “Bendito retira as cores dos desastres naturais, capturadas pelas fotografias, criando paletas originais. Outro aspecto a ser considerado são as obras realizadas com paletas de cores algorítmicas do artista, ou seja, paletas que se regeneram por meio de processos computacionais aplicados à expressão artística”.
Tonalidades globais
De acordo com Petrônio Bendito, a exposição parte de obras iniciadas por meio de um prêmio a ele concedido pela Comissão de Arte de Indiana, nos Estados Unidos. A convite da Usina Cultural Energisa, a mostra chega ao Brasil com duas obras novas de grande porte: “Cidadão global” e “O presente da solidariedade”, ambas com 4 m.
“Para esse trabalho, as obras que foram feitas anteriormente foram alteradas por processo generativo. Todas são obras únicas, não haverá cópias delas e isso é uma das grandes virtudes que a inteligência artificial oferece, que é a questão da mudança. Isso para um artista é bom, porque a gente pode fazer obras originais baseadas em obras anteriores”, ressalta Petrônio.
Para o artista, Cores Digitais, Formas & Resiliência é importante por levar ao público o diálogo e a conscientização para as discussões propostas. “A exposição para mim é um objeto de diálogo. Eu espero que a exposição instigue vários diálogos sobre a questão da globalização, dos desastres naturais, do poder de nos erguermos diante das dificuldades e também a questão da estética das novas mídias”, declara o artista.
Petrônio lembra ainda que haverá três palestras durante o período da exposição, em prol do diálogo com o público.
CORES DIGITAIS, FORMAS & RESILIÊNCIA
- De Petrônio Bendito
- Na Usina Energisa (Av. Juarez Távora, 243, Centro, João Pessoa – 3221-6343)
- Abre sexta-feira, às 19h, com visitação até 27 de julho, de terça a sábado, das 13h às 18h
- Entrada franca
*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 26 de junho de 2024.