Uma das obras mais conhecidas de José Américo de Almeida (1887-1980) ao lado de 'A Bagaceira', 'A Paraíba e seus problemas' completa 100 anos de sua publicação original em 2023. Para celebrar a importância do livro fundamental na bibliografia do seu patrono, a Fundação Casa de José Américo (FCJA) organizará um seminário, a ser realizado no dia 10 de dezembro – data de criação da instituição – com o lançamento de duas fortunas críticas e a divulgação de uma pesquisa sobre a obra, atualmente em andamento.
O primeiro trabalho está sendo realizado pelo professor José Octávio de Arruda Mello, membro do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP). As fortunas críticas referem-se à republicação de todas as críticas feitas ao livro, desde 1924, e uma compilação de textos inéditos. Já o segundo conta com a organização dos professores Cidoval Morais de Sousa, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e Jivago Correia Barbosa, do Instituto Federal da Paraíba (IFPB).
A pesquisa sobre A Paraíba e seus problemas é uma parceria entre a FCJA e a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq), através do projeto Preservação da Memória e Difusão Educativa e Cultural do Acervo da Fundação Casa de José Américo. Um dos cinco subprojetos dessa iniciativa é A Paraíba e Seus Problemas: Permanências e Transformações, coordenado pelo professor Jivago. “O objetivo é elaborar um material que reúna interpretações a respeito do livro e os impactos que ele causou na cena política nacional, instigando análises sobre permanências e transformações sociais, políticas e econômicas, tanto no âmbito estadual quanto no regional”, disse o coordenador.
Para isso, uma das principais fontes de pesquisa foi o acervo do Jornal A União, na Hemeroteca da FCJA. Também foram utilizados exemplares da revista Era Nova e do jornal Diário de Pernambuco. “Do jornal pernambucano, estudamos especialmente o exemplar que contém uma resenha crítica do escritor Gilberto Freyre sobre a obra de José Américo”, destacou Jivago Correia.
Realizada através de edital, a equipe interdisciplinar que se formou a partir da seleção de pesquisadores desenvolveu atividades como uma visita técnica aos arquivos da Associação Comercial da Paraíba, em busca de uma cópia do memorial elaborado pelo Comitê de Propaganda Areiense — no qual José Américo atuou como relator — e uma reunião com a professora Rosa Godoy, doutora em história pela Universidade de São Paulo (USP), para debates e ajustes no andamento do projeto.
“Os últimos meses do projeto serão dedicados à publicação do artigo apresentado no simpósio e na elaboração de um segundo trabalho, além da produção do relatório final da pesquisa”, disse Jivago, cuja equipe que ele coordena é formada pela mestra em ciência da informação Ana Andréa Vieira de Castro, o estudante de história Enzo Cabral Fernandes Vieira e a aluna de letras Thayná Fernandes Ferreira — todos vinculados à UFPB.
De relevância nacional, o livro de José Américo teve influência decisiva na origem de políticas públicas para o Nordeste brasileiro. Na ótica de Marcos Formiga, em sua análise A Paraíba e seus problemas: 100 anos e ainda irresolutos, a publicação também serviu de referência para a construção de obras como O Quinze (1930), de Rachel de Queiroz, Casa Grande e Senzala (1933), de Gilberto Freyre, Menino de Engenho (1933), de José Lins do Rego, e Geografia da Fome (1937), de Josué de Castro.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de setembro de 2023.