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Obra da Paraíba é semifinalista do Jabuti

publicado: 10/11/2023 09h13, última modificação: 10/11/2023 09h13
‘O que pesa no Norte’, de Tiago Germano, está entre os 10 romances na premiação da Câmara Brasileira do Livro
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Depois de ficar na seleção das 20 melhores obras em prosa no prestigiado Oceanos 2023, livro do escritor picuiense está no páreo na categoria Romance Literário do Jabuti; antes, na mesma premiação, em 2018, Germano já esteve entre os finalistas em - Foto: Fábio Cardoso/Divulgação

por Joel Cavalcanti*

Depois de chegar até a semifinal do Prêmio Oceanos, foi a vez do Prêmio Jabuti reservar um espaço de destaque à produção paraibana O que pesa no Norte, de Tiago Germano, em sua etapa semifinal. O título lançado no ano passado está entre os 10 melhores do país na categoria Romance Literário – o mais prestigiado –, e agora aguarda o anúncio dos cinco finalistas de cada categoria, que deve ser feito no dia 21 deste mês. A 65ª edição do Prêmio Jabuti recebeu 4.245 inscrições em 21 categorias divididas em quatro eixos (Literatura, Não Ficção, Produção Editorial e Inovação).

Colunista do Jornal A União, Tiago Germano disputa uma vaga na final com nomes de peso como Ruy Castro (Os perigos do imperador) e Sérgio Rodrigues (A vida futura). Nomes em ascensão no mercado a exemplo de Geovani Martins (Via Ápia), Ieda Magri (Um crime bárbaro) e Carlos Eduardo Pereira (Agora agora) figuram também na lista ao lado de Cristovão Tezza (Beatriz e o poeta), João Almino (Homem de papel), Patrícia Melo (Menos que um) e Lucas Lazzaretti (Saturno translada). O título vencedor será finalmente conhecido em cerimônia no Theatro Municipal de São Paulo, no dia 5 de dezembro.

Ainda se equilibrando entre as variações de notícias boas como a classificação para o Prêmio Jabuti e as desfavoráveis por não ter chegado à final do Oceanos, Tiago Germano guarda um gosto agridoce com todas essas expectativas criadas com O que pesa no Norte. “Perdão se eu não tenho uma resposta tão esfuziante para dar, mas estou processando ainda todas essas notícias em torno do livro desde o período de inscrição dele nessas premiações”, se antecipa a dizer. “Na verdade, o que eu sinto é um medo terrível. Um receio que o livro não vá para a final e se perca como aparentemente se perdem todos os livros que não figuram nessas premiações. Isso é a coisa mais injusta que acontece hoje nesse mercado”.

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Imagem: Editora Moinhos/Divulgação

O escritor e jornalista natural de Picuí (PB) já foi finalista do Prêmio Jabuti em 2018, com o livro Demônios Domésticos, na categoria Crônica. Esse foi um dos momentos que ele considera um dos mais felizes de sua carreira, ao lado da recente indicação ao Oceanos. Colecionando nomeações em prêmios por todo o país, o quarto livro de Tiago Germano também já havia sido finalista do Prêmio Nacional Cepe. “A gente se sente em um mercado tão difícil quanto é o literário meio como um animal de laboratório em que os petiscos só são dados depois de grandes choques, depois de grandes prejuízos”, compara Germano.

O que pesa no Norte foi lançado em 2022 pela Editora Moinhos, e é uma narrativa sobre os valores e os arbítrios da classe média brasileira, especialmente a do Nordeste. A história põe o dedo na ferida de práticas que perduram, que passam de geração a geração, projetando para o presente valores de um passado patriarcal. A obra se apresenta como um gênero de “detetive emocional”, desenvolvendo uma história sobre desaparecimento e tentativa de resgate ao núcleo familiar por parte de Guilherme (um pai preconceituoso e machista), de seu filho Ricardo, estudante de direito que decide partir da Paraíba em direção a São Paulo para se dedicar às artes cênicas.

Entre a surpresa e o choque, sobra ao escritor a urgência contínua de seu ofício. “A literatura é maior que a indicação a esses prêmios. Obviamente eu estaria muito triste se ele não estivesse entre os semifinalistas, como ficarei triste se ele eventualmente não chegar às finais. No fundo, me sinto perdido no mercado literário achando que fiz todo o trabalho de divulgação sozinho. Provavelmente eu teria uma resposta melhor para dar amanhã, mas vou comemorar isso escrevendo a crônica para o Jornal A União, porque é nisso que eu posso focar, é isso que faz um escritor. Não são essas premiações”, finaliza Tiago Germano.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 10 de novembro de 2023.