“Foi um quadrinho desafiador em termos gerais. A comédia, a sátira, a crítica social que permeiam a trama não são o tipo de coisa a que eu estou acostumado como desenhista”, declarou o quadrinista paraibano Mike Deodato Jr. no seu depoimento colhido em Nem Todo Robô (120 páginas, R$ 94,90), série que saiu nos EUA e neste ano ganha uma compilação nacional pela Editora Comix Zone.
A obra, escrita por Mark Russell (que já fez uma paródia mais “realista” dos Flinstones e colocou Jesus para ser o pupilo de um “Super-Homem” em O Retorno do Messias) recebeu duas indicações ao Prêmio Eisner, um dos mais importantes da indústria de comics (como quadrinhos são chamados nos EUA), considerado o “Oscar das HQs”. Nem Todo Robô concorre como Melhor Nova Série e Melhor Série de Humor.
A trama mostra um cenário futurista, onde as máquinas tomaram os empregos dos humanos e, por consequência, têm que adotar uma família para sustentar. Com o “estresse”, as pessoas ficam com medo de que os robôs se rebelem e cometam assassinatos, uma alusão que o roteirista faz com a masculinidade tóxica. “Fiquei impressionado com a maneira como, em poucas páginas, Mark Russell conseguiu não só introduzir todo o pano de fundo da série, mas também apresentou e deu caracterização intensa a todas as figuras que importavam. E ainda ficou natural e orgânico. É um dos roteiros mais inteligentes que eu já li – e isso não é pouca coisa, porque eu venho trabalhando com os melhores do mercado há 35 anos”, disse Deodato.
Neste ano, os vencedores do Eisner Awards vão ser anunciados no dia 22 de julho, durante a San Diego Comic-Con, convenção de entretenimento e cultura pop realizada anualmente na Califórnia.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 20 de maio de 2022