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No Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa, paraibano Rodolfo Athayde apresenta a coletânea ‘Xis’

Obra faz recorte da pandemia em fotos

publicado: 27/04/2022 09h03, última modificação: 27/04/2022 09h03
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Foto: Divulgação

por Guilherme Cabral*

Idealizado por causa da inquietação que sentia durante a pandemia da Covid-19, Xis é o título do livro – o terceiro do autor – que o fotógrafo, artista plástico e médico paraibano Rodolfo Athayde lança hoje, a partir das 20h, no Centro Cultural São Francisco, localizado na cidade de João Pessoa. Publicada pela Editora JB, com recursos próprios, a obra possui texto de apresentação assinado pela Maria Helena Mousinho Magalhães, tem 164 páginas e reúne 70 imagens coloridas de personagens das áreas social e cultural.

“Esse livro é mais um recorte, com o objetivo de registrar a história dessa pandemia e seu peso enorme, sendo a parte central do projeto a de provocar uma reflexão daqueles momentos vividos, quando se usavam máscaras e só se via o olhar, pois tem um componente existencial”, disse ele, acrescentando que, na ocasião, as fotografias da obra também vão estar sendo apreciadas por quem estiver presente no evento. “O projeto nasceu em meados de 2020 e foi concluído no ano seguinte e, no início, como ainda não tinha nome determinado, foi chamado de Xis. Só que essa denominação foi se impondo, com o passar do tempo, porque aquela é a palavra que, normalmente, se pede para que a pessoa diga na hora em que vai ser fotografada. Por isso, também tem um pouco de brincadeira. Só que, por causa da máscara, só se via os olhos e quem observar cada fotografia do livro é que vai fazer a leitura do sentimento que cada personagem retratado estava expressando, naquele momento do registro. Certamente, agora, algumas das pessoas retratadas vão se ver novamente no livro”.

No total, Rodolfo Athayde estimou que fez mais de 14 mil fotos para o projeto. “De cada pessoa registrei umas 200 imagens, o que pode ser feito mais rápido, por causa da praticidade do processo digital. Para a realização do projeto, eu agendei com as pessoas, combinando a hora, e 95% das fotos fiz em suas residências, em seus próprios ambientes. O enquadramento das fotos é variado, algumas foram feitas mais próximas, outras em close, por exemplo. O critério de seleção foi o de contatar pessoas nos ambientes social e cultural. Algumas das pessoas retratadas se conhecem, outras não. É como registrar o clima da tribo da nossa cidade”, explicou ele.

Por causa da situação da pandemia naquele momento, em meados de 2020, os ensaios fotográficos eram feitos rapidamente. “Por conta da necessidade de se manter o distanciamento causado pela Covid-19, eu saía de casa tomando todas as medidas de prevenção. E, durante as visitas, se percebia momentos de afeto no contato com os fotografados. E o adeus era sofrido, porque havia a vontade de continuar se vendo presencialmente”, relatou o fotógrafo, que ainda continua usando máscara.

Athayde observou que o que une o novo livro ao da sua primeira obra de fotografia, cujo título é Artistas Mascarados, lançada em 2003, é o lado humano. “Naquela ocasião, convidei artistas plásticos para um ensaio fotográfico onde cada um fazia sua própria máscara”, disse ele, que, em 2016, publicou outra obra do gênero, Parahybas, e pretende continuar incursionando pela fotografia, já que não pensa, ao menos por enquanto, em retornar à pintura. “Migrei com mais facilidade para a fotografia, por causa da portabilidade, onde meu maior desafio é trabalhar o significado, e não só o documento, buscando, assim, alcançar outros espaços e conceitos”, afirmou ele.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 27 de abril de 2022