Em terra seca nasce flor (Editora A União, 80 páginas, R$ 30) é o título do segundo livro de poesias que a escritora, advogada e pesquisadora potiguar Ezilda Melo lança hoje, a partir das 19h, na Livraria A União, no Espaço Cultural, em João Pessoa. A obra possui cerca de 50 poemas inéditos, focando em um tema atual, que é a violência contra a mulher. Durante o evento, o livro será apresentado pelo poeta Gilmar Leite.
“Sou advogada nas áreas criminal e de família e, para escrever as poesias, me baseei em alguns casos em que atuei, em outros de amigas e em pesquisas na mídia”, contou a autora. “Um dos poemas é sobre o canteiro de Ipês existente na Lagoa do Parque Sólon de Lucena, onde são plantadas árvores para simbolizar mulheres que morreram vítimas de feminicídio. Isso tem a ver com o título do livro, pois esse poema tem o ressignificado de não deixar que as memórias das mulheres não sejam esquecidas, que é o mínimo que a gente pode fazer”, disse Ezilda Melo.
Dividido em dois tomos, a primeira parte do livro é denominada Desertos e aridez da alma, na qual a autora sinaliza para diversas situações das quais as mulheres são vítimas, seja no aspecto moral, psicológico, patrimonial, sexual, físico e até casos mais extremos que culminam com a morte. “As poesias que compõem essa parte foram feitas a partir de histórias reais, tratam o tema com emoção e buscam gerar uma reflexão empática, de modo a promover uma sociedade em que o respeito entre os sexos seja tratado como prioridade. Mas a abordagem é mais poética, lúdica, para aliviar esses temas que são fortes”, explicou a autora.
Fertilidade do coração é o título da segunda parte da obra. “A poesia sai do aspecto ativista da secura da violência e floresce na ‘fertilidade do coração’, quando ocorre a ênfase à mulher sertaneja como elemento poético principal, seja através da memória de infância da menina do sítio, de homenagem às ancestrais matriarcas da região que chegaram fugidas da inquisição portuguesa, seja pelo destaque à flora e fauna do Seridó potiguar, profissões e comportamentos que compõem o imaginário de ser e pertencer ao grupo ‘Mulheres do Sertão’”, descreveu Ezilda Melo. Nessa segunda parte o que a escritora procura evidenciar é a vontade de propor um lugar dentro da narrativa dos grupos minoritários, com ênfase no aspecto geográfico e na ciranda de direitos humanos com foco na colonização da região, seja por judeus sefarditas, indígenas e negros foragidos do litoral.
“O livro é uma ode às mulheres, seja aquelas que sofrem amargas experiências de violências em suas vidas, sejam as valorosas mulheres sertanejas, fortes e resilientes, como a flor do Mandacaru”, resumiu a autora potiguar, mas que se considera “paraibana de coração”, pois está radicada no estado há 17 anos.
A obra ainda será lançada na próxima segunda (11), Dia Internacional dos Direitos Humanos, em Brasília (DF); nos dias 13 e 14 na UFF, em Niterói (RJ); dia 16, na Estação Net Rio, na capital do Rio de Janeiro. “Em janeiro, terei agenda em Maceió, Aracaju e Salvador e no Mês das Mulheres, em março, cidades do Sertão, Natal e eventos da área jurídica, tendo em vista a ligação temática com a proteção das mulheres”, disse Ezilda Melo.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 05 de dezembro de 2023.