Mostrar ao público, inclusive às novas gerações, uma parte do que foi e ainda tem sido produzido na área das letras, em âmbito estadual. Esse é o objetivo da escritora, professora e crítica literária Neide Medeiros Santos com o livro Literatura Paraibana em Cena (150 páginas, R$ 40), cujo lançamento, em sessão de autógrafos, se realiza hoje, a partir das 19h, na Livraria A União, instalada nas dependências do Espaço Cultural José Lins do Rego, na cidade de João Pessoa. Publicada pela Editora A União, a obra reúne pequenos ensaios sobre escritores paraibanos, ou radicados no estado e é ilustrada pelo artista visual Tônio. Na ocasião, o grupo Poética Evocare vai apresentar textos poéticos retirados do livro.
Neide Medeiros informou que a diretora-presidente da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, é quem fará a apresentação do livro, cuja parte do que for arrecadado com a venda será doada pela autora para obras sociais que a Fundação Casa de José Américo (FCJA) tem desenvolvido para contemplar crianças de comunidades carentes. A escritora, que também é representante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil na Paraíba, disse que todos os textos dessa nova obra, a 12ª de autoria solo, foram publicados em sua coluna Baú de Livros, que sai toda terça-feira, no caderno Cultura de A União, exceto o texto Para tocar tuas mãos: lirismo e afetividade, que foi divulgado no Correio das Artes, que é o suplemento literário publicado mensalmente por esse mesmo centenário jornal oficial. O prefácio da obra, denominado Razão de ser, é assinado pelo jornalista e escritor William Costa e, na contracapa, há textos do poeta e ensaísta Francisco Gil Messias e do escritor Ricardo Soares de Carvalho.
“O título do livro é inspirado nas obras da poetisa paraibana Violeta Formiga (1951-1982), que é patrona da cadeira nº 40, que ocupo na Academia Feminina de Letras e Artes da Paraíba. Foi uma escolha pessoal do nome, porque conheço e gosto do trabalho dela. Meu livro é aberto com duas epígrafes de Violeta Formiga. Uma diz: ‘A cena do poema / não é a mesma cena / de quem encena’, que está no livro Contra Cena, a outra epígrafe é: ‘Aqui estou de passagem / fazendo entre a vida / e a cena / uma curta-metragem’, tirada do segundo livro, Sensações, publicado postumamente”, explicou Neide Medeiros. “Conheci Violeta Formiga só através de poemas publicados no Correio das Artes, que levei para usar como atividade didática nas aulas de Teoria Literária que ministrava no Curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba e, depois, adquiri o livro dela, e a amiga Yó Limeira me deu o Contra Cena. Essa paixão pela obra de Violeta vem desde aquela época”, apontou a autora.
O livro Literatura Paraibana em Cena é dividido em três capítulos. “Na primeira parte é usada uma ilustração de Violeta Formiga feita por Tônio. Ao falar sobre Violeta, inclui texto a respeito da história de uma menina e um passarinho, que faz parte de um poema em prosa infantil dela e ainda pouco conhecido, mas que não aparece nos dois livros de sua autoria publicados. Quem me deu esse texto foi um colega de Violeta Formiga na Faculdade de Psicologia da UFPB, Luiz Fernandes, que também já morreu, que eu guardava há 10 anos e agora decidi publicá-lo. Nessa primeira parte, intitulada Autores e livros, falo sobre 22 autores, entre os quais Ariano Suassuna, onde lembro a antologia A Pensão de Dona Berta e Outras Histórias para Jovens, organizada por Carlos Newton Júnior para apresentar a obra do paraibano para as novas gerações; do contista Luiz Augusto Paiva, autor de textos que começam com epígrafes de músicas de Lupiscínio Rodrigues e recebem nomes de mulheres, caracterizado por gracejos; falo sobre a crônica A Rosa no Batente, de Aroaldo Maia, contendo coisas do cotidiano; e também inclui outros autores, como Hildeberto Barbosa Filho, Juca Pontes e Bruno Gaudêncio”, detalhou a escritora, que é potiguar, mas se considera “paraibana de coração”, por ter construído sua carreira literária no estado.
O segundo capítulo, com o título À sombra do Eu, a autora comentou que é inspirado no poeta Augusto dos Anjos, de quem Tônio produziu uma ilustração. “É uma alusão ao soneto Debaixo do Tamarindo, que eu mais gosto. Essa parte do livro possui textos de caráter mais intimista, onde também falo do meu amor aos livros, minhas experiências com os livros, personagens inesquecíveis e o meu contato com o cordel. No dia 15 de setembro do ano passado, ministrei uma aula na Escola Municipal Plácido de Almeida, em Cabedelo, usando o meu livro Era uma vez um menino chamado Augusto, só que não li a obra, mas utilizei as 10 ilustrações que Tônio fez para a obra para contar a história de Augusto dos Anjos”, disse Neide Medeiros.
Para o terceiro capítulo, Neide Medeiros intitulou de Duas homenagens, numa alusão ao proprietário e fundador do jornal Contraponto, João Manoel de Carvalho, já falecido, e ao jornalista e escritor William Costa. “No jornal de João Manoel de Carvalho, escrevi resenhas de livros infantis durante 10 anos, ou seja, de 2009 a 2019. Já de William Costa falo do seu livro de crônicas Para tocar tuas mãos, onde abordo algumas crônicas, como a que dá título ao livro e a denominada de Tratado das Borboletas. São crônicas muito poéticas e muito afetivas e essa parte é ilustrada por Tônio com uma borboleta como a da capa do livro, só que em tamanho maior”, disse a autora.
Medeiros ainda lembrou que esse novo livro já estava pronto e iria ser editado por Juca Pontes, que chegou a dar orientações de como seria a obra, mas ele morreu no último mês de abril.
*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 21 de setembro de 2023.