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Hoje, em Santa Luzia, no Sertão paraibano, músico e jornalista Adeildo Vieira lança livro sobre o renomado maestro Chiquito

Obra registra a vida do “metalúrgico dos sons”

publicado: 16/12/2022 09h42, última modificação: 29/12/2022 15h32
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Adeildo Vieira com o fruto da pesquisa que resultou na obra publicada pela Ed. A União - Foto: Foto: Edson Matos

por Guilherme Cabral*

 

O cantor, compositor e jornalista Adeildo Vieira lança hoje, a partir das 19h, o livro-reportagem Maestro Chiquito – O Metalúrgico dos Sons (192 páginas, R$ 30) durante o evento ‘Retreta para o maestro Chiquito’, que acontece na Praça Silvino Cabral, em Santa Luzia, município localizado no Sertão da Paraíba, reunindo diversas bandas e instrumentistas da região e é realizado com o intuito de homenagear o artista, cujo nome de batismo é Francisco Fernandes Filho e natural da cidade. A obra é publicada pela Editora A União, da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), e registra o nascimento até a carreira musical do regente, que é o fundador da Metalúrgica Filipeia. O autor também pretende programar o lançamento do livro em João Pessoa, no início do próximo ano, mas ainda sem data definida.

“Sempre achei o maestro Chiquito uma figura muito importante para a música da Paraíba, mas que ainda não tinha recebido o devido reconhecimento. Ele tem uma história muito boa de ser contada e esse livro não é uma biografia, mas um perfil em profundidade, ao contar a história do músico, o seu comportamento, as pessoas que com ele conviveram e as que ainda convivem, as influências que recebeu e tudo isso contribuiu para construir a figura que é o maestro Chiquito”, confessou Adeildo Vieira.

O maestro Chiquito confessou ser um orgulho muito grande o fato de ter sido perfilado por Adeildo Vieira. “Não é todo mundo que consegue isso e, portanto, agradeço a dois amigos do peito, o próprio Adeildo e ao professor Carmélio Reynaldo, que fez os comentários no livro e está ajudando na organização do evento em Santa Luzia”, disse o regente. O homenageado lembrou que a conversa sobre o livro-reportagem com Adeildo começou em sua casa, em João Pessoa, onde mora, e contou com as participações da família.

Adeildo disse que a obra é resultado da pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Jornalismo do Centro de Comunicação, Turismo e Artes (CCTA) da Universidade Federal da Paraíba, iniciado em 2015 e concluído em 2016, cujo orientador foi o professor, escritor, poeta e crítico literário Hildeberto Barbosa Filho, que também assina o texto de apresentação da publicação. No ano seguinte, o livro-reportagem foi lançado no formato digital pelo Laboratório de Jornalismo e Editoração da UFPB.

O autor acrescentou que o livro no formato impresso não traz o relatório acadêmico da construção do livro-reportagem, que equivale à parte três do e-book. “A Editora A União, da EPC, se interessou em publicar a obra por causa da importância do projeto e a qualidade do seu conteúdo, que reconhece e valoriza um artista paraibano. Um dos pontos principais do livro é trazer a figura do maestro Chiquito, que considero um excelente paradigma para as pessoas que nascem naquele lugar e, como ele, são pretas, pobres e nascem onde as grandes oportunidades não aparecem, mas que vivem ricas experiências culturais nessas condições. Chiquito veio de Santa Luzia para a capital, João Pessoa, e conseguiu escrever histórias gregárias, de ajuntamento e formação de músicos profissionais através de um equipamento que ele criou, que é a Metalúrgica Filipéia, de formato big band e por onde passaram dezenas de músicos, alguns hoje profissionais, outros professores, que estão por aqui e por aí a fora. Esse livro acaba sendo um exemplo para que outros sejam estimulados a, com ousadia, seguirem buscando seus caminhos”, disse o músico, que também apresenta na Rádio Tabajara (FM 105,5), de segunda a sexta-feira, sempre às 14h, o programa Tabajara em Revista.

“Adeildo Vieira foi para Santa Luzia entrevistar parentes e amigos meus, bem como observar a interação dos meus familiares e, também, a festa junina”, relembrou Chiquito. “Ele me viu tocando com outros músicos e em eventos, bem como com músicos quilombolas, que costumam tocar em locais como portas de lojas e até hoje procuro apoiar”, disse o músico que fundou a Metalúrgica Filipeia em 1984.

O destaque que o maestro Chiquito atribui na pesquisa de Adeildo Vieira que resultou no livro, é “o fato de ter conseguido me lembrar de algumas etapas da minha trajetória que tinha esquecido, como o de ter criado bandas de música e grupos de forró na cidade, os 10 anos que toquei em banda de música na cidade de Patos e ter feito arranjos para as big bands Jerimum Jazz, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e a Rubacão Jazz, da Universidade Federal da Paraíba. Foi muito interessante”, disse o maestro.

O evento de lançamento ‘Retreta para o Maestro Chiquito’ é uma realização da Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia (Secult) da Prefeitura de Santa Luzia, Café Cultura, CCTA da UFPB, EPC e Editora A União.

“Toda a Paraíba precisa conhecer a história do maestro Chiquito”

Para Adeildo Vieira, a produção do livro Maestro Chiquito – O Metalúrgico dos Sons tem um “bônus” acerca da sua leitura: além do leitor saber mais sobre a vida e obra de um dos grandes mestres da música nascido na Paraíba, haverá também um pedaço da história do seu local de origem: o município de Santa Luzia.

“A obra conta histórias do maestro Chiquito e contém falas de muitas pessoas que conviveram, ou ainda convivem, com ele. Isso também acaba levando as pessoas a quererem conhecer a cidade de Santa Luzia. O livro ainda tangencia a história cultural do maestro, sua relação com os amigos e as influências que recebeu na infância, entre as quais as dos circos que visitavam a cidade, sua participação em bandas de música e o seu apadrinhamento por parte do professor Ernane da Veiga, que contribuiu para a sua formação musical”, detalhou o músico e escritor. “A edição retrata o perfil do maestro desde o seu nascimento até 2016, quando concluí o trabalho. De lá para cá, eu não tinha bola de cristal”, brincou Adeildo Vieira, aos sorrisos.

O autor disse que, durante o período de produção da publicação, conversou com mais de 20 pessoas do convívio do artista, entre músicos, familiares e amigos. “Toda a Paraíba precisa conhecer a história do maestro Chiquito, que, apesar da formação acadêmica, incursionou pela música popular de forma extraordinária, com extrema competência como regente, arranjador, músico e compositor”, afirmou Adeildo Vieira, que pretende dar prioridade ao trabalho de lançamento e divulgação dessa que é sua primeira obra literária, a qual espera ir para livrarias, bibliotecas públicas e feiras, mas não descartou a hipótese de, futuramente, continuar escrevendo outros títulos.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa de 16 de dezembro de 2022.