Guilherme Cabral
'Cintilâncias' é o título do livro que o poeta, repentista, escritor e cantador pernambucano - que já possui título de cidadão paraibano - Oliveira de Panelas lança nessa sexta-feira (27), a partir das 19h, na Galeria Museu Arte Café, localizada no Bairro do Varadouro, no Centro Histórico da cidade de João Pessoa. “São 365 sonetos. É um ano de sonetos. Um para cada dia”, comentou o artista, ao antecipar para a reportagem o conteúdo da obra, que tem 392 páginas, custa R$ 30,00 e é publicado por A União Editora. A programação do evento - que é produzido pelo documentarista Hélio Costa - ainda inclui exposição do artista plástico Rodrigues Lima e show do cantador Roberto Cajá.
Oliveira de Panelas - que está radicado na Paraíba desde 1976 - lembrou que este é o segundo lançamento de 'Cintilâncias'. O primeiro aconteceu no último mês de dezembro, no Centro Cultural Ariano Suassuna, instalado na sede do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em João Pessoa. Ele informou que esse livro - o 18º de sua carreira literária - reúne temas diversos, a exemplo do amor, a maldade humana, misticismo, lirismo, apartheid, o professor e a mãe mulher. “São sonetos que podem ser cantados e é isso o que Roberto Cajá deverá fazer, na ocasião.
Ele já gravou um, que fala sobre o destino do homem em meio à imensidão do universo. "E eu mesmo pretendo selecionar alguns desses sonetos para gravar um ou dois CDs”, disse o poeta e repentista, que, a propósito, antecipou já estar com seu 19º título em preparação. Trata-se da obra 'Nós', que reúne várias poesias, já está na gráfica e cuja intenção, se for possível, é lançá-lo ainda até o final deste ano.
Trajetória
Pernambucano do município de Panelas, Oliveira Francisco de Melo - que incorporou ao nome artístico o da cidade onde nasceu - já fazia os seus primeiros versos aos 8 anos de idade. Pouco tempo depois, aos 12, estreou na cantoria se apresentando no Sítio Contador, localizado em sua cidade natal, incentivado por seus pais, Antônio Francisco de Melo Filho e Maria Virtuoza dos Santos. Aos 12 anos já tornou-se profissional, passando a viajar pelos estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, acompanhado por vários poetas-cantadores. Ao longo de sua carreira como repentista, Oliveira de Panelas sempre teve o cuidado de mostrar sua arte de forma didática, demonstrando os principais gêneros, a origem e a cantoria no Nordeste, além de manter a preocupação de valorizar o cordel como um símbolo de resistência aos costumes de quem nasceu e vive na região.
Dono de uma voz forte e afinada, Oliveira de Panelas é considerado um renovador da cantoria, pelos temas modernos abordados e pela técnica usada na lapidação dos seus versos. Em 1975, ele gravou seu primeiro disco na 'Coletânea de Repentistas', na série 'Brasil Caboclo', cantando em 24 gêneros do repente, bem como já participou de 298 congressos de cantoria do repente, dos quais obteve a classificação em 1º lugar em 185. E se apresentou para presidentes de países estrangeiros, a exemplo de Mário Soares (Portugal) e Fidel Castro (Cuba), para o papa João Paulo II e para o cantor e compositor Roberto Carlos.
O artista plástico Rodrigues Lima é paraibano, natural do Município de Itatuba e é formado em Educação Artística pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Ele atua profissionalmente desde 1994, tendo realizado exposições pelo Brasil e em Portugal, com premiações em salões e festivais. Suas telas apresentam um estilo realista mas que, às vezes, mergulha no surrealismo, representando um universo ancestral de frutos, árvores e nuvens de diferentes tonalidades. Já o cantor Roberto Cajá se inspira nas suas memórias da infância, retratando personagens - inclusive familiares, como a mãe, Maria (Zezé) e a avó, Sebastiana - e os recantos e costumes do seu lugar de origem.